25a Aula

O FIM DO LAISSEZ-FAIRE

Uma verdadeira economia global está sendo criada pela difusão mundial de novas tecnologias, não pela difusão dos mercados livres, embora se ressalte que num mundo em que as forças de mercado não estão sujeitas a uma restrição ou regulamentação total, a paz está permanentemente em risco. O mercado global, na forma como está atualmente organizado, não permite uma coexistência harmoniosa dos povos do mundo. Ele os impele a se tornarem rivais na disputa pelos recursos naturais, mas ao mesmo tempo, não estabelece métodos para a conservação destes mesmos recursos.

O laissez-faire global pode acabar numa crise incontrolável das bolsas de valores e das instituições financeiras mundiais. A enorme e quase desconhecida economia virtual dos derivados financeiros aumenta os riscos de um crash do sistema. No entanto, um cataclismo no mercado não é o cenário mais provável para o fim da atual era. É mais provável que ela desapareça quando a hegemonia da América na economia mundial for desafiada pelas novas potências emergentes.

Um regime de governabilidade global é necessário para que os mercados mundiais sejam administrados de forma a promover a harmonia das sociedades e a integridade dos Estados. Somente uma estrutura de regulamentação global - das moedas, da movimentação de capitais, do comércio e da preservação ambiental - pode permitir que a criatividade da economia mundial seja usada a serviço das necessidades humanas. Em muitas partes do mundo, o Estado moderno não criou raízes ou então desmoronou. Nesses países falta a precondição mais essencial para a paz e o progresso econômico, para padrões humanos de trabalho e para a preservação do meio ambiente.

Os Estados Unidos estão envolvidos numa alteração revolucionária da economia mundial. Suas políticas de comércio e competitividade condenam à extinção qualquer outra civilização econômica. Se as lojas da esquina japonesas ou a garantia de mercado européia para a banana são consideradas como restrições à concorrência, como isto é interpretado nos termos do livre mercado americano, elas devem ser proibidas, por mais que beneficiem a harmonia social. Os americanos não se perguntam como esta postura é entendida no mundo. Eles não se perguntaram por que a condição americana é vista com suspeita ou pavor pela Europa e pela Ásia e por que suas exigências universais são rejeitadas com incredulidade e desdém.