Introdução e avaliação de Cultivares Híbridos Comerciais de Milho na Zona da Mata de Minas Gerais

 

A. VAZ de MELO, L. V. de SOUZA, G. V. MIRANDA, L. J. M. GUIMARÃES, F. R. ECKERT, J. da S. LIMA.

glauco@mail.ufv.br Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia. CEP 36571-000. Viçosa, MG.

Palavras-chave: interação genótipo x ambiente, germoplasma.

RESUMO

O objetivo foi avaliar a introdução de cultivares comerciais de outras regiões brasileiras na Zona da Mata de Minas Gerais. Para isso, o Programa Milho® UFV organizou e instalou dois Ensaios Regionais de Híbridos sendo um com 49 e o outro com 13 cultivares na Estação Experimental de Coimbra, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, na safra 2001/2. Os delineamentos experimentais foram o látice 7 x 7 e blocos ao acaso com 13 tratamentos, ambos com duas repetições. Cada parcela foi representada por duas fileiras de cinco metros de comprimento, espaçadas de 0,9 metro entre fileiras, com densidade de cinco plantas por metro linear. A adubação de plantio foi realizada com 300 kg.ha-1 da formulação N-P-K 8-28-16 e a adubação de cobertura com 60 kg.ha-1 de nitrogênio. Para o Ensaio Regional de Híbridos I, o cultivar C 929 (10.913 kg.ha-1) foi o mais produtivo e não diferiu dos cultivares Z 8410 (9.695 kg.ha-1), P 30F33 (8.999 kg.ha-1), AG 9010 (8.891 kg.ha-1), P 30K75 (8.562 kg.ha-1) e CO 32 (8.556 kg.ha-1). O cultivar mais produtivo no ensaio e disponível no mercado local foi superado por 21 cultivares. Para o Ensaio Regional de Híbridos II, os cultivares não diferiram entre si para a produtividade de grãos e alturas de plantas e espiga apresentando-se dentro do padrão comercial. A média de produção de grãos obtida pelos cultivares comerciais evidencia a importância da avaliação e introdução contínua de cultivares na região, uma vez que alguns destes foram mais produtivos que os cultivares disponíveis no mercado local e que o sistema produtivo pode ser otimizado com o uso de cultivares mais adaptados à região.

 

INTRODUÇÃO

A cultura do milho ocupa a área de 13 milhões de hectares e produz 36 milhões de toneladas de grãos anualmente no Brasil. O cultivo do milho é realizado em todas as regiões brasileiras apresentando as maiores produções e produtividades de grãos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (AGRIANUAL, 2002).

A grande extensão do território brasileiro proporciona ampla diversidade de ecossistemas. Diante disso, o Brasil foi dividido em 92 zonas macroagroecológicas baseando-se no clima, relevo e vegetação natural (EMBRAPA, 1993). A produção da cultura do milho é dependente das condições edafoclimáticas e sócio-econômicas. Portanto, a maior produtividade de grãos é o resultado da adoção da melhor tecnologia para cada situação.

A introdução e a avaliação de cultivares são técnicas de execução simples, baixo custo e rápida. Os cultivares de milho apresentam ampla diversidade genética quanto à sua área de adaptação em virtude do processo seletivo das linhagens e ciclos de seleção das populações. A interação genótipos x ambientes, ou seja, as variações do comportamento dos cultivares nos anos, locais e épocas de plantio dificultam a recomendação de cultivares para regiões amplas, visto que, um dado cultivar pode se apresentar com altos rendimentos em um local em relação a outro cultivar e ocorrer o oposto em outro local, ano ou época de plantio.

Assim, os cultivares para exploração comercial devem apresentar a máxima adaptação ao local de plantio e otimizar a interação genótipo x ambiente para que se obtenha o máximo rendimento econômico. No entanto, a disponibilidade de cultivares no mercado está associada às estratégias comerciais das empresas produtoras de sementes e não às necessidades dos agricultores, não havendo o comprometimento com o desenvolvimento regional.

Este trabalho foi realizado com o objetivo o objetivo de avaliar a introdução de cultivares comerciais de outras regiões brasileiras na Zona da Mata de Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS

Para isso, o Programa Milho® UFV organizou e instalou dois Ensaios Regionais de Híbridos sendo um com 49 e o outro com 13 cultivares na Estação Experimental de Coimbra, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, na safra 2001/2. O delineamento experimental utilizado foi o de látice 7 x 7 e blocos ao acaso com 13 tratamentos com duas repetições. Cada parcela foi representada por duas fileiras de cinco metros de comprimento, espaçadas de 0,9 metro entre fileiras, totalizando a área útil de 9m2 e a densidade de cinco plantas. metro linear-1, perfazendo o estande final estimado em 55000 plantas.ha-1.

A adubação de plantio foi realizada com base na análise química e física do solo, sendo utilizado 300 kg.ha-1 da formulação N-P-K 8-28-16 e a adubação de cobertura com sulfato de amônia na quantidade de 60 kg.ha-1 de nitrogênio. Os tratos culturais foram realizados sempre que necessários, de acordo com as recomendações para a cultura do milho.

Neste trabalho, foi utilizado a produtividade de grãos corrigida para 13% de umidade, kg/ha e estande médio segundo metodologia de VENCOVSKY e BARRIGA (1992). A análises de variância e covariância, testes de F e t foram realizados utilizando o programa SAS (SAS, 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas Tabelas 1 e 2, encontram-se as médias de produtividade de grãos para os cultivares dos Ensaios Regionais. As médias da produtividades de grãos de 7.002 kg.ha-1 e 8.140 kg.ha-1 para os ensaios caracterizam o potencial da região para altas produtividades, apesar da baixa produtividade média obtida pelos produtores (3.000 kg.ha-1) na região. Isto caracteriza que o sistema produtivo desenvolvido e adaptado pela pesquisa não está sendo utilizado pelos produtores.

Para o Ensaio Regional de Híbridos I, o cultivar C 929 (10.913 kg.ha-1) foi o mais produtivo e não diferiu dos cultivares Z 8410 (9.695 kg.ha-1), P 30F33 (8.999 kg.ha-1), AG 9010 (8.891 kg.ha-1), P 30K75 (8.562 kg.ha-1) e CO 32 (8.556 kg.ha-1). Neste ensaio, os cultivares disponíveis no mercado local são BRS 3060, BRS 2114, AG 405, AG 122, AG 1051, BR 201, Z 8447 e CX 533. O cultivar mais produtivo no mercado local foi superado por 21 cultivares no ensaio, mostrando que o sistema produtivo pode ser otimizado com o uso de cultivares mais adaptados à região.

Para o Ensaio Regional de Híbridos II, os cultivares não diferiram estatisticamente entre si para a produtividade de grãos. As alturas de plantas e espiga apresentaram-se dentro do padrão comercial e os cultivares não diferiram estatisticamente entre si.

CONCLUSÕES

A média de produção de grãos obtida pelos cultivares comerciais evidencia a importância da avaliação e introdução contínua de cultivares na região, uma vez que alguns destes foram mais produtivos que os cultivares disponíveis no mercado local e que o sistema produtivo pode ser otimizado com o uso de cultivares mais adaptados à região.

TABELA 1 - Média de produtividade de grãos (PG) (kg.ha-1) obtidas pelos cultivares de milho híbridos na Estação Experimental de Coimbra, safra agrícola 2001/2

 

Cultivares

 

PG (kg.ha-1)

Cultivares

PG (kg.ha-1)

C 929

10.913

P 3063

6.941

Z 8410

9.695

AG 5011

6.913

P 30F33

8.999

P 30F45

6.860

AG 9010

8.891

C 909

6.818

P 30K75

8.561

BR 205

6.779

CO 32

8.556

DINA 270

6.744

P 3071

8.342

P 3072

6.633

P 32R21

8.305

AG 405

6.588

XL 220

8.225

C 855

6.576

P 30R07

8.211

MR 2601

6.485

DKB 747

7.999

AG 122

6.457

AG 8012

7.986

P 3021

6.455

CO 9150

7.895

AG 1051

6.437

AG 4051

7.495

C 333

6.200

P 30F88

7.460

BR 201

5.978

DINA 170

7.459

Z 8447

5.728

AG 6601

7.362

DKB 350

5.719

C 901

7.360

P 3041

5.620

AG 8080

7.357

P 3232

5.484

P 3069

7.209

P 3081

5.359

Z 8480

7.152

CX 533

5.200

BRS 3060

7.110

P 3027

3.744

BRS 2114

7.088

Z 8420

3.429

P 30F80

7.078

C 333B

2.857

C 806

7.077

Média

7.002

DMS (5%)

2.463

CV (%)

17,0

TABELA 2 - Média de produtividade de grãos (PG) (kg.ha-1), altura de plantas e espigas dos cultivares de milho híbridos na Estação Experimental de Coimbra, safra agrícola 2001/2

Cultivares

PG (kg.ha-1)

AP (cm)

AE (cm)

XB 7011

9.855

210

104

XB 7289

9.237

192

84

AG 122

9.197

217

107

P 3041

8.861

200

90

XB 8010

8.596

209

101

DKB 747

8.017

199

91

DKB 350

7.865

207

105

XB 7012

7.816

203

98

P 30F80

7.720

186

96

P 32R21

7.456

201

84

P 3027

7.317

175

86

XB 7266

7.260

193

97

XB 7282

6.631

202

88

Média

8.140

199

84

DMS (5%)

1.200

74

95

CV (%)

14,0

9,2

15,0

 

LITERATURA CITADA

 

AGRIANUAL 2002. Anuário da Agricultura Brasileira.FNP Consultoria & Comércio; M&S Mendes & Scotoni. Editora Argos. 2002.521p.

COELHO, A.A., MENEZES, A.C., SILVA, B.G. Avaliação de cultivares de milho na Região do Vale do Jequitinhonha. Belo Horizonte: EPAMIG, 1983. 20 p.

EMBRAPA. Recomendações técnicas para o cultivo do milho. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. 204 p.

SAS INSTITUTE SAS/STAT user´s guide. Cari, NC, USA: SAS Institute. 1996

VENCOVSKY, R; BARRIGA, P. Genética Biométrica no Fitomelhoramento. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética. 487 p. 1992