PET Ciências Biológicas – UFV

Biologia em Foco

Viçosa, maio de 2008 * Nº54

    Vila Gianetti, 30*(31) 3899-2295*www.ufv.br/petbio*petbio@ufv.br

Prof. Lino Neto; Prof. Lucio Campos; Carla Oliveira;  Étori Aguiar; Felipe Prado; Fernanda Martinelli;  Francisco Castanon; Guilherme Carvalho; Jansen de Souza; Juliana Benevenuto; Lucas Dornelas; Lucas Lopes; Marcela Cristine; Marcelo Vaz; Tarcísio Duarte; Tatiana Rigamonte; Vitor Fernandes.

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Monitoramento por meio de organismos vivos. Essa é a base da bioindicação, que também pode ser chamada de biomonitoramento. Os organismos utilizados nos estudos podem ser os mais variados indivíduos.

Bioindicadores podem ser utilizados para vários fins, tais como monitoramento de poluição atmosférica, recursos hídricos, toxinas ou elementos químicos, avaliação de impacto ambiental, teste de novos produtos farmacêuticos, dentre muitas outras aplicações.

Fonte: http://www.icb.ufmg.br

Os estudos com esses indicadores podem ser baseados em informações bioquímicas, fisiológicas, histológicas, morfológicas ou comportamentais (em relação a indivíduos específicos) ou ainda em nível de população, comunidade ou ecossistema. A eficiência do monitoramento ocorre em razão dos organismos escolhidos como bioindicadores serem intimamente associados a características específicas do ambiente e serem influenciados por mudanças ambientais e antrópicas.

Devido a este fato, eles são utilizados como um "termômetro" para inferir sobre as condições atuais e futuras do meio ambiente, sem a necessidade de grandes investimentos, como ocorre em protocolos baseados puramente em análises físico-químicas. O uso destes organismos também é eficiente para o controle de áreas amplas e que precisam ser estudadas por longos períodos de tempo, além de serem muito sensíveis a elementos químicos, mesmo que em baixas concentrações. Pode-se perceber então, que os bioindicadores são uma alternativa excelente para diversos tipos de monitoramento. Sabendo disso, alguns países estão implantando redes de biomonitoramento. Um exemplo, é a EuroBionet, projeto pan-europeu que possui uma rede de municípios que serve para o monitoramento da poluição atmosférica da Europa desde 2000, utilizando vários tipos de plantas como bioindicadoras. Os resultados científicos do projeto são divulgados com o intuito de sensibilizar a população urbana, para futuramente aumentar a aceitação de medidas corretivas. Além desta, existem também redes parecidas no Japão e no estado norte-americano da Califórnia, ambas funcionando desde a segunda metade do século XX.

O Brasil não fica de fora. Está sendo considerada a possibilidade de instalação de uma rede de bioindicadores para poluentes atmosféricos no estado de São Paulo. Será um trabalho conjunto e coordenado entre universidades, municípios e o governo estadual.

Nosso país também possui muitos outros estudos na área. Ainda no estado de São Paulo, foi feito um estudo sobre a poluição orgânica das praias do litoral norte do Estado. Elaborado pelo Departamento de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o projeto visa uma comparação entre a freqüência e a abundância de poliquetas em áreas consideradas impactadas em função das condições de balneabilidade. Os resultados revelaram grande incidência de algumas espécies indicadoras, como Capitella capitata, Heteromastus filiformis, Laeonereis acuta e Scolelepis squamata em praias consideradas impróprias, constituindo assim uma forte correlação entre estes organismos e a balneabilidade das praias.

Em Minas Gerais, a UFMG, universidade federal deste estado, através de seu Laboratório de Ecologia de Bentos, está realizando um estudo sobre qualidade de mananciais que utiliza como organismos indicadores macroinvertebrados (larvas de insetos aquáticos, minhocas d’água, caramujos, vermes e crustáceos). Estes também têm sido amplamente utilizados em vários estudos semelhantes, por serem fáceis de serem coletados e sensíveis a diferentes concentrações de poluentes.

No estado do Espírito Santo, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) em convênio com a Fundação Universidade do Rio Grande tem feito desde 1987 um monitoramento de metais pesados na área marítima onde seu efluente industrial é lançado. O mexilhão Perna perna foi escolhido como monitor por ser um bioindicador conhecido e ter valor comercial para alimentação.

Há ainda muitos outros estudos igualmente interessantes, como por exemplo: briófitas utilizadas na Estação Ecológica do Tripuí em Ouro Preto (MG), artrópodes para avaliação de qualidade ambiental em áreas de restinga de Aracaju (SE) e liquens utilizados como indicadores de poluição atmosférica em Pernambuco. (vide referências)

Todos esses estudos e projetos tão variados demonstram a aplicabilidade, a versatilidade e a importância do uso de bioindicadores. Assim sendo, esses organismos podem ainda não ser tão conhecidos pelo público em geral, mas são grandes aliados em vários tipos de pesquisas com os mais variados focos. Dessa forma, a tendência é uma utilização cada vez maior desses bioindicadores, em razão dos resultados que vêm sendo alcançados nas pesquisas atuais.

       

 

 

 Felipe Vigato Prado

 

 

Referências:

 

- Aves como bioindicadores de qualidade ambiental. www.aracruz.com.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e no monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. br.monografias.com. Acessado em: 29/02/2008

 

- Bioindicadores de qualidade de água. www.icb.ufmg.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Experiência da Companhia Siderúrgica de Tubarão no Monitoramento de Metais Pesados através do uso de Mexilhões como Bioindicadores. www.furg.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Amaral, A. cecilia Z; Morgado, Eloisa H; Salvador, Lara B. Poliquetas bioindicadores de poluiçäo orgânica em praias paulistas. Rev. bras. biol;58(2):307-16, maio 1998. tab, mapas.

 

- Bioindicação em ecossistemas terrestres; Biomonitoramento: aspectos bioquímicos e morfológicos. www.herbario.com.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Qualidade da água e os bioindicadores. www.ambientebrasil.com.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Helena E.L. Palmieri, Hermínio A. Nalini Jr., Robson Cota de Oliveira, Maria Ângela de B. C. Menezes, João Batista dos S. Barbosa. Briófitas como bioindicadores de Hg, As, Sb e elementos terras raras na Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto, Minas Gerais. Anais da 29a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.

 

- Fernando O. Mota-Filho; Eugênia C. Pereira; Rita A. Silva; Lauro Xavier-Filho. Líquens: Bioindicadores ou Biomonitores. biomonitor.ist.utl.pt/biomonitor - Portal Biomonitor

 

- Carneiro, R. M. A. Bioindicadores vegetais de poluição atmosférica: uma contribuição para a saúde da comunidade. www.teses.usp.br. Acessado em: 29/02/2008

 

- Uso de artrópodos como bioindicadores do manejo dos agroecossistemas. www.ambienteemfoco.com.br.

 

- Bioindicadores de qualidade ambiental. www.ecologia.dbi.ufla.br.