INCIDÊNCIA DE Dalbulus maidis, AVALIADA EM DUAS ÉPOCAS, NO ENSAIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA 1 EM VIÇOSA-MG.

 Ricardo Gonçalves Silva[1], Glauco Vieira Miranda2, João Carlos Cardoso Galvão2, Renato Magalhães Fernandes1, Marcelo Coutinho Picanço3 e Geraldo Antônio Andrade de Araújo2   

 RESUMO

 A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, ocorre em  maiores populações no final do verão e no outono, em milho plantado tardiamente ou safrinha. As ninfas e os adultos extraem seivas das folhas e são vetores de espiroplasmas e fitoplasmas causadores do enfezamento pálido e vermelho, respectivamente, além do vírus do mosaíco-de-estrias finas e do nanismo arbustivo do milho. Objetivou-se avaliar a incidência da cigarrinha Dalbulus maidis em 42 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 1 EMBRAPA-CNPSM. O bioensaio foi realizado na Estação Experimental da Universidade Federal de Viçosa, em Coimbra MG. Foram utilizados 42 cultivares de milho em delineamento experimental látice 6 x 7 com três repetições. A parcela experimental foi constituída de duas fileiras de cinco metros aproveitada integralmente com espaçamento entre fileiras de 0,9 metros e o estande final 50.000 plantas/ha. O levantamento da incidência de Dalbulus maidis foi realizada através da contagem de adultos em dez plantas / parcela. Foram realizadas duas avaliações sendo a primeira aos 25 dias após a emergência (DAE) do milho e a segunda aos 40 DAE. Os resultados foram submetidos ao teste F a 5%de probabilidade onde verificou-se que não houve diferença significativa entre os cultivares com relação a incidência de cigarrinha em  ambas as épocas de avaliação. A média geral do experimento na primeira e segunda avaliação foi de  8,95 e 2,67 cigarrinha/parcela respectivamente, indicando a existência de picos diferenciados de infestação durante o ciclo da cultura. As médias dos cultivares em cada época de avaliação encontra-se na Tabela 1. Os cultivares HATÃ 3012, SHS 4050, AG 9010 apresentaram maior incidência de cigarrinha aos 25 DAE sendo as médias 16,72, 15,63 e 13,79 cigarrinhas/parcela respectivamente. Já aos 40 DAE os cultivares que apresentaram maior incidência foram: AGX 6742, C 806 e AGX 9552 sendo as médias 8,33, 8,00 e 5,33 cigarrinhas/parcela ,respectivamente. 

Palavras chaves: milho, safrinha, Dalbulus maidis

 INTRODUÇÃO

        De acordo com Waquil et al. (1997), a incidência de doenças causadas na cultura do milho por patógenos transmitidos por insetos tem aumentado e preocupado os produtores. Diante disso, os  pesquisadores têm-se esforçado em obter dados quantitativos sobre o impacto destas doenças na produção de milho.

        A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, ocorre em  maiores populações no final do verão e no outono, em milho plantado tardiamente ou safrinha (Waquil e Fernandes 1992). As ninfas e os adultos extraem seivas das folhas e são vetores de Espiroplasmas e  Fitoplasmas causadores do Enfezamento Pálido e Vermelho, respectivamente, além do Vírus do mosaíco-de-estrias finas e do nanismo arbustivo do milho (Alivizator e Markham 1986, Nault et al. 1983, Ortega 1986, Silva et al. 1993 citados por Gassen, 1996). 

        Waquil et al. (1997) realizaram levantamentos semanais da incidência da cigarrinha-do-milho em Sete Lagoas durante oito anos. Constataram que a densidade populacional durante o ano foi, em média, um adulto por planta, exceto na época da safrinha do milho (março e abril) que ultrapassou dez adultos por planta. Além disso, verificaram que a espécie predominante foi Dalbulus maidis e que os 42 híbridos avaliados comportaram-se de forma diferenciada em relação à densidade de adultos e ovos depositados. Dudeinas et al. (1997) observaram que, na safrinha de 1996, em São Paulo, as doenças transmitidas por insetos causaram maiores danos no milho.

