24a Aula

ASCENSÃO DOS CAPITALISMOS ASIÁTICOS

O modelo marxista de tecnologia abrindo caminho e despedaçando velhas estruturas sociais tem pouco a ver com o caso japonês, assim como a versão liberal da sociedade que evoluiu por meio do aumento do conhecimento e da inovação das idéias. Nenhuma descrição de modernização que tenha como modelo casos ocidentais expressa a experiência japonesa. Foi clara a rejeição à "chamada hipótese de convergência, que estabelece que há uma lógica universal para o industrialismo e que as relações sociais encontradas nas primeiras nações a se industrializarem (individualismo, mercado livre, e assim por diante) devem se desenvolver inevitavelmente em outros lugares.

Desde o início, a industrialização japonesa foi levada adiante por um Estado desenvolvimentista, onde o governo não se coloca à parte ou acima da comunidade; ao contrário, o governo é o lugar os acordos são negociados. As exigências feitas ao Japão foram além do desmantelamento do pequeno comércio: incluiram a redução das taxas de poupança, o abandono da cultura de pleno emprego e a adoção do individualismo de mercado. Em suma, equivale exigir que o país deixe de ser japonês. O problema é se conseguirá preservar sua cultura de pleno emprego enquanto se afasta da garantia de emprego vitalício numa única empresa, surgida depois da guerra.

O exemplo soviético foi a inspiração para o desastroso Grande Salto Adiante de Mao (1958-60) que provocou um período de fome desnecessária no qual morreram 30 milhões de pessoas. Mao seguiu seus mentores soviéticos acreditando que, se a economia da China tinha de ser modernizada, sua agricultura deveria ser industrializada. Essa modernização fracassou por diversas razões, porém a mais importante foi o fato de que o projeto soviético que ele imitou era incompatível com as necessidades de uma economia moderna em termos de coletivização industrial.

Na explicação ocidental convencional, o capitalismo se desenvolve com a retirada da família e das relações pessoais do centro da vida econômica. Isso torna a economia um terreno autônomo, separado, governado por um cálculo impessoal de lucros e perdas e que se mantém unida não pelas relações de confiança, mas por obrigações contratuais legais. No contexto da sociedade chinesa, a confiança raramente se estende além da família em questões importantes; o capitalismo chinês tem mais em comum com o capitalismo italiano, com suas empresas solidamente baseada nas famílias, do que com o americano.

Os diversos capitalismos da Ásia não convergirão: suas culturas subjacentes permanecerão profundamente diferentes umas das outras. Menos ainda irão assimilar as práticas de qualquer economia de mercado ocidental e nem convergir em seu desenvolvimento político. Mesmo que fosse verdade que o desenvolvimento econômico produziu em todo o lugar uma crescente classe média, ele não iria, por essa razão, estimular a difusão da democracia liberal na Ásia. A classe média precisa que o risco seja controlado, para que elas e suas famílias possam ter algum controle sobre seu sustento; necessitam de segurança pessoal contra o crime e a corrupção; necessitam de bons serviços públicos e instituições comunitárias que lhes dêem a sensação de ser um cidadão e participar da sociedade.