POPULAÇÃO DA CIGARRINHA Dalbulus maidis  EM 42 CULTIVARES DE MILHO NA “SAFRINHA”.

Eny do Carmo Silva[1] ;  Glauco Vieira Miranda2 ; Ricardo Gonçalves Silva1; João Carlos Cardoso Galvão2; Marcelo Coutinho Picanço3 ; Geraldo Antônio Andrade de Araújo2  

A introdução da cultura do milho “safrinha” em quase todo país tem alcançado aumento expressivo em produtividade nos últimos anos. O plantio milho extemporâneo em janeiro-março tem sido denominado de milho “safrinha”. No entanto, é necessário conhecer melhor o comportamento dos diferentes cultivares de milho neste sistema de plantio e o manejo cultural a ser utilizado principalmente no que se refere à ocorrência de pragas e moléstias. As doenças cujos patógenos são transmitidos pela cigarrinha Dalbulus maidis (Homoptera:cicadellidae) formam o  complexo de enfezamento do milho que é causado pela presença, no floema das plantas, de fitoplasma e espiroplasma e  por vírus que podem infectar a planta ao mesmo tempo. Com isto os sintomas são confusos dificultando a diagnose precisa.  O objetivo deste estudo foi avaliar a população de cigarrinha Dalbulus maidis em cultivares de milho do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 2 do CNMS- EMBRAPA. O experimento foi instalado na Estação Experimental  de Coimbra UFV- MG .O milho foi semeado em 15/03/98 no delineamento experimental – látice 6x7 com  42 cultivares. As parcelas possuíam 2 fileiras de 5 metros aproveitados integralmente com um espaçamento de 0,90 metros entre si, com estante final  de 45.000 plantas/ha . A população de cigarrinha adulta foi avaliada aos 25 e 40 dias após a emergência ( DAE ) em 10 plantas/parcela. A média da incidência de Dalbulus maidis  nas duas épocas de avaliação foram de 7,32 e 6,17 aos 25 e 40 DAE ,respectivamente ( Tabela 1). Os cultivares menos atacados aos 25 DAE foram  apresentaram AGX  2610 , C 127 e AS 3466 enquanto aos 40 DAE os cultivares que mais se destacaram foram AL CG/4 e MASTER .Os cultivares que apresentaram a menor infestação média de cigarrinha independente da época de avaliação foram : AL CG/4, AGX 2610 e OC 3351 com 3,33 ; 4,17 e 4,33 cigarrinhas/parcela. Por outro lado aqueles mais atacados pelo referido inseto foram: R&G 03 E ; C 333 e AGX 5672 com 9,50 ; 9,50 e 11,00 cigarrinhas por parcela. Os resultados mostram que existem  picos diferenciados de infestação da cigarrinha aos 25 e 40 DAE do milho.

 Palavras chaves: Dalbulus maidis, safrinha,, milho.

  

INTRODUÇÃO

         A introdução da cultura do milho “safrinha” em quase todo país tem alcançado aumento expressivo em produtividade nos últimos anos. O plantio milho extemporâneo em janeiro-março tem sido denominado de milho “safrinha”.
   
     A safrinha de milho apresenta as vantagens de adicionar mais uma renda ao produtor e estabilizar o preço do milho dentro do ano agrícola, uma vez que a partir de agosto o preço volta a subir (Nicoletti, 1997).     A área de milho safrinha é de 1,4 milhão de hectares, apresentando-se um processo de estabilização da área de milho nestas condições (Garcia, 1997). A produção apresenta-se por volta de 3,3 milhões de toneladas, representado 12% do milho produzido no Brasil. O rendimento médio está situado por volta de 2.100 kg/ha. No entanto, nos principais estados produtores (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás), um terço da área plantada com milho foi na safrinha, representando 22% da produção.
   
     A produção nos principais estados produtores do milho safrinha corresponde a 63% da produtividade média na época normal.
        No entanto, é necessário conhecer melhor o comportamento dos diferentes cultivares de milho neste sistema de plantio e o manejo cultural a ser utilizado principalmente no que se refere à ocorrência de pragas e moléstias. As doenças cujos patógenos são transmitidos pela cigarrinha Dalbulus maidis (Homoptera:cicadellidae) formam o  complexo de enfezamento do milho que é causado pela presença, no floema das plantas, de fitoplasma e espiroplasma e  por vírus que podem infectar a planta ao mesmo tempo. Com isto os sintomas são confusos dificultando a diagnose precisa.  
   
