PET Ciências Biológicas – UFV

Biologia em Foco

Viçosa, maio de 2008 * Nº54

    Vila Gianetti, 30*(31) 3899-2295*www.ufv.br/petbio*petbio@ufv.br

Prof. Lino Neto; Prof. Lucio Campos; Carla Oliveira;  Étori Aguiar; Felipe Prado; Fernanda Martinelli;  Francisco Castanon; Guilherme Carvalho; Jansen de Souza; Juliana Benevenuto; Lucas Dornelas; Lucas Lopes; Marcela Cristine; Marcelo Vaz; Tarcísio Duarte; Tatiana Rigamonte; Vitor Fernandes.

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Canário-da-terra: Beleza no canto e nas cores

 

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De acordo com Helmut Sick a América do Sul é o continente das aves. O número de espécies residentes neste ultrapassa a ordem de dois mil seiscentos e quarenta e cinco. Se considerarmos as visitantes, chegamos a cerca de duas mil novecentas e vinte espécies (Meyer de Schauensee 1970). Nenhuma outra região do planeta possui uma diversidade como essa, sendo que esse número corresponde a quase um terço das espécies atuais. Destaca-se também a beleza desse grupo, no   qual  a   variedade    de    formas    e    de   cores

 

Fonte: http://www.fazendavisconde.com.br/aves

chama a atenção. Uma  dentre  essas  muitas  espécies   é   o Canário-da-terra-verdadeiro, Sicalis flaveola, conhecida por sua vocalização e pela cor característica do macho: amarelo vivo e alaranjado na região do píleo anterior.

Pertencente a ordem dos Passeriformes, subordem Oscines e família Emberizidae, Sicalis flaveola é conhecido como “Canário da Horta” e “Canário da Telha” em Santa Catarina, “Canário do chão” na Bahia ou de uma maneira geral “Canário-da-terra”. Pode ser encontrados da região do Maranhão até o Rio Grande do Sul, abrangendo a região do Pantanal e também as ilhas de São Paulo e Rio de Janeiro. Reaparecem ao norte da Amazônia, das Guianas à Colômbia. Essa família é oriunda do Novo Mundo, são Panamericanos, distribuídos da Groenlândia à Terra do fogo. Existem evidências fósseis desses animais do Pleistoceno (há cem mil anos atrás) e do Plioceno (há dez milhões de anos atrás), encontrados na região da Flórida. Os Emberizidae são os únicos Passeriformes americanos que colonizaram o Velho Mundo, em escala reduzida.

As excepcionais qualidades canoras dessas espécies as tornam muito disputadas por brasileiros e todas as regiões do país. A vocalização pode variar de sons muito fortes, por exemplo, em espécies como o curió, bicudo, azulão e trinca-ferros, a sons mais suaves, como o do coleirinho. Quando um macho encontra com outro da mesma espécie, passa do seu costumeiro canto territorial para um mais diverso, demonstrando sua agressividade (“canto de briga”). O macho de Sicalis flaveola possui um canto de madrugada territorial, extenso, áspero, fraseado sendo bem diferente do canto diurno. Este empoleira e começa a vocalizar no escuro e continua durante todo o crepúsculo, sem a menor interrupção.

O Canário-da-terra costuma correr o solo atrás de sementes. Ao contrário de outras espécies pertencentes ao mesmo gênero, ele pode nidificar em buracos, inclusive ocupar ninhos de outras espécies. Ele é tão plástico nesse ponto, que consegue nidificar em uma caveira de boi ou em um vão de telha em alguma casa (por isso o nome “Canário da Telha”). Aceitam caixinhas de bambu perfuradas e até podem se instalar em densas plantas epífitas. Porém sempre fazem, no espaço disponível, uma cestinha confortável.

Infelizmente, por alguns machos possuírem uma índole muito agressiva, há quem os use como “canários de briga”, uma analogia aos conhecidos “galos de briga”. Os animais são colocados em uma gaiola especialmente grande. A briga pode durar cerca de meia hora. O final acontece quando um dos machos foge ou tomba ferido.

Sicalis flaveola é uma espécie muito conhecida e bastante estudada. Entender o comportamento desses canários e a sua inteligência peculiar, tem sido de grande importância para futuros estudos comportamentais em outros animais.

 

 

 

Lucas Souza Lopes

 

 

Referências:

 

- SICK, H. Ornitologia brasileira. 4a impressão, 2001.