Depressão Endogâmica e Erosão Genética de Cultivares Locais de Milho

Fernanda Fátima Caniato, Glauco Vieira Miranda

A maioria dos produtores de milho da região de Viçosa reaproveitam sementes de cultivares híbridos. Este fato apresenta a desvantagem de reduzir ainda mais as baixas produtividades obtidas na região (2.500 kg.ha-1) e causar erosão genética pela substituição dos cultivares locais pelos modernos. Os cultivares locais de milho apresentam a vantagem de cruzarem com os híbridos comerciais produzindo novas populações. O objetivo deste trabalho foi quantificar perdas na produtividade devido ao reaproveitamento de sementes oriundas de híbridos comerciais, verificar a existência de novas variedades locais e comparar o comportamento produtivo de variedades crioulas, locais e comerciais. Foram identificados produtores de milho que reaproveitam sementes para plantio, aplicado um questionário e coletado sementes. Foram obtidas 12 variedades de paiol, 8 híbridos comerciais e suas autofecundações e 8 variedades crioula. O experimento no Campo experimental Prof. Diogo Alves de Melo, pertencente à UFV em dezembro de 2000. O delineamento experimental utilizado foi o látice 6X6 com 2 repetições. Cada parcela foi constituída por duas linhas de 4 metros espaçadas de 1 m. Após o desbaste ficaram 5 plantas/m e população estimada de 50000 plantas.ha-1. Os tratamentos utilizados foram: Populações locais B1,B2, B3, B4, B5, B6, B7, B8, B9, B10, B11 e B12, Híbridos comerciais e suas autofecundações: AG 122, AG 405, Cx 533, AL 25, BRS 3060, AG 1051, BR 201 e BR 205, Variedades Crioulas: Sabugo Fino, Asteca, Cravo, Pedra Dourada, Caiano Alegre, Maya Antigo, Maya e Dente de Burro. Os tratos culturais foram adubação de plantio com 500 kg.ha-1 de 4-14-8, capina, adubações de cobertura com sulfato de amônia com 50kg.ha-1 de N, divididas em duas aplicações. Foram realizadas análises de variância utilizando o programa SAS e o teste de t a 5%. Foram identificados três grupos produtivos: no mais produtivo destacaram os híbridos comerciais AG 122, BR 201, AG 1051 e a variedade local B11, ideais para nível tecnológico mais elevado. O segundo grupo mais produtivo, ideal para nível tecnológico médio, destacaram-se as variedades locais B 3 e B 2, neste grupo concentram-se 8 das 12 variedades locais usadas; no terceiro grupo produtivo, estão os cultivares recomendados para nível tecnológico mais baixo, se destacando as variedades crioulas Caiano e Asteca com as maiores produtividades, encontram-se neste grupo os híbridos comerciais autofecundados. As reduções da produção de grãos dos híbridos comerciais foram para o AG 122, 81,23%, AG 1051, 62,90%, BRS 3060, 41,84%, BR 201, 29,74%, AG 405 17,21% e AL 25, 14,51%. Não se observou reduções na produção para o CX 533 e BR 205. Concluiu-se que a perda de vigor para a produção de grãos varia de acordo com o híbrido; identificou-se duas populações locais com potencial produtivo semelhante aos cultivares superiores e com potencial como genitores em programas de melhoramento e foram identificados cultivares para diversos níveis tecnológicos com possibilidade de reduzir o risco de erosão genética.