DEPARTAMENTO
DE FITOTECNIA
Programa de
Pós-Graduação em Genética e Melhoramento
FIT 798 –
Seminários em Genética e Melhoramento
SEMINÁRIO DE
TEMA LIVRE
Prelecionista: Éder
Matsuo
Orientador: Prof.
Tuneo Sediyama
MELHORAMENTO GENÉTICO DE
SOJA VISANDO RESISTÊNCIA ÀS DOENÇAS FÚNGICAS
A soja (Glycine max (L.) Merrill) apresentou na
safra 2007/2008 área cultivada de 21,3 milhões de hectares, produção de 60,1
milhões de toneladas e 2.808 kg.ha-1 de produtividade média (CONAB, 2008),
todavia, a produção tem sido afetada pelo agravamento de doenças fúngicas, propiciando
prejuízos consideráveis para os produtores, programas de melhoramento e conseqüentemente
ao país. Segundo EMBRAPA (2008), o controle das doenças através de resistência
genética é a forma mais eficiente e econômica. Com isso, os programas de
melhoramento de soja têm trabalhado de modo a desenvolver cultivares resistente
às doenças fúngicas, objetivando maior lucratividade para os agricultores e
menor dano ao meio ambiente. Como fontes de resistência para as doenças devem
ser utilizadas, principalmente, as cultivares adaptadas ao local de interesse,
todavia, outras fontes de resistência também podem ser utilizadas. No Brasil,
já foram identificadas 34 doenças fúngicas na cultura da soja (EMBRAPA, 2008) e
as principais doenças podem ser divididas em décadas como: Mancha “Olho-de-rã” (Cercospora
sojina Hara) na década de 1970; Cancro-da-haste (Diaporthe phaseolorum f.sp.
meridionalis) na década de 1980; Oídio (Erysiphe diffusa) na
década de 1990 e Ferrugem “asiática” (Phakopsora pachyrhiri) na década
de 2000 até atualmente (SEDIYAMA com. pess., 2008). A doença Mancha “Olho-de-rã”,
com resistência condicionada por um ou poucos genes (oligogênica), foi identificada
pela primeira vez em 1971. Atualmente já foram determinadas 25 raças
fisiológicas do patógeno. O Cancro-da-haste, identificado, no Brasil, na safra
1988/1989 causou prejuízos estimados em US$ 500.000.000,00 até a safra
1996/1997. A sua resistência é condicionada por até três genes. O Oídio
apresentou severa incidência na safra 1996/97, causando perdas de até 40% em
lavouras infectadas. BUZZELL e HAAS (1978), trabalhando com herança,
verificaram que a resistência dessa doença é condicionada por um gene e PEREIRA
(2001) comentou que o fungo apresenta grande número de diferentes isolados,
tornando assim, mais difícil o controle da doença por meio de resistência
genética. O principal método de melhoramento utilizado para transferência de
fatores genéticos é a hibridação e seleção, com condução da população
segregante pelos métodos dos retrocruzamentos e SSD (Single Seed Descendent),
mas outros métodos também podem ser utilizados, dependendo dos objetivos dos
programas de melhoramento. Quanto à Ferrugem “asiática” os danos severos foram
observados, pela primeira vez, na safra 2001/2002 no Estado do Paraná e
continua causando sérios prejuízos aos agricultores. Oito raças fisiológicas
foram identificadas no Brasil e vários genes de resistência já foram
encontrados, porém alguns foram quebrados em função da grande capacidade de
variabilidade do patógeno e presença de plantas hospedeiras. A avaliação de
resistência da Mancha “Olho-de-rã”, Cancro-da-haste e Ferrugem “asiática” pode
ser realizada por meio de inoculação artificial em condições de casa-de-vegetação
ou utilizando marcadores moleculares. Ao passo que para o Oídio tem sido
realizada em casa-de-vegetação ou campo. Atualmente, das cultivares de soja recomendadas para
a Região Central do Brasil com informações sobre reação às doenças: 88% são
resistentes à Mancha “Olho-de-rã”, 85% são resistentes ao Cancro-da-haste e 22%
são resistentes ao Oídio (Embrapa, 2008). Das cultivares apresentadas na XXX
Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB) realizada em
Rio Verde – GO, em agosto de 2008, com informações sobre reação às doenças: 87%
são resistentes à Mancha “Olho-de-rã”, 100% são resistentes ao Cancro-da-haste e
90% são moderadamente resistentes ao Oídio (EMBRAPA, 2008a).
Referências
BUZZELL,
R.I.; HAAS, J.H. Inheritance of adult plant resistance to powdery mildew in
soybean. Canadian Journal of Genetics and Cytology, v.20, n.1, p.151-153,
1978
CONAB –
COMPANHIA NACIONAL DO ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira: safra
2007/2008. Décimo primeiro levantamento
- agosto de 2008. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/conabweb/dow
nload/safra/estudo_safra.pdf>
Acesso em: 06 de setembro de 2008
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Resumos da XXX Reunião de Pesquisa de Soja
da Região Central do Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 360p., 2008a
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Tecnologia de produção de
soja – Região Central do Brasil – 2008. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa
Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste, 280p., 2008
PEREIRA, D.G. Variabilidade
de genótipos de soja quanto à resistência ao oídio (Microsphaera diffusa Cke. & Pk.) e ao desempenho agronômico.
150p. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento) – Programa de Pós-Graduação
em Genética e Melhoramento, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2001
SEDIYAMA, T.
Comunicação Pessoal, 2008
______________________________ Éder Matsuo Prelecionista |
________________________________ Prof. Tuneo Sediyama Orientador |