20a Aula

MERCADOS LIVRES E CAPITALISMO

O Teorema de Gresham diz que o dinheiro ruím faz desaparecer o dinheiro bom, mas o dinheiro bom não faz desaparecer o dinheiro ruím. No mercado livre global a variação é que o capitalismo mau tende a fazer desaparecer o capitalismo bom, ou seja, as economias de mercado social não têm futuro, a menos que possam modernizar-se por meio de reformas profundas e rápidas. No longo percurso da história, os mercados sociais da Europa foram tão produtivos quanto os mercados livres americanos, embora a curto prazo, em termos de rivalidade num livre mercado global, eles simplesmente não têm custos competitivos.

O mercado livre global externaliza custos que os melhores regimes internalizam, o que significa dizer que os bens produzidos por empresas ambientalmente responsáveis custam mais do que os similares produzidos por empresas que têm liberdade para poluir. As sociedades mais avançadas são capazes de compensar as empresas que estão perdendo a concorrência com negócios baseados em economias ambientalmente pouco regulamentadas.

A procura da eficiência econômica sem levar em conta os encargos sociais é insensata por colocar as necessidades da sociedade em segundo plano. É verdade que restrições ao livre comércio global não aumenta a produtividade; mas a produtividade máxima alcançada à custa da devastação social e da miséria humana é um ideal social anômalo e perigoso.

Novas tecnologias e a desqualificação profissional de partes da população em consequência de educação inadequada são as causas principais do desemprego de longo prazo nas sociedades ocidentais adiantadas. As crescentes desigualdades de renda foram estimuladas pela desregulamentação do mercado de trabalho e pelas políticas tributárias neoliberais, porém, a causa fundamental da queda dos salários e do aumento do desemprego é a difusão mundial da tecnologia.

As novas tecnologias de informática permitem que muitos bens, inclusive uma lista crescente de serviços, sejam produzidos em países em desenvolvimento por uma fração dos custos trabalhistas a que estão sujeitos em sociedades industrializadas mais maduras. O efeito final é a derrubada dos salários ao nível praticado em economias de mão-de-obra barata e desregulamentada.

A mobilidade do capital e produção num mundo de economias abertas tornou as políticas básicas da democracia social européia impraticáveis, tornando o desemprego maciço de hoje um problema de difícil solução. O objetivo social-democrático de pleno emprego não pode agora ser atingido pelas políticas socialdemocráticas, ima vez que os sistemas sociais de mercado estão sendo forçados a se desmantelar para que possam competir em melhores condições com economias em que os custos trabalhistas, sociais e ambientais são menores.

A economia social de mercado alemã é diferente da americana no sentido de maior participação dos trabalhadores como acionistas, existem negociações coletivas sobre salários e um alto gráu de estabilidade de emprego, com a quase inexistência do princípio do emprega e demite. O princípio é de se entender a economia de mercado não como um estado de liberdade natural provocado pela desregulamentação, mas como uma instituição sutil e complexa que necessita de reformas práticas para manter-se em bom estado.