7a AULA

URBANIZAÇÃO E TERCEIRIZAÇÃO

Conforme retratado por Adam Smith, os comerciantes, de forma a economizar despesas de transportes, procuram implantar manufaturas do mesmo tipo em seu próprio país. Deve ser destacado que o desenvolvimento urbano-industrial não leva ao abandono da urbanização comercial, mas sim a um articulado crescimento associado aos novos núcleos industriais. A opção urbana para o desenvolvimento industrial tem como razão preponderante a economia de transporte e aglomeração, uma vez que à medida em que os trabalhadores se concentram nas cidades, também se concentraria uma expressiva parcela do mercado final, o que acarretaria uma redução nos custos globais de transporte.

O avanço da urbanização industrial ao dificultar cada vez mais o acesso, o escoamento e a movimentação interna das matérias primas e das pessoas, transformam o que inicialmente seriam as economias de escala e aglomeração para as empresas em deseconomias de escala e aglomeração nas cidades. A teoria neoclássica sugere que o problema seria resolvido quando as economias se equiparassem às deseconomias de escala, embora o que ocorre é que algumas empresas conseguem continuar se expandindo mesmo que isso leve a deseconomias para o resto da sociedade.

Devido aos investimentos já realizados as empresas raramente abandonam a cidade e os habitantes também não o fazem devido aos seus investimentos materiais e emocionais. Desta forma, busca-se novas alternativas para superação dos pontos de estrangulamento, o que acaba gerando investimentos crescentes em diversas áreas de infra-estrutura urbana, com especial destaque para a construção civil , a qual potencializa ainda mais o crescimento das cidades e das próprias indústrias.

Devido ao paradigma eletromecânico, no qual os ganhos de eficiência se associam a escalas crescentes, os investimentos necessários à resolução de um estrangulamento levam à expansão do sistema urbano e, consequentemente, ao surgimento de novos estrangulamentos. A infra-estrutura urbana se caracteriza através de grandes projetos de longo prazo de maturação que apresentam custos finais difíceis de serem repassados a seus usuários finais. Pelo fato de não atraírem diretamente o capital privado, o setor público intensifica sua participação.

 O liberalismo puro, ainda que suficiente para criar e deslanchar o desenvolvimento urbano-industrial, não tem capacidade para sustentar continuamente esse mesmo desenvolvimento.

Como a construção civil trabalha por projetos, fica impedida a padronização plena de seus produtos o que gera processos trabalho-intensivos em que a produtividade se expande a taxas relativamente baixas. A ampliação de serviços públicos afetam intensamente a própria dinâmica de desenvolvimento econômico, com destaque para o fato de que os serviços viabilizam maior aproveitamento das economias de transportes e aglomeração no tocante às indústrias. Outros dois fatos merecedores de destaque seriam a expansão do funcionalismo, potencializando o processo de terceirização dos empregos, e o expressivo aumento dos gastos do governo.

Com a tributação progressiva da renda, o incremento dos gastos governamentais geram uma melhor distribuição de renda, com impactos no processo de crescimento econômico e de geração de empregos. Através dessa estratégia tributária e de seu eficiente reinvestimento em termos de ampliação da infra-estrutura dos serviços sociais urbanos, o governo possibilita a ampliação da propensão agregada média ao consumo.

Ao longo da evolução urbana, desenvolve-se o comércio varejista e uma infinidade de serviços pessoais que não existiam no meio rural ou eram feitos pela própria unidade familiar. Com a repetição deste fato em todos os países desenvolvidos, os serviços passam a ser vistos como o novo carro-chefe do capitalismo, numa dinâmica de crescimento conhecida como pós-industrial, onde a racionalidade econômica se baseia no fato de que incrementos adicionais de renda são cada vez menos alocados para as necessidades básicas.

A justificativa básica para a baixa expansão da produtividade da força de trabalho seria, naturalmente a incapacidade de uma maior mecanização dos serviços, fato esse ainda mais marcante nos serviços burocráticos que se mantiveram num patamar tecnológico trabalho-intensivo. Com base nessa característica, fica claro que os serviços não poderiam se constituir em uma nova sociedade de natureza pós-industrial.