Universidade Federal de Viçosa

Pós-Graduação em Genética e Melhoramento

Departamento de Biologia Geral

Seminário de Tema Livre

 

Carolina da Silva Rocha

Orientador: Francisco Murilo Zerbini

 

TÍTULO: SUPRESSORES VIRAIS DO SILENCIAMENTO GÊNICO

 

Plantas desenvolveram um eficiente mecanismo para combater uma ampla gama de vírus de DNA e RNA. O silenciamento de RNA é um termo geral que descreve o silenciamento gênico pós-transcricional em plantas, fungos e animais e parece ser um mecanismo que age na defesa do organismo contra invasão de ácidos nucléicos como vírus, transposons e até mesmo seqüências altamente repetidas no genoma. Esse mecanismo também atua durante o desenvolvimento de plantas e animais promovendo o controle gênico por meio da degradação de RNA, inibição da tradução ou modificação da cromatina. Existem duas vias de silenciamento de RNA distintas, mas com sobreposições, a via dos siRNAs (short interfering RNA)  e a via dos miRNAs (micro RNA). A primeira exibe um papel chave na defesa contra DNAs exógenos. A resposta antiviral da planta é iniciada quando uma proteína RNase III-like, DCL, com o auxilio de HYL1, cliva o RNA viral fita dupla (dsRNA) em pequenos RNAs chamados siRNAs, de 21 a 24 nucleotídeos de tamanho, no núcleo da planta. Apenas uma fita de RNA é incorporada ao RISC (RNA-induced silencing complex), do qual faz AGO1, que é guiada para reconhecer e degradar RNAs complementares ao RNA que gerou os siRNAs. Os vírus de plantas desenvolveram diversos mecanismos capazes de bloquear a via de silenciamento de RNA em diferentes partes, por meio da ação de proteínas supressoras de silenciamento. Algumas afetam o silenciamento sistêmico, outras atuam impedindo o acúmulo de siRNAs, ou bloqueando sua atividade. Podem ainda proteger o RNA viral impedindo sua degradação pela maquinaria de silenciamento, ou através da interação como o complexo RISC, impedindo que este reconheça e degrade o mRNA alvo complementar. HC-Pro é um supressor de silenciamento de potivírus que interfere no acúmulo dos siRNAs, impedindo o processamento de dsRNA pela DCL. Já a proteína p19 codificada por tombusvírus é capaz de bloquear o silenciamento tanto intracelular quanto intercelular pela sua atividade de ligação aos siRNAs. Ensaios de infiltração de folhas usando N. benthamiana expressando GFP revelaram que a proteína AC4 codificada pelos begomovírus ACMV e SLCMV tem a capacidade de suprimir a silenciamento gênico pós-transcricional. Outros trabalhos mostraram que a proteína AC2 do ACMV também é supressora. A identificação e caracterização do modo de ação das proteínas supressoras do silenciamento gênico tem uma importância fundamental do entendimento da interação patógeno-hospedeiro e na elucidação da via dos siRNAs.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

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        Carolina da Silva Rocha                             Francisco Murilo Zerbini

                 (Estudante)                                                  (Orientador)