Populações de Plantas e Sistemas Produtivos Afetando a Produção de Grãos.  

 R. GONÇALVES,  J.C.C. GALVÃO, G.V. MIRANDA e E. do C. SILVA

Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia, CEP 36571-000. jgalvao@mail.ufv.br – APOIO: FAPEMIG

  

Palavras-chave: milho, população, sistemas produtivos.

 

RESUMO

A utilização exclusiva de adubos químicos tem causado sérios problemas de degradação do solo. A compostagem orgânica (CO) tem sido uma das práticas de adubação do solo utilizadas em substituição ou complementação aos adubos químicos. Com o objetivo de avaliar a interação dos sistemas produtivos (mineral, orgânico e organo-mineral) em uso contínuo na produtividade de grãos com a população de plantas de milho, foi avaliado a produtividade em 4 anos agrícolas no ensaio permanente de milho, conduzido desde 1984. As parcelas que recebiam os trat. eram constantes no decorrer dos anos. A parcela experimental foi constituída de oito fileiras de oito metros de comprimento (64 m2/parcela). Foram considerados doze sistemas produtivos (SP) instalados no esquema fatorial 2 x 6. Para o primeiro fator considerou-se duas populações de plantas (40.000 e 60.000 plantas/ha). Para o segundo fator consideraram-se seis níveis de adubo (1– zero de adubo mineral e orgânico; 2- 250 kg de 4-14-8 + 100 kg de Sulfato de Amônio- SA/ha; 3- 500 kg de 4-14-8 + 200 kg de SA/ha; 4- 40 m3 de CO/ha; 5- Idem 4 + Idem 2; 6- Idem 4 + Idem 3). As produções foram submetidas a análise de variância e com médias realizado teste de Tukey. Verificou-se que o sistema produtivo orgânico foi sempre superior ao mineral e ao sem adubação e em dois anos foi igual ao organo-mineral. A população de plantas interagiu com o sistema produtivo somente no primeiro ano. Nos demais anos, a população de 60.000 plantas proporcionou as maiores produções de milho.

 

 INTRODUÇÃO

 O uso contínuo de adubos químicos no solo pode causar sérios problemas de degradação deste pois reduz o teor de matéria orgânica e aumento da salinização levando ao empobrecimento dos nutrientes da solução do solo que estarão disponíveis para a cultura ao longo dos anos. Técnicas de recuperação e fertilização orgânica do solo podem viabilizar o retorno às condições de equilíbrio ecológico que venham reduzir significativamente ou até mesmo eliminar a utilização de adubos químicos no sistema produtivo. A utilização do composto orgânico tem sido uma das alternativas de adubação do solo e nutrição de plantas mais utilizadas no meio rural em substituição aos adubos químicos (SOUZA, 1998). Trabalhos realizados por GALVÃO (1995) e BASTOS (1999), confirmaram que o emprego de adubo orgânico, na forma de composto orgânico, na cultura do milho tem-se apresentado como prática capaz de elevar a produção, obtendo-se médias iguais ou superiores àquelas obtidas com adubação química.  A interação da matéria orgânica com a fração argila tem influência marcante no desenvolvimento da estrutura do solo. O composto orgânico quando utilizado de forma isolada ou associada a adubos minerais possui propriedades altamente benéficas ao solo, tais como retenção de umidade, fornecimento de nutrientes, ativação da microbiota do solo, melhoria da textura e estrutura (SOUZA & PREZOTTI, 1997).

        O objetivo deste trabalho foi avaliar a interação de diferentes sistemas produtivos (mineral, orgânico e organo-mineral) com populações de plantas na produtividade de grãos do milho em 4 anos agrícolas consecutivos.

 MATERIAL E MÉTODOS

 Este trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Coimbra, Coimbra, MG, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, em 4 anos agrícolas consecutivos. O experimento foi conduzido em área de ensaio permanente em que se estuda os efeitos da adubação mineral e orgânica sobre a produção de milho desde 1984 (GALVÃO, 1995). A parcela experimental foi constituída de oito fileiras de oito metros de comprimento, totalizando uma área de 64 m2/parcela. Os tratamentos foram a combinação de seis sistemas produtivos.

1– zero de adubo mineral e orgânico

2- 250 kg de 4-14-8 + 100 kg de Sulfato de Amônio- SA/ha

3- 500 kg de 4-14-8 + 200 kg de SA/ha

4- 40 m3 de composto orgânico - CO/ha

5- 40 m3 de CO/ha + 250 kg de 4-14-8 + 100 kg de SA/ha  

6-  40 m3 de CO/ha + 500 kg de 4-14-8 + 200 kg de SA/ha

com duas populações de plantas (40.000 e 60.000 plantas/ha), no delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições.

A adubação de cobertura  com nitrogênio foi realizada aos 25 dias após a emergência das plantas de milho. O composto orgânico apresentava densidade de 358,18 g/dm3 e a quantidade aplicada foi de 14,33 toneladas/ha.

