Densidade Populacional de Dalbulus maidis e do Predador Doru luteipes em Milho-Pipoca.

 

E.C.SILVA, J.C.C. GALVÃO, G.V.MIRANDA, M.C. PICANÇO, E. SAWAZAKI e R. GONÇALVES.

 Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia, Cep: 36571-000

APOIO: FAPEMIG

 Palavra-chave: Dalbulus maidis, Doru luteipes, milho-pipoca.

RESUMO

 Os trabalhos envolvendo a cultura do milho pipoca são escassos, principalmente aqueles ligados à incidência de pragas. Atribui-se que as pragas que incidem na cultura do milho comum trazem os mesmos prejuízos as lavouras do milho pipoca. Várias espécies de insetos podem infestar os cultivos de milho, causando injúrias e danos desde o plantio até a colheita. Dentre as diversas espécies de insetos que atacam a cultura do milho comum ou pipoca, destacam-se a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) e a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis (Delong & Wolcott) (Homoptera: Cicadellidae). No controle biológico das pragas merece destaque o predador Doru luteipes (Scudder) (Dermaptera: Forficulidae) que tem sido eficiente no controle natural da lagarta-do-cartucho. O objetivo deste trabalho foi avaliar a densidade populacional de Dalbulus maidis e do predador Doru luteipes em cultivares do milho-pipoca. Foram utilizados 20 híbridos de milho pipoca, pertencentes ao Ensaio de Avaliação de Híbridos de Milho-Pipoca Comerciais e Experimentais do IAC. O experimento foi instalado em blocos ao acaso com três repetições. A contagem dos insetos foi realizada em 10 plantas centrais de cada parcela experimental,  quando a mesmas encontravam-se com 6 a 8 folhas completamente desenvolvidas. Os cultivares IAC SG 12, IAC SG 150, IAC SA 20, IAC SA 01, IAC SG 73 A, IAC 73 C diferindo da testemunha IAC 112. Houve alta densidade populacional de cigarrinha. Houve alta densidade populacional de Doru luteipes mas os cultivares apresentaram as mesmas médias (p>0,05).

 

 INTRODUÇÃO

 O milho-pipoca é considerado eficiente fonte de alimento em termos de calorias produzidas por área, podendo ser armazenado a baixo custo por um longo período de anos e facilmente processado pelo consumidor final. No Brasil, a pipoca é muito popular, sendo pouco consumida em relação ao mercado norte-americano.

Os trabalhos envolvendo a cultura do milho pipoca são escassos, principalmente aqueles ligados à incidência de pragas. Atribui-se que as pragas que incidem na cultura do milho comum trazem os mesmos prejuízos a lavouras do milho pipoca.

Várias espécies de insetos podem infestar os cultivos de milho, causando injúrias e danos desde o plantio até a colheita e, também durante o armazenamento do produto. As pragas do milho podem ser agrupadas conforme a parte atacada da planta e o período de sua ocorrência na cultura (ZUCCHI et al. 1993, CRUZ, 1999).

Dentre as diversas espécies de insetos que atacam a cultura do milho comum e pipoca, destacam-se a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) e a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis (Delong & Wolcott) (Homoptera: Cicadellidae).

A cigarrinha do milho é considerada praga secundária, facilmente encontrada dentro do cartucho logo após a emergência das plântulas. São capazes de manter altas populações durante todo o ciclo do milho, principalmente em plantios tardios (WAQUIL 1997). Os danos direto são ocasionados pela sucção de seiva, porém a sua importância está relacionada com a transmissão de doenças como o enfezamento pálido, o enfezamento vermelho e a virose da risca causadas por fitoplasma, espiroplasma e vírus, respectivamente (KITAJIMA, 1979; NAULT & KNOKE, 1981; WAQUIL 1997).

WAQUIL et alli, 1997 realizando levantamentos sobre a incidência da cigarrinha do milho concluiram que a espécie Dalbulus maidis predomina na cultura do milho, constituindo-se em 93% das espécimes encontrados. Os mesmos autores observaram que a densidade populacional anual foi, em média, um adulto por planta, exceto nos meses de março abril em que a média populacional ultrapassou dez adultos por planta. Verifica-se, então, que a cigarrinha está se tornando praga importante na cultura do milho. Todavia, sabe-se pouco sobre a incidência dessa praga nas lavouras e a preferência pelos cultivares de milho pipoca.

