UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA

Pós-Graduação em Genética e Melhoramento

FIT 798 – Seminários em Genética e Melhoramento

 

SEMINÁRIO DE TEMA LIVRE

 

CONSERVAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS EX SITU

A biodiversidade é definida como a multitude de bioformas em todas as categorias taxonômicas e ecológicas que habitam a biosfera, e dentro da biodiversidade há uma pequena parcela designada como recursos genéticos, que consistem na diversidade de material genético com interesse atual ou potencial. Estes recursos são a matéria prima básica utilizada nos programas de melhoramento. Segundo Allard (1971), o termo germoplasma é definido como a soma total das matérias de cada espécie, podendo ser na forma de pólen, anteras, plantas, sementes, tecidos, células ou estruturas simples, germoplasma também pode ser definido como qualquer subamostra com capacidade de manter geração após geração as características genéticas de uma população (Silva, 2008). Acesso são amostras de germoplasma que representam a variação genética de uma população e foram registradas em um banco de germoplasma, sendo que na lei brasileira, orientação técnica n° 2 de 30 de outubro de 2003, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), sugere a utilização de subamostra, em vez de acesso, uma vez que acesso possui outra conotação nas leis brasileiras, sendo acesso qualquer atividade cujo objetivo seja o isolamento e a utilização de informações de origem genética, moléculas, substâncias provenientes do metabolismo ou extratos para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção, visando sua aplicação industrial ou de outra natureza (CGEN, 2003). Coleta é definida como a obtenção de um recurso genético quer seja do patrimônio genético ou coletado ex situ. Os recursos genéticos podem ser conservados in situ ou ex situ, onde a conservação in situ é a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais, e ex situ é a conservação fora dos seus habitats naturais, geralmente através de sementes. Praticamente todas as espécies podem ser conservadas ex situ, desde que seja possível manter constantes as freqüências alélicas geração após geração (Brasil, 2001). A rigor, a conservação dos recursos genéticos envolve as seguintes etapas: aquisição, multiplicação, armazenamento e manejo do germoplasma, sendo o manejo dividido em: caracterização e avaliação, regeneração e multiplicação, documentação, seleção e pré-melhoramento. Os principais tipos de coleções ex situ são: Coleção base, Coleção Ativa, Coleção de Trabalho, Coleção a Campo, Coleção in vitro, Coleção em Criopreservação, Coleção Nuclear e Banco Genômico.  A sede física onde são centralizadas todas as atividades relativas ao manejo do germoplasma é comumente chamada de Banco de Germoplasma, que mantêm as coleções de recursos genéticos para preservação a longo, médio e curto prazo, a fim de auxiliar melhoristas de plantas e pesquisadores. O mais famoso Banco de Germoplasma foi criado sob a coordenação de Nikolai Ivanovik Vavilov, nas décadas de 20 e 30. Atualmente o número de bancos de germoplasma ultrapassa a 1500 com mais de 6,5 milhões de subamostras armazenadas (LOPES e MELLO, 2004). A FAO, desde o início dos anos 60, vem realizando esforços para fortalecer as atividades de conservação ex situ dos recursos genéticos, inclusive a elaboração de acordos e o desenvolvimento de atividades de conservação organizadas em rede. Com a criação do CGIAR (Consultative Group on International Agricultural Research) no início da década de 70, foram realizados estudos propondo a criação de uma rede de Bancos de Germoplasma (CGIAR, 2008). Essa proposta baseava-se na convicção que os sistemas de pesquisa agrícola nacionais deveriam ser à base do sucesso dos programas globais de recursos genéticos. Os 16 centros do CGIAR (CIMMYT, CIAT, IRRI, CIP, ILRI, CIFOR, entre outros) atuam hoje com o objetivo maior de desenvolvimento e suporte da agricultura, no sentido de ampliação e fornecimento de recursos genéticos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população de países em desenvolvimento. No Brasil, o primeiro Banco de Germoplasma criado foi em 1930 pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e na década de 70 o governo federal criou o Centro Nacional de Pesquisa em Recurso Genético e Biotecnologia (CENARGEN), que em 2008 se tornou o quarto maior banco de germoplasma do mundo. O Brasil também possui, o Sistema Brasileiro de Documentação e Informatização de Recursos Genéticos - Sibrargen, que é um sistema de informatização com banco de dados centralizado e disponibilizado para acesso via internet, semelhante nessa área, em especial, o Germplasm Resources Information NetwokGrin. O objetivo do sistema é armazenar e tornar acessíveis as informações sobre os recursos genéticos animais, microrganismos e de vegetais disponíveis na Embrapa para a pesquisa agropecuária nacional (CENARGEN, 2008). 

 

Referências

 

Allard, R.W. 1971. Princípios do melhoramento genético de plantas. Rio de Janeiro: USAID, 331 p.

Brasil, MMA. 2001. Conselho de Gestão do Patrimônio Genético: legislação. Brasília, DF. Online. Disponível na internet: http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 28 out. 2008.

CGEN, Conselho de Gestão do Patrimônio Genético. Orientação Técnica n° 2, de 30 de outubro de 2003. Ministério do Meio Ambiente, Brasil.

CGIAR. Consultative Group of International Agricultural Research. Disponível em: <http://www.cgiar.org/impact/global/index.html> Acesso em 07 de out. 2008. 

CENARGEN, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Sistema brasileiro de informação em recursos genéticos. Disponível em: <http://www.cenargen.embrapa.br/recgen/recgen.html> Acesso em 