     De acordo com Waquil et al. (1997), a incidência de doenças causadas na cultura do milho por patógenos transmitidos por insetos tem aumentado e preocupado os produtores. Diante disso, os  pesquisadores têm-se esforçado em obter dados quantitativos sobre o impacto destas doenças na produção de milho.
        A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, ocorre em  maiores populações no final do verão e no outono, em milho plantado tardiamente ou safrinha (Waquil e Fernandes 1992). As ninfas e os adultos extraem seivas das folhas e são vetores de Espiroplasmas e  Fitoplasmas causadores do Enfezamento Pálido e Vermelho, respectivamente, além do Vírus do mosaíco-de-estrias finas e do nanismo arbustivo do milho (Alivizator e Markham 1986, Nault et al. 1983, Ortega 1986, Silva et al. 1993 citados por Gassen, 1996). 
        Waquil et al. (1997) realizaram levantamentos semanais da incidência da cigarrinha-do-milho em Sete Lagoas durante oito anos. Constataram que a densidade populacional durante o ano foi, em média, um adulto por planta, exceto na época da safrinha do milho (março e abril) que ultrapassou dez adultos por planta. Além disso, verificaram que a espécie predominante foi Dalbulus maidis e que os 42 híbridos avaliados comportaram-se de forma diferenciada em relação à densidade de adultos e ovos depositados.
        Dudeiras et al. (1997) observaram que, na safrinha de 1996, em São Paulo, as doenças transmitidas por insetos causaram maiores danos no milho.
        Objetivou-se avaliar a incidência da cigarrinha Dalbulus maidis em 42 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 2 EMBRAPA-CNPSM.

MATERIAL E MÉTODOS

         Foi instalado um ensaio de milho comum composto de 42 materiais oriundos do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 2 pertencente a EMBRAPA – CNPMS. Esses materiais são procedentes das Empresas públicas e privadas que participam da rede de ensaios de milho de acordo com a Tabela 1.
        O ensaio foi instalado na Estação Experimental de Coimbra, MG, em 12/03/96. 
        O delineamento experimental utilizado foi o látice 6 x 7 com três repetições. A parcela, aproveitada integralmente, foi constituída de duas fileiras de cinco metros espaçadas de 0,9 metros. A população de plantas utilizada foi de 45.000 por hectare.
        Os tratos culturais como o controle de plantas daninhas, adubação de cobertura, irrigação, entre outros, foram realizados de acordo com o sistema de produção recomendado para a Zona da Mata de Minas Gerais.
        A incidência das cigarrinhas (Dalbulus maidis) foi realizada através da contagem de adultos em dez planta/parcela. Foram realizadas duas avaliações,  a primeira aos 25 dias após a emergência (DAE) e a segunda aos 40 DAE.
        A análise de variância foi realizada com os dados transformados para raiz quadrada, considerando o delineamento em blocos casualizados devido a ineficiência do látice. O esquema experimental foi de parcelas sub-divididas sendo as parcelas épocas de avaliação da incidência da cigarrinha e as sub-parcelas cultivares de milho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO


   
      A análise de variância do número de cigarrinhas indicou somente efeito significativo das épocas de avaliação e ausência de significância para os cultivares avaliados e para a interação épocas x cultivares (P>0,05). A não-significância  da interação indica que os cultivares comportaram-se de forma semelhante independente da época de avaliação da infestação da cigarrinha.
   
     A média geral do experimento na primeira e segunda avaliação foi de 7,32 e 6,17 cigarrinhas/ parcela, respectivamente, indicando a existência de picos diferenciados de infestação durante o ciclo da cultura. 
        As avaliações apresentaram valores médios de cigarrinhas/ parcelas abaixo dos encontrados por Waquil et al. (1997), 10 adultos/ planta. A primeira época de avaliação, por possuir a maior média geral de infestação, seria a indicada para avaliar a incidência das cigarrinhas.
        Apesar da diferença entre as duas épocas de avaliação, os cultivares apresentaram-se de forma semelhante pela análise estatística não sendo possível sugerir qual das duas épocas seria a mais indicada para discriminar os cultivares. 
        Os cultivares menos atacados aos 25 DAE foram  apresentaram AGX  2610, C 127 e AS 3466 enquanto aos 40 DAE os cultivares que mais se destacaram foram AL CG/4 e MASTER .Os cultivares que apresentaram a menor infestação média de cigarrinha independente da época de avaliação foram : AL CG/4, AGX 2610 e OC 3351 com 3,33 ; 4,17 e 4,33 cigarrinhas/parcela. Por outro lado aqueles mais atacados pelo referido inseto foram: R&G 03 E ; C 333 e AGX 5672 com 9,50 ; 9,50 e 11,00 cigarrinhas por parcela. Os resultados mostram que existem  picos diferenciados de infestação da cigarrinha aos 25 e 40 DAE do milho.