Atualmente, o manejo integrado de pragas tem-se mostrado estratégia eficaz no controle de pragas no milho. No manejo integrado leva-se em consideração vários aspectos, entre outros, o conhecimento, a identificação e preservação dos inimigos naturais presentes na área.

Embora no Brasil existam relatos da grande abundância de predadores na entomofauna do milho, o controle biológico natural das pragas mais relevantes tem sido associado a poucas espécies, merecendo destaque a Doru luteipes (Scudder) (Dermaptera: Forficulidae) que segundo CRUZ (1997) tem contribuído de maneira substancial no controle biológico da lagarta-do-cartucho. Desta maneira, a avaliação da densidade populacional do predador Doru luteipes nos ensaio de milho é fator imprescindível na previsão dos danos causados pela Spodoptera frugiperda.

Objetivo deste trabalho foi avaliar a densidade populacional da Dalbulus maidis e do predador Doru luteipes em 20 híbridos de milho-pipoca comerciais e experimentais.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 Este ensaio foi realizado no ano agrícola 1999/00, na Estação Experimental de Coimbra - MG, pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Foram utilizados 20 híbridos de milho pipoca, pertencentes ao Ensaio de Avaliação de Híbridos de Milho Pipoca Comerciais e Experimentais do IAC. O plantio foi realizado em 28 de dezembro de 1999.

O experimento foi instalado em blocos ao acaso com três repetições. A adubação utilizada foi de 500 kg da formula 4-14-8/ha. Em cobertura utilizou-se 50 kg de N/ha, na forma de uréia, realizada aos 30 dias após a emergência.

Foi feito desbaste aos vinte dias após plantio, deixando-se 25 plantas por linha de 5 m. O controle de ervas daninhas foi realizado  com aplicação de herbicida primestra em pré-emergência e a capina manual.

As avaliações da densidade populacional da Dalbulus maidis e do predador Doru luteipes nos cultivares do milho pipoca, foi realizada por contagem minuciosa e diretamente no cartucho da planta. A contagem foi realizada em 10 plantas centrais de cada parcela experimental, (BASTOS, 1999) quando a mesmas encontravam-se com 6 a 8 folhas completamente desenvolvidas.

Para a análise estatística utilizou-se o programa GLIM 4, da Royal Statistical  Society, London (CRAWLEY, 1993).  Todas as variáveis foram consideradas sob distribuição de Poisson. Com erros de Poisson, a alteração na variância atribuída a dado fator é distribuída assintoticamente como c2 (CRAWLEY, 1993). Quando a análise de variância foi significativa pelo teste de c2 a 5% de probabilidade, realizou-se o teste de “t” comparando os cultivares individualmente, com o IAC 112 (tratamento testemunha). Quando o teste de c2 foi não significativo, considerou-se os tratamentos estatisticamente iguais entre si em relação à característica em avaliação.

  

RESULTADOS

 

 

Figura 1. Densidade populacional da cigarrinha Dalbulus maidis avaliadas aos estágios de 6 a 8 folhas completamente expandidas em 20 híbridos experimentais e comerciais de milho pipoca. Os tratamentos IAC SG12, IAC SG 150 e IAC SA 20 diferem estatisticamente do IAC 112 pelo teste t a 5% de probabilidade e IAC SA 01, IAC SG73 A, IAC 73 C diferem estatisticamente do IAC 112 pelo teste t a 10% de probabilidade.

 

Na Figura 1, em relação a incidência de Dalbulus maidis pode-se distinguir três grupos de cultivares de milho-pipoca. Assim, o grupo I é formado pelos cultivares IAC TC 01, IAC TC 02, IAC HT 02, IAC SG 46, IAC SG 151, IAC SG 52, IAC SG 42, IAC SA 10, IAC SA 13, IAC SA 23, IAC SA 08 e Zélia que apresentaram a mesma média em relação a densidade populacional de Dalbulus maidis, ou seja, a menor densidade de cigarrinha/planta. Estes cultivares, possivelmente apresentarão menor potencial de inóculo para o enfezamento pálido ou vermelho. O  grupo II é composto dos cultivares IAC SG 12, IAC SG 150, IAC SA 20 que apresentaram maior densidade populacional que o cultivar IAC 112 pelo teste t, a 5% de probabilidade. Estes cultivares apresentaram em média 4 cigarrinhas/planta o que  implica, provavelmente, em maior risco de contaminação pelo enfezamento pálido ou vermelho.

