8a AULA

OS ANOS DOURADOS DO PÓS-GUERRA

Existem quatro vertentes estruturais que podem caracterizar e diferenciar a Grande Depressão das crises especulativas anteriores. A primeira se refere à crise europeia que ao inviabilizar a alocação de um grande volume de recursos, fez com que o boom especulativo fosse muito mais intenso do que os anteriores.

A segunda decorre da produção de bens duráveis que por suas características de alto valor e durabilidade, tendem a ser comprados a prazo, o que exige confiança no sistema econômico em termos de emprego e renda. Como tal confiança não existia, a compra desses bens restringia-se ao mercado à vista, o qual também sofrerá restrições.

A terceira vertente se refere ao desemprego tecnológico decorrente da natural busca de aceleração da produtividade, enquanto a quarta vertente consiste nos gastos governamentais necessários para manutenção da atividade econômica. Esses gastos devem ser mantidos por uma equivalente contrapartida tributária, que por sua vez só intensifica o cenário de depressão econômica.

A nova política de pessoal da Ford, especialmente seus salários mais elevados, garantiram, no começo, um distanciamento do movimento sindical. Com o entendimento natural que a operação do sistema de montagem depende do pleno funcionamento de todas as unidades de trabalho, os riscos e os custos de um possível confronto com os sindicatos tornam-se muito elevados. De maneira geral, enquanto as empresas estão ampliando preços e tentando expandir-se para atender à demanda, os sindicatos promovem greves para recuperação do poder de compra, criando uma elevada inflação e um baixo desempenho econômico.

Ao contrário dos anos 30, os problemas do pós-guerra são problemas de oferta gerados pela onda de greves. A solução para tal dilema foi o alongamento de prazo dos acordos e uma legislação que garante o repasse sistemático de ganhos de produtividade para os trabalhadores no contexto dos anos dourados. Sem recursos ociosos, o que ocorre com a própria expansão dos salários, inviabiliza-se o surgimento de processos especulativos muito intensos.

A manutenção dos anos dourados na Europa se vincula não diretamente à economia, mas a fortes movimentos sindicais e políticos, que levam a grandes vitórias nas áreas da saúde, educação e relações trabalhistas. Com base nesse processo, os social-democratas crescem e se desenvolvem, transformando-se em partidos de massa e credenciando-se como alternativas concretas de poder. O compromisso era com a igualdade, onde desenvolve-se o estado de bem-estar social através de um amplo aparato de formação de mão-de-obra, educação e saúde pública, associado a um avançado sistema de seguridade social.

O fordismo e a social-democracia, assegura apenas a qualidade e a continuidade do crescimento, e não o próprio crescimento. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, o motor do crescimento se encontra no paradigma tecnológico e este não se sustenta a partir de final dos anos 60 e começo dos anos 70. Com a redução do crescimento, ambas as economias entram em crise com crescente nível de desemprego.