CONCLUSÕES

 

 -Existem picos diferenciados de infestação da cigarrinha aos 25 e 40 DAE do milho.

 -A primeira época apresentou-se como a melhor época de fazer a avaliação.

 

 BIBLIOGRAFIA

 DUARTE, A.P. Infestação de pulgões e incidência de sintomas semelhantes ao complexo mosaico/enfezamento em cultivares de milho “safrinha”. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.117-120.

 GARCIA, J.C. Evolução da área e produtividade do milho “safrinha” por Estado. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.11-14.

 OLIVEIRA, E., WAQUIL, J.M., PINTO, F.J.A. Doenças causadas por patógenos transmitidos por insetos: complexo enfezamento/mosaico. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p. 87-94.

 WAQUIL, J.M., OLIVEIRA, E., PINTO, N.F.J.A. Incidência de cigarrinha, enfezamento e viroses em milho. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p. 101

 DUDIENAS, C. et al. Severidade de doenças no milho “safrinha” no Estado de São Paulo em 1996. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.107-116.

   Tabela 1- Número médio de cigarrinhas Dalbus maidis adultas em dez plantas de 42 cultivares de milho avaliadas em duas épocas.

 

Tratamento

25 DAE

40 DAE

Média Geral

AL CG/4

4,67 a

2,00 a

3,33

AGX 2610

3,67 a

4,67 b

4,17

OC 3351

6,00 a

2,67 b

4,33

MASTER

8,00 a

1,33 b

4,67

OC 3121

7,00 a

2,67 b

4,83

EXCELER

7,00 a

3,00 b

5,00

C 127

4,00 a

6,00 b

5,00

AVANT

7,67 a

2,67 b

5,17

AS 3466

4,33 a

6,00 b

5,17

AL 25/XIV

5,33 a

6,00 b

5,67

AL 34/XV

5,67 a

5,67 b

5,67

AGRISAN 972 V

6,00 a

5,67 b

5,83

AS 523

4,33 a

7,33 b

5,83

AS 3477

8,33 a

4,67 b

6,50

AGX 5790

8,67 a

3,33 b 

6050

SHS 40410

5,67 a

7,67 b

6,67

P 3021

5,00 a

8,33 b

6067

CATI AL 30/VII

6,67 a

6,67 b

6,67

AGX 2790

5,00 a

8,67 b

6,83

AGRISAN 952

7,33 a

6,33 b

6,83

BR HD 975476

7,67 a

6,00 b

6,83

C447

7,33 a

6,33 b

6,33

EMBRAPA HT 47

7,00 a

7,00 b

7,00

ZENECA 84 E 36

9,00 a

5,00 b

7,00

C 435 

5,67 a

8,33 b

7,00

BR HD 975449

7,33 a

6,67 b

7,00

AGRISAN 974 V

10,33 a

3,67 b

7,00

SHS 5060

7,00 a 

7,00 b

7,00

AGX 1043

8,67 a

5,67 b

7,17

ZENECA 84 E 86

9,00 a

5,67 b

7,33

C 141

8,33 a

6,67 b

7,50

OC 720

9,67 a

5,33 b

7,50

C 333 B

10,33 a

4,67 b

7,50

P 30 F 80

11,67 a

3,67 b

7,67

OC 705

8,33 a

7,67 b

8,00

G – 186 C

10,00 a

6,33 b

8,17

G 176 C

6,00 a

10,33 b

8,17

ZENECA 8501

10,00 a

7,33 b

8,67

EMBRAPA HT 16 C

6,33 a

12,00 b

9,17

R & G 03 E

7,00 a

12,00 b

9,50

C 333

11,67 a

7,33 b

9,50

AGX 5672

8,67 a

13,33 b

11,00

Média

7,32 a

6,17 b

 

As médias seguidas, na coluna, por letras diferentes indicam diferença estatística pelo teste de F a 5% de probabilidade.

[1] 1- Bolsista de Iniciação Científica, 2- Prof. Departamento de Fitotecnia ; 3- Prof. Departamento de Biologia Animal – Universidade Federal de Viçosa- CEP 36571-000- Viçosa –MG.