UNIVERSIDADE FEDERAL
DE VIÇOSA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM GENÉTICA
E MELHORAMENTO
SEMINÁRIO DE TEMA LIVRE
Prelecionista: Nicola
Vergara Lopes Serão
Orientadora: Simone Eliza
Facioni Guimarães
GENÔMICA NUTRICIONAL E A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
Com as publicações dos primeiros
rascunhos do genoma
humano em
2001, avanços significativos
têm sido observados na caracterização
de processos biológicos a nível
molecular, definindo quais genes são
induzidos ou reprimidos (o transcriptoma), que proteínas são produzidas (o proteoma) e como
essas proteínas influenciam processos metabólicos
(o metaboloma). Assim, novos estudos
têm revelado de que maneira o ambiente
modifica esses eventos
moleculares e como o genótipo pode ser usado para predizer o fenótipo, controlando-se parte
do ambiente. Neste contexto,
existe uma grande preocupação em elucidar a natureza interativa dos fatores
genômicos, dietéticos e de ambiente, e como
essas interações influenciam respostas imunes.
Um dos focos
da genômica nutricional é entender como dietas e seus componentes
afetam a expressão gênica e como essas mudanças influenciam a expressão
e modificação de proteínas,
o metabolismo, e, principalmente,
a saúde (Nutrigenômica). O outro é o entendimento
de como a variabilidade genética modifica a resposta
fisiológica de um indivíduo
à dieta e como
isso pode influenciar
seus parâmetros
clínicos (Nutrigenética).
No setor de
alimentos, a genômica nutricional atua
na definição de modelos
de produção animal
e vegetal, para maximizar
sua quantidade
e a resistência a doenças e modificando sua
composição para
melhorar qualidades
nutricionais que são
importantes para
a saúde humana.
Sua aplicação
ainda inclui a identificação
de sinais dietéticos
que atuam na resposta
imune, eliminando a necessidade
do uso de antibióticos em alimentação animal. Embora
transgenia não seja bem
aceita para produção de alimentos de origem
animal, na área
vegetal possui um
espaço para utilização, sendo uma das ferramentas a serem usadas na melhoria
nutricional dos alimentos. Primeiramente,
a produção de plantas
transgênicas era dada
por razões
agro-econômicas (resistência a herbicidas
e patógenos). Recentemente, tem-se dado mais foco na melhoria das qualidades
nutricionais das plantas. Um bom exemplo é o arroz
dourado, uma linhagem de arroz modificada que
produz β–caroteno (pró-vitamina A) no endosperma, designada como
uma solução biotecnológica para
a solução do problema
de deficiência de vitamina
A. Na produção animal,
os pesquisadores têm focado na interação dos fatores
genéticos com
a dieta, como a suplementação de óleo vegetal com altos teores de
ácido linoléico e/ou
linolénico em dietas para vacas leiteiras,
o que aumenta os níveis de ácido linoléico conjugado
cis-9 e trans-11, agentes
anticancerígenos, no leite.
O processamento
de alimentos possui várias etapas que
influenciam o resultado do produto final.
O entendimento da base
molecular destas etapas é importante para a melhoria
das técnicas de produção.
Brócolis, um
dos mais populares
vegetais, possui tempo
de prateleira muito
curto, amarelando e perdendo turgor poucos
dias após a colheita. Este evento é comparado a senescência de folhas, e seus fatores genéticos
e ambientais estão sendo estudados. A genômica pode ser
usada na segurança alimentar,
avaliando a segurança dos componentes
alimentares e na detecção
de microorganismos que podem ser prejudiciais a saúde humana. Assim como na validação de produtos
de origem animal
e vegetal, evitando fraudes
e assegurando a qualidade do produto.
A nutrição é um fator determinante
para o desenvolvimento de doenças, logo a dieta atua no controle das condições
normais de saúde. Na indústria moderna de alimentos, seus produtos já possuem
enriquecimento de vitaminas e minerais, suprindo a necessidade destes e
praticamente erradicando diversos distúrbios. O entendimento de como alimentos
e seus componentes modulam a saúde é o conhecimento principal para o
desenvolvimento de alimentos funcionais. Embora 99,9% da seqüencias de DNA
humano sejam idênticas, o 0,1% de diferença entre dois indivíduos possui grande
significância biológica. É possível verificar a diferença na resposta de
ingestão de alimentos pobres em colesterol, onde os níveis de LDL no plasma
variam bastante entre indivíduos. Em alguns casos, existe a interação entre a
dieta e um único gene, como no caso do gene MTHFR
relacionado com níveis de homocisteína no plasma, e
no gene da Lactase, onde um SNP está
associado à persistência/não-persistência de lactase em indivíduos. Estes
e outros resultados levam ao desenvolvimento de testes nutrigenéticos,
para verificação desses polimorfismos e elaboração da chamada “nutrição
personalizada”.
Embora a ciência da genômica
nutricional ainda esteja imatura, ela já está influenciando múltiplos aspectos
da cadeia alimentar, além de já estar sendo vista com bons olhos pelos setores
econômicos. Com o tempo, a genômica nutricional deve acelerar o desenvolvimento
de alimentos funcionais e estender o conhecimento e o entendimento das
interações gene-dieta, o ponto chave para o desenvolvimento da nutrição
personalizada.
Literatura Consultada
BROWN,
L.; VAN DER OUDERAA, F. Nutritional genomics: food industry
applications from farm to fork. British Journal of Nutrition, 97(6):1027-35,
2007.
FURLAN, L.R; FERRAZ, A.L.J.; BORTOLOSSI, J.C.B. A genômica funcional no âmbito
da produção animal:
estado da arte
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de Zootecnia,
v.36, suplemento especial, p.331-341,
2007.
SALTER, A.M.;
TARLING, E.J. Regulation of gene
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