Os resultados foram submetidos a análise de variância e as médias das produtividades foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

            No primeiro ano de avaliação correspondendo ao nono ano de adubação contínua,  houve interação entre as populações de plantas e os sistemas produtivos. Nota-se (Figura 1) que os sistemas produtivos orgânico e os organos-minerais foram superiores ao mineral, mostrando a eficiência no uso do composto para as duas populações de plantas. O uso do composto orgânico associado ao adubo mineral proporcionou maiores produtividades na população de 60.000 plantas/ha. Para a população de 40.000 plantas o sistema orgânico foi semelhante ao sistema organo-mineral com 250 kg de 4-14-8. O sistema produtivo orgânico mostrou-se superior ao mineral em ambas populações de plantas. Nos sistemas produtivos sem adubação e no mineral de dose menor, observa-se que a maior população de plantas foi menos produtiva, pela maior competição de plantas e adubação ineficiente.

        No segundo ano de avaliação (Figura 2), pode-se observar que independente da população de plantas, os sistemas produtivos orgânico e organo-mineral foram os mais eficientes não diferindo estatisticamente entre si. Não houve diferença entre as produções para as duas populações de plantas.

        Na Figura 3, estão representados os resultados do terceiro ano agrícola avaliado e décimo primeiro de adubação contínua, não havendo interação entre os sistemas produtivos e as populações de plantas. Observa-se que os dois sistemas produtivos organo-mineral, independentemente da população de plantas, foram mais eficientes não diferindo estatisticamente entre si e atingindo uma média de aproximadamente 10.000 kg/ha. O sistema produtivo orgânico apresentou a média de 8.622 kg/ha sendo superior aos sistemas que utilizaram adubação mineral e sem adubação. Neste ano, houve diferença na produção em função da população de plantas, sendo a população de 60.000 plantas/ha a mais produtiva atingindo a média de 7.347 kg/ha, enquanto 40.000 plantas/ ha  de 6.855 kg/ha.  

        No quarto ano de avaliação (Figura 4), a situação foi semelhante ao terceiro ao de avaliação provavelmente atingindo um patamar de produtividade. Os sistemas produtivos organo-mineral foram os mais produtivos média de 10.000 kg/ha não diferindo estatisticamente entre si. O sistema produtivo orgânico atingiu a média de 8.626 kg/ha, sendo superior aos dois sistemas minerais.  A população de 60.000 plantas/ha foi a mais produtiva atingindo a média de 7.349 kg/ha e a de 40.000 plantas/ha  6.858 kg/ha.

        Assim, no decorrer dos quatro anos avaliados e do nono ao décimo segundo ano de adubação contínua nota-se que a adubação orgânica foi sempre superior à adubação mineral devido às melhorias das condições químicas de acordo com as avaliações no mesmo local por (GALVÃO, 1995; BASTOS, 1999).

CONCLUSÕES

             O sistema produtivo orgânico foi sempre superior ao mineral e ao adubação, em dois anos iguais aos dois sistemas organo-mineral.

LITERATURA CITADA

 

BASTOS, C. S. Sistemas de adubação em cultivo de milho exclusivo e consorciado com feijão, afetando a produção, estado nutricional e incidência de insetos fitófagos e inimigos naturais. Viçosa, MG: UFV, 1999. 117 p. Tese de Mestrado Fitotecnia – UNIVERSIDADE Federal de Viçosa, 1999.

 GALVÃO, J.C.C. Características físicas e químicas do solo e produção de milho exclusivo e consorciado com feijão, em função de adubações orgânica e mineral contínuas. Viçosa-MG: UFV, 1995. 194p. Dissertação (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 1995.

 SOUZA, J.L. de. Agricultura Orgânica – tecnologias para a produção de alimentos saudáveis. V. 1, EMCAPA, Domingos Martins – ES, 179 p., 1998.

  SOUZA, J.L. de & PREZOTTI, L.C. Estudos de solos em função de diversos sistemas de adubação orgânica e mineral. CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 37. Manaus-AM. Anais., 1997. In: Horticultura Brasileira, 16 (1): resumo 300.

 

 

FIGURA 1: Produtividade média de cada sistema produtivo interagindo com as duas    populações de plantas no primeiro ano de avaliação.

 As médias seguidas por pelo menos uma letra maiúscula ou minúscula não diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

 

FIGURA 2: Produtividade média entre as duas populações em cada sistema produtivo no segundo ano de avaliação.

 As médias seguidas por pelo menos uma letra, não diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

 

FIGURA 3: Produtividade média entre as duas populações em cada sistema produtivo no terceiro ano de avaliação.

 As médias seguidas por pelo menos uma letra, não diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

 

FIGURA 4: Produtividade média entre as duas populações em cada sistema produtivo no quarto ano de avaliação.

  As médias seguidas por pelo menos uma letra, não diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.