PET Ciências Biológicas – UFV

Biologia em Foco

Viçosa, dezembro de 2007 * Nº53

    Vila Gianetti, 30*(31) 3899-2295*www.ufv.br/petbio*petbio@ufv.br

Prof. Lino Neto; Prof. Lucio Campos; Carla Oliveira; Christiane Duarte; Étori Aguiar; Evelyze Pinheiro; Felipe Prado; Fernanda Martinelli;  Francisco Castanon; Guilherme Carvalho; Juliana Benevenuto; Lucas Dornelas; Lucas Lopes; Marcela Cristine; Marcelo Vaz; Tatiana Rigamonte; Vitor Fernandes.

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Thalassarche melanophrys, ou albatroz-de-sobrancelha-negra, é uma ave que chama a atenção logo no primeiro olhar, devido à faixa ocular escura que dá origem ao seu nome. Com envergadura de 210 a 250 cm, essa é uma ave marinha encontrada nos oceanos do Hemisfério Sul, incluindo porções que banham América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Antártica e África do Sul. Ele é tido como o albatroz mais comum na costa brasileira, local onde costuma buscar por comida. É inclusive considerado animal da fauna nacional, embora não chegue a pousar em terra.

Atualmente existem, aproximadamente, 530 mil casais   em   todo   o    mundo    se    reproduzindo    (BirdLife

 

Fonte: http://www.flickr.com

International - 2004). O principal ponto de  reprodução  são as Ilhas Malvinas ou Falklands (possessão britânica no Atlântico, ao largo da costa da Argentina), onde se concentram 60% da população reprodutiva, local no qual o albatroz-de-sobrancelha-negra é também conhecido como mollymawk. Um outro importante local de reprodução é a Geórgia do Sul, com 20% da população reprodutiva.

Os albatrozes estão prontos para reproduzir aos sete anos de idade, sendo o período de reprodução entre os meses de setembro e outubro. Eles são tidos como animais monogâmicos, havendo o reencontro do macho com a fêmea somente durante essa época. Um único ovo é produzido a cada ano, o qual é incubado por 65 a 72 dias por ambos os pais em um ninho, em forma de tigela, construído com barro e restos de capim tussock, o qual é reaproveitado no ano seguinte. Por volta dos meses de abril e maio, os pais e o filhote já independente deixam os locais de procriação, seguindo viagens oceânicas rumo ao norte (as aves que se reproduzem nas Malvinas passam o inverno nas águas da plataforma continental da América do Sul). O tempo médio de vida dessas aves é de 30 anos.

Esses albatrozes se alimentam de peixes, crustáceos e lulas. Infelizmente, é comum a ocorrência de captura acidental dessas aves por barcos que realizam pescaria com redes de arrasto ou com espinhel (longa linha cheia de anzóis). Quando a linha é lançada contendo lula como isca, o albatroz que se lança no mar para pegá-la pode acabar preso no anzol, ou mesmo quando se lança no mar para capturar algum peixe. No Brasil, estima-se que 1.600 albatrozes-de-sobrancelha-negra morram a cada ano por essa causa e isso tem gerado um grande impacto sobre a população desses animais. Desde 2003, T. melanophrys é uma espécie considerada em perigo de extinção pela lista vermelha confeccionada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Uma das alternativas capaz de reduzir significativamente a mortalidade dos albatrozes é colocar nos barcos um “espantador de aves”, linha que assusta as aves e as mantém afastadas do barco. Outra alternativa possível é tingir as iscas de azul, o que dificulta a visualização das mesmas na água pelos albatrozes.

Existem ao redor do mundo diferentes organizações que trabalham em prol da conservação dos albatrozes e uma delas, existente no Brasil, é o Projeto Albatroz. Fundado em 1991, esse projeto levanta dados a respeito do número de albatrozes mortos acidentalmente na costa brasileira, procura encontrar soluções para essa mortalidade e realiza atividades educativas.

Dessa maneira, medidas têm sido tomadas e incentivadas a fim de que haja um aumento do conhecimento e proteção dessas belas aves.

 

 

 Carla Braga de Oliveira

 

 

Referências:

 

- www.savethealbatross.net. Acessado em 25/11/07.

 

- www.falklandsconservation.com. Acessado em 25/11/07.

 

- BirdLife International (2005) Species factsheet: Thalassarche melanophrys. Baixado de http://www.birdlife.org em 25/11/07.

 

- IUCN 2007. 2007 IUCN Red List of Threatened Species. www.iucnredlist.org. Acessado em 25/11/07.

 

- Vooren, C.M. & Brusque, L.F. “Aves do ambiente costeiro do Brasil: biodiversidade e conservação”, Fundação Universidade Federal de Rio Grande, agosto de 1999.

 

- Luciano Candisani. “Vôo do exílio”, revista National Geographic, ed. 85, 01/04/07.