Efeito da Temperatura e do Acondicionamento na Perda de Peso Pós-colheita de Espigas de Milho-verde.

 R.F., BRAZ, J.C.C., GALVÃO, F.L., FINGER, G.V., MIRANDA  e M., PUIATTI.

Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia, Cep: 36571-000 
APOIO:  FAPEMIG

Palavras-chave: Milho-verde, híbridos, temperatura, pós-colheita, acondicionamento.

RESUMO

 A adoção de técnicas de armazenamento e de híbridos adequados pode reduzir as perdas pós-colheita em órgãos colhidos ainda imaturos, como o milho-verde. O presente trabalho objetivou avaliar a influência da temperatura e do acondicionamento na perda de peso de espigas de milho-verde dos híbridos DINA 170 e AG 1051. A colheita ocorreu quando 50% das espigas apresentavam-se no estádio fenológico de grãos pastosos. O experimento foi montado em esquema fatorial de  3 X 2 X 2 (3 acondicionamentos: espiga com palha, espiga nua com filme PVC e espiga nua); (2 híbridos recomendados para a produção de milho-verde: DINA 170 e AG 1051); (2 temperaturas de conservação: ambiente e 5oC), dispostos em DIC com quatro repetições. Para a determinação da porcentagem de perda de peso, as espigas foram pesadas diariamente. As espigas em temp. amb. foram descartadas após 9 dias de observação; a 5ºC, os tratamentos espiga com palha e espiga nua foram descartados no 10º dia e o tratamento espiga nua com filme PVC foi avaliado até o 25º dia. As porcentagens de perda de peso foram testadas por meio de análise de variância e teste de média (Tukey a 5% de probabilidade), permitindo concluir que: O tratamento espiga nua com filme PVC evidenciou maior manutenção do peso das espigas, independentemente da temperatura e do híbrido utilizado; o híbrido AG 1051 proporcionou menor perda de peso nos tratamentos espiga nua com filme PVC e espiga nua, no tratamento espiga com palha, o híbrido DINA 170 proporcionou menores perdas de peso; o comportamento dos dois híbridos a 5ºC não diferiu estatisticamente, porém, em temp. amb., o híbrido AG 1051 apresentou menor perda de peso das espigas.

 

INTRODUÇÃO

             Órgãos colhidos ainda imaturos, como é o caso do milho-verde, apresentam intensa atividade metabólica, o que pode acarretar em elevadas perdas pós-colheita. Dentre elas a perda de peso, que pode causar o rápido murchamento dos grãos.

            O nível máximo de perda de peso aceitável para produtos hortícolas varia em função da espécie e do nível de exigência do mercado consumidor. Para a maioria dos produtos hortícolas frescos, a perda de peso máxima observada sem o aparecimento de murcha ou enrugamento da superfície, oscila entre 5 e 10% (FINGER e VIEIRA, 1997). Tomando como exemplo mais próximo o milho-doce; KAYS (1991), cita que a perda máxima de peso permitida para o mesmo é de 7%.

            A utilização de híbridos melhorados para esta finalidade e a adoção de técnicas de armazenamento apropriadas influenciam a vida de prateleira deste produto, permitindo a manutenção da qualidade do mesmo por períodos mais longos, beneficiando tanto o produtor quanto o consumidor final.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da temperatura e do acondicionamento na perda de peso pós-colheita de espigas de milho-verde “in natura” dos híbridos DINA 170 e AG 1051.

 MATERIAL E MÉTODOS

             No presente trabalho foram utilizados dois híbridos recomendados para a produção de milho-verde, o DINA 170 e o AG 1051. Os mesmos foram cultivados em área experimental da Horta de Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa, sendo a colheita realizada quando 50% dos grãos das espigas atingiram o estádio fenológico de grãos pastosos, o que ocorreu 83 dias após o plantio dos mesmos. Após a colheita, as espigas foram encaminhadas ao Laboratório de Pós-Colheita do Departamento de Fitotecnia da UFV, onde foi conduzido o experimento.

            Utilizou-se duas temperaturas de armazenamento; 5ºC (simulando a temperatura de balcões frigorificados) e temperatura ambiente ( 23,0ºC em média).

            Quanto às espigas, foram testadas três condições de acondicionamento, sendo elas: espigas com palha, espigas nuas seladas com filme PVC e espigas nuas (sem palha e sem filme). Todas acondicionadas em bandejas de isopor de 24 ´ 18,5 cm.

            O experimento foi montado em esquema fatorial de 3 x 2 x 2 e dispostos em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de duas espigas de tamanho uniforme. Os tratamentos foram comparados por meio de análise de variância e teste de médias (Tukey, a 5% de probabilidade).

            Para a determinação da perda de peso, as espigas foram pesadas diariamente, sendo os resultados expressos em porcentagem de perda de peso fresco e foram calculados por meio da seguinte fórmula:

PPF = 100 -

onde PPF = perda de peso fresco (%); PF = peso da matéria fresca final (g); e PI = peso da matéria fresca inicial (g).

 Todos os tratamentos sob temperatura ambiente foram avaliados até o 9º dia após a colheita.

Os tratamentos espiga com palha e espiga nua a 5ºC foram descartados após o 10º dia de avaliações, e o tratamento espiga nua com filme PVC a 5ºC foi avaliado até o 25º dia após a colheita.

 

RESULTADOS

 

            Pela análise de variância, verificou-se efeito significativo para todas as variáveis estudadas. Os gráficos apresentados abaixo, correspondem ao estudo das interações: Temperatura x Acondicionamento, Acondicionamento x Híbrido e Temperatura x Híbrido.

 


Gráfico 1 – Porcentagem média de perda de peso de espigas de milho-verde, em função da temperatura e do acondicionamento utilizado. Viçosa – MG, 1999.* As médias dentro de cada temperatura, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si.

 

 

 

 Gráfico 2 – Porcentagem média de perda de peso de espigas de milho-verde, em função do acondicionamento e do híbrido utilizado. Viçosa – MG, 1999.

As médias dentro de cada embalagem, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si.

 

Gráfico 3 – Porcentagem média de perda de peso de espigas de milho-verde, em função da temperatura e do híbrido utilizado. Viçosa – MG, 1999.

* As médias dentro de cada temperatura, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si.

 

CONCLUSÕES

 

            O tratamento espiga nua com filme PVC evidenciou maior eficiência na manutenção do peso das espigas, independentemente da temperatura e do híbrido utilizado.

 

            O híbrido AG 1051 proporcionou menor perda de peso nos tratamentos espiga nua com filme PVC e espiga nua. No tratamento espiga com palha, o híbrido DINA 170 proporcionou menor perda de peso.

             O comportamento dos dois híbridos a 5ºC não diferiu estatisticamente, porém, em temperatura ambiente, o híbrido AG 1051 apresentou menor perda de peso das espigas.

 LITERATURA CITADA

 FINGER, F.L., VIEIRA, G. Controle da perda pós-colheita de água em produtos hortícolas. Viçosa: UFV, 1997. 29 p.

 KAYS, E.J. Postharvest physiology of perishable plant products. New York: AVI Book, 1991. 532p.