 No grupo III,  estão presentes os cultivares IAC SA 01, IAC SG 73 A, IAC SG 73 C que apresentaram maior densidade populacional de cigarrinha em relação ao cultivar IAC 112 pelo teste t, a 10% de probabilidade.

Os cultivares de milho pipoca, inseridos nos grupos II e III, possivelmente, apresentarão maior risco de serem infectados por espiroplasma e/ou fitoplasma. Para SCOTT et al.1977, SHUNTLEFF, (1986) a freqüência das plantas infectadas por espiroplasma e os efeitos na produção dependem da suscetibilidade do cultivar e do potencial de inoculo na área, da população de vetores e do estádio de desenvolvimento da planta.

Quanto mais jovem é a planta de milho maiores são os efeitos deletérios dos referidas doenças e em conseqüência maior dano na produção de grãos, (OLIVEIRA e FERNANDES, 1999).

 

 

 

Figura 2. Densidade populacional de Doru luteipes avaliadas aos estágios de 6 a 8 folhas completamente expandidas em 20 híbridos experimentais e comerciais de milho pipoca. Estes cultivares não diferem estatisticamente pelo teste t a 5% de probabilidade.

 

Na figura 2, pode-se observar  que em todos os cultivares de milho- pipoca a tesourinha esteve presente, não tendo preferência por determinado cultivar em nível de campo.

A presença do predador em até 70% da plantas de milho é suficiente para manter a praga sob controle, conforme CRUZ, 1999.

Para BASTOS (1999) existe correlação positiva entre a intensidade de ataque da lagarta-do-cartucho e a densidade populacional da tesourinha, ou seja aumentando-se a intensidade de ataque da praga aumenta-se a densidade do inimigo natural.

 

CONCLUSÃO

 

Houve resposta diferencial dos cultivares para incidência de Dalbulus maidis.

 

BIBLIOGRAFIA

 BASTOS, C.S. Sistemas de adubação em cultivo de milho exclusivo e consorciado com feijão, afetando a produção, estado nutricional e incidência de insetos fitófagos e inimigos naturais. Viçosa, MG: UFV, 1999. 117p. Tese de Mestrado Fitotecnia - Universidade Federal de Viçosa, 1999.

      CRAWLEY, M.J.GLIM for ecologists. Oxford:plack well. Scientific   publications, 1993.

CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Sete Lagoas, EMBRAPA, CNPMS, Circular técnica 21, 1995. 45p.

CRUZ, I. Manejo de pragas na cultura do milho, p. 18-39. In A. Fancelli & D. Dourado-Neto (Ed.). Tecnologia da produção de milho. Piracicaba, Publique, 1997. 174p.

CRUZ, I. Manejo de pragas da cultura de milho, p.27-56. In Cursos para agricultores do Seminário sobre a cultura do milho “safrinha”, 5, CATI/IAC/IEA, Barretos (SP).56p. 1999.

KITAJIMA, E.W. Citologia e localização de vírus de milho e de leguminosas alimentícias nas plantas infectadas e nos vetores Fipatologia brasileira. 4: 241-254. 1979.

NAULT, L.R. & J.K. KNOKE. Maize vectors, p. 80-92. In: Virus and viruslike disease of maize in the United States. Wooster, Ohio Agricultural Research and Device Center, Souther Cooperative Series Bulletin 247, 1979. 130p. 1981.

OLIVEIRA, E., FERNANDES. F.T., Vermelho não produz, Cultivar no 10: 34-35 1999.

WAQUIL, J.M. Amostragem e abundância de cigarrinhas e danos Dalbulus maidis (Delong & Wolcott) (Homoptera: Cicadellidae) em plântulas de milho. Anais de Sociedade Entomológica do Brasil 26: 27-33. 1997.

ZUCCHI, R.A., S. SILVEIRA NETO, O. NAKANO. Guia de identificação de pragas agrícolas. Piracicaba, FEALQ. 139p. 1993.