Objetivou-se avaliar a incidência da cigarrinha Dalbulus maidis em 42 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 1 EMBRAPA-CNPSM.

 MATERIAL E MÉTODOS

 Foi instalado um ensaio de milho comum composto de 42 materiais oriundos do Ensaio Nacional de Milho Safrinha 1 pertencente a EMBRAPA – CNPMS. Esses materiais são procedentes das Empresas públicas e privadas que participam da rede de ensaios de milho de acordo com a Tabela 1.

    O ensaio foi instalado na Estação Experimental de Coimbra, MG, em 12/03/96. 

O delineamento experimental utilizado foi o látice 6 x 7 com três repetições. A parcela, aproveitada integralmente, foi constituída de duas fileiras de cinco metros espaçadas de 0,9 metros. A população de plantas utilizada foi de 50.000 por hectare.   

Os tratos culturais como o controle de plantas daninhas, adubação de cobertura, irrigação, entre outros, foram realizados de acordo com o sistema de produção recomendado para a Zona da Mata de Minas Gerais.

    A incidência das cigarrinhas (Dalbulus maidis) foi realizada através da contagem de adultos em dez planta/parcela. Foram realizadas duas avaliações,  a primeira aos 25 dias após a emergência (DAE) e a segunda aos 40 DAE.

    A análise de variância foi realizada com os dados transformados para raiz quadrada, considerando o delineamento em blocos casualizados devido a ineficiência do látice. O esquema experimental foi de parcelas sub-divididas sendo as parcelas épocas de avaliação da incidência da cigarrinha e as sub-parcelas cultivares de milho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 A análise de variância do número de cigarrinhas indicou somente efeito significativo das épocas de avaliação e ausência de significância para os cultivares avaliados e para a interação épocas x cultivares (P>0,05). A não-significância  da interação indica que os cultivares comportaram-se de forma semelhante independente da época de avaliação da infestação da cigarrinha.

A média geral do experimento na primeira e segunda avaliação foi de 8,95 e 2,67 cigarrinhas/ parcela, respectivamente, indicando a existência de picos diferenciados de infestação durante o ciclo da cultura. 

A primeira avaliação aos 25 DAE apresentou valores médios de cigarrinhas/ parcelas próximos aos encontrados por Waquil et al. (1997), 10 adultos/ planta. A primeira época de avaliação, por possuir a maior média geral de infestação, seria a indicada para avaliar a incidência das cigarrinhas

Apesar da diferença entre as duas épocas de avaliação, os cultivares apresentaram-se de forma semelhante pela análise estatística não sendo possível sugerir qual das duas épocas seria a mais indicada para discriminar os cultivares.

 As médias dos cultivares em cada época de avaliação encontra-se na Tabela 1. Os cultivares HATÃ 3012, SHS 4050 e AG 9010 apresentaram maior incidência de cigarrinhas aos 25 DAE, sendo as médias 16,72, 15,63 e 13,79 cigarrinhas/parcela respectivamente. Aos 40 DAE, os cultivares que apresentaram maior incidência foram AGX 6742, C 806 e AGX 9522 com médias de 8,33, 8,00 e 5,33 cigarrinhas/parcela, respectivamente.

O cultivar P3041 que apresentou o menor número médio de cigarrinhas nas duas épocas de avaliação foi considerado por Waquil et al. (1997) como sendo um dos híbridos mais resistentes avaliados em Sete Lagoas na safrinha em 1995. Esse mesmo cultivar, avaliado na safrinha em São Paulo em 1996 foi o que apresentou a menor incidência de cigarrinhas (Dudienas et al., 1997).  Ainda o cultivar P3041, avaliado no Paraná nos anos de 1995 e 1996, apresentou também as menores porcentagens de plantas com sintomas do complexo mosaico e enfezamento pálido em Tarumã (Duarte, 1997). Diante disso, esse cultivar pode ser considerado como um material resistente e de interesse para o melhoramento genético visando a resistência ao complexo mosaico e enfezamento.

                O cultivar Agromen 2012 também apresenta uma estabilidade fenotípica com relação à resistência à cigarrinha. Nos ensaios conduzidos em Tarumã, no Paraná, esse cultivar apresentou-se com baixa percentagem de plantas infestadas pelo sintoma do complexo (Duarte, 1997). Resultados semelhantes foram obtidos por Dudienas et al. (1997) em São Paulo, em que esse cultivar apresentou os mais baixos índices de infestação pela cigarrinha.

CONCLUSÕES

      -  Existem picos diferenciados de infestação de cigarrinhas durante o ciclo da cultura.Os cultivares P3041 e  AGROMEN 2012 são resistentes às cigarrinhas.

 

BIBLIOGRAFIA

 DUARTE, A.P. Infestação de pulgões e incidência de sintomas semelhantes ao complexo mosaico/enfezamento  em cultivares de    milho “safrinha”. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.117-120.

 GARCIA, J.C. Evolução da área e produtividade do milho “safrinha” por Estado. In: SEMINÁRIO SOBRE  O  CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.11-14.

 OLIVEIRA, E., WAQUIL, J.M., PINTO, F.J.A. Doenças causadas por patógenos transmitidos por insetos: complexo enfezamento/mosaico. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p. 87-94.

 WAQUIL, J.M., OLIVEIRA, E., PINTO, N.F.J.A. Incidência de cigarrinha, enfezamento e viroses em milho. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p. 101

 DUDIENAS, C. et al. Severidade de doenças no milho “safrinha” no Estado de São Paulo em 1996. In: SEMINÁRIO SOBREO CULTIVO DE MILHO ‘SAFRINHA’, 4, Assis, 1997. Anais. Campinas, IAC/CDV, 1997. p.107-116.

TABELA 1 – Número médio de cigarrinhas adultas Daulus  maydis em 10 plantas de 42 cultivares de milho avaliadas em duas épocas

TRATAMENTO

25 DAE

40 DAE

Média geral

P 3041

 1,77

2,67

2,20

C 811

4,39

1,00

2,69

AGROMEN 2012

3,95

1,67

2,81

CO 9560

4,49

1,33

2,91

XL 251

3,82

2,00

2,91

AGROMEN 3060

5,53

0,67

3,10

P 3027

5,55

0,67

3,11

HATÃ 3052

5,04

1,33

3,18

EXP 9654

4,52

2,00

3,26

C 909

4,87

1,67

3,27

HATÃ 3013

6,77

0,00

3,38

AGROMEN 3050

5,83

1,33

3,58

CO 32

4,46

3,67

4,06

AGROMEN 3100

6,02

2,33

4,17

XB 8013

7,19

1,67

4,43

CX 3A 18

6,11

3,33

4,72

XB 7070

5,80

3,67

4,73

ZENECA 8392

7,29

2,67

4,98

DINA 1000

5,75

4,33

5,04

ZENECA 8202

6,50

3,67

5,08

XB 4011

7,84

2,33

5,08

CO 34

8,64

1,67

5,15

AGROMEN 3150

8,31

2,00

5,15

DINA 766

9,88

1,33

5,60

AGX 9790

10,56

0,67

5,61

AGX 6790

5,92

5,33

5,62

SHS 5050

7,29

4,33

5,81

EXP 9658

9,16

2,67

5,91

AGX 9552

8,20

3,67

5,93

DINA 657

7,95

4,00

5,97

C 901

9,68

2,33

6,00

CO 2190

10,74

1,33

6,03

CO 9804

10,51

1,67

6,09

C 929

9,70

2,67

6,18

DINA 769

9,81

3,00

6,40

P 30 F 45

9,36

3,67

6,51

C 806

6,67

8,00

7,33

AGX 3770

11,40

4,00

7,70

SHS 4050

15,63

1,00

8,31

AG 9010

13,79

4,67

9,23

HATÃ 3012

16,72

3,00

9,86

AGX 6742

11,94

8,33

10,13

Média

8,95 a

2,67 b

  -

As médias seguidas, na linha, por letras diferentes indicam a diferença estatística pelo teste de F a 5% de probabilidade.

1]Bolsista de Iniciação Científica, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG.

2/ Professor Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG.

3-Professor Departamento de Biologia Animal. Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG.