Efeito do Tamanho de Sementes, da Adubação Orgânica e da Densidade de Semeadura Sobre o Comportamento de milho crioulo L.B. MOREIRA, H.M. LOPES, E.R. da SILVA e G.V. MIRANDA Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Fitotecnia, Cep 23851-970 – higino@ufrrj.br Palavras-chave: sementes, adubação orgânica, densidade de semeadura, milho. INTRODUÇÃO A utilização de variedades crioulas ou nativas de milho mais rústicas e adaptadas às variações ambientais entre anos e a agricultura de mínimo investimento, podem ser alternativa para pequenos produtores. É comum a utilização de sementes próprias oriundas destas variedades produzidas nas pequenas propriedades. Assim a produção de sementes de boa qualidade por estes agricultores é fundamental para a melhoria da capacidade produtiva da cultura. ANDRADE et. al., l997, concluíram que o tamanho e forma das sementes não afetaram a produção de grãos em duas cultivares. Segundo os autores, considerando que as sementes de milho são comercializadas com base no peso, o uso de sementes de peneiras menores, pode resultar numa economia de sementes no plantio de até 44%, em relação às sementes maiores. Vários trabalhos têm relatado a importância da adubação orgânica e sua capacidade em substituir completamente a adubação química na produção de grãos de milho ( GALVÂO, 1988 ; GALVÃO, 1994; BASTOS, 1998). O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes tamanhos de sementes, da adubação orgânica e da densidade de semeadura no comportamento agronômico e na qualidade fisiológica das sementes produzidas.
MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na fazenda "Lama Preta", localizada em Santa Cruz, Rio de Janeiro- RJ, no período de dezembro/98 à abril/99, em solo podzólico, areno-argiloso, e com baixos níveis de fertilidade. O preparo do solo foi realizado por meio de uma aração, duas gradagens e sulcamento com 0,90 m entre sulcos (EMBRAPA, 1996). A semeadura foi realizada em 22/12/98 com sementes de milho de uma população da variedade "crioula" Nitroflint, que possui características de adaptação a solos de baixa fertilidade natural e baixo nível de nitrogênio. O delineamento experimental foi em blocos casualisados em esquema fatorial 3 x 2 x 2 (3 tamanhos de sementes; 2 densidades de semeadura; com ou sem adubação orgânica), com quatro repetições. Os tratamentos consistiram da combinação de três tamanhos de sementes: 1. Grandes, retidas em peneira maior que 24/64"; 2. Pequenas, retidas em peneira 20/64" e; 3. Misturadas, composta de 1/3 + 1/3 + 1/3 de sementes provenientes de peneiras 20/64"; 22/64" e 24/64", respectivamente; com as densidades de semeadura 65.000 e 50.000 plantas/ha; com incorporação de 10 t/ha de esterco de gado curtido (0,6% de nitrogênio) e sem aplicação de esterco. Foi realizada uma capina manual, após 30 dias de semeadura. As parcelas foram compostas por cinco fileiras de 5 metros de comprimento, considerando as três fileiras centrais como área últil de 8,1 m². Foi determinado o peso médio de 1000 sementes, a porcentagem de germinação e o teor de água para cada classe de sementes utilizadas no plantio, de acordo com as metodologias prescritas nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). As avaliações agronômicas realizadas foram: a) altura de plantas b) altura de inserção da primeira espiga c) índice de espiga d) peso médio de espiga comercial e) estande final f) produção de grãos. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que não houve efeitos significativos da interação entre os fatores para todas as características. Observou-se somente diferenças significativas dos efeitos do tamanho das sementes somente sobre a produtividade de grãos (Tabela 1). As sementes pequenas e grandes promoveram maiores rendimentos de grãos, semelhante ao obtido por outros autores (ANDRADE et al., 1997). O menor rendimento de grãos quando se utilizou sementes de tamanho "misturadas" pode ser devido à desuniformidade no desenvolvimento das plantas provenientes destas. Verificou-se efeitos significativos da adubação orgânica no estande final de plantas e na altura de inserção da primeira espiga. A adubação orgânica com esterco de curral pode ter favorecido maior retenção de umidade no solo proporcionando melhores condições para a germinação e desenvolvimento inicial das plântulas. A aplicação de esterco de curral não afetou as demais características avaliadas, inclusive a produção de grãos, o que provavelmente pode ser devido à baixa dosagem de esterco aplicada e às deficiências hídricas ocorridas durante o ciclo da cultura (BAHIA FILHO, 1983). A densidade de semeadura afetou somente o estande final, uma vez que ocorreu deficiência hídrica durante o ciclo da cultura. Na tabela 2 estão apresentadas as médias de germinação, peso de 100 sementes e umidade das sementes. A germinação das sementes foi em média de 80,6% e mostrou-se independente do tamanho destas. O peso de 1000 sementes grandes foi maior em relação às pequenas e misturadas. A umidade variou de 11,3 a 12,6%. Outros resultados tem demonstrados efeitos do tamanho das sementes sobre a germinação (SCOTTI & KRZYZANOWSKI, 1977), embora isto não tenha sido constatado neste trabalho. A partir dos resultados obtidos pode-se inferir que as sementes menores poderiam ser utilizadas pelos agricultores significando com isso uma economia na quantidade de sementes utilizadas no plantio.
CONCLUSÕES 1. O tamanho das sementes, a adubação orgânica e a densidade de semeadura mostraram-se independentes. 2. As sementes pequenas e grandes, separadamente, promoveram maiores rendimentos de grãos em relação às sementes "misturadas". 3. A adubação orgânica e a densidade de semeadura não afetaram a produtividade de grãos.
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Tabela 1 – Efeitos do tamanho de semente (TS), da adubação orgânica (AO) e da densidade de semeadura (DS) sobre a altura da planta (AP) (Cm); altura de inserção da primeira espiga (APE)(Cm); estande final (EF –no pl/m2); índice de espigas (IE); peso médio de espiga comercial (PMEC)(g) e produtividade de grãos (PG)(kg/ha)
FATORES |
NÍVEIS** |
AP (Cm) |
APE (Cm) |
IE |
PMEC (g) |
EF |
PG (Kg/ha) |
TS |
P M G |
153,7 a 153,4 a 158,6 a |
93,9 a 92,3 a 94,2 a |
O,89 a 0.85 a 0,86 a |
76,7 a 65,1 a 67,6 a |
4,6 a 5,0 a 4,9 a |
1559,9 a 1195,4 b 1318,5 ab |
AO |
C S |
157,1 a 153,4 a |
96,8 a 90,2 b |
0,84 a 0,89 a |
69,8 a 69,8 a |
5,1 a 4,7 b |
1321,9 a 1393,9 a |
DS C.V. (%) |
65 50
|
155,5 a 155,0 a 7,8 |
93,2 a 93,8 a 8,3 |
0,85 a 0,88 a 11,2 |
68,3 a 71,3 a 22,6 |
5,2 a 4,5 b 10,1 |
1273,6 a 1442,3 a 28,7 |
* As médias seguidas pela mesma letra para cada fator não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade .
** (P) pequena, (M) misturadas e (G) grandes; (C) com esterco e (S) sem esterco; (65) 65.000 e (50) 50.000.
Tabela 2 - Porcentagem de germinação, peso de 1000 sementes (g), e teor de umidade (%) em função do tamanho das sementes grandes, pequenas e misturadas.
Tamanho de Sementes** |
Germinação (%) |
Peso de 1000 Sementes (g) |
Umidade (%) |
Grandes |
82,5 a |
389.8 a |
12,2 a |
Pequenas |
79,0 a |
266,8 c |
11,3 a |
Misturada |
80,5 a |
315,0 b |
12,6 a |
C. v. (%) |
6,37 |
3,23 |
2,47 |
**Sementes grandes: retidas em peneira 24; pequenas: retidas em peneira 20; misturada: misturas de sementes (1/3 + 1/3 + 1/3) de peneiras 20, 22 e 24, respectivamente.
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
LITERATURA CITADA
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BASTOS, 1998 |
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GALVÃO, 1988 |
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GALVÃO, J.D.;BRANDÃO, S.S. & GOMES, F.R. Experientiae, 92: p. 39-82. 1970. |
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GALVÃO, 1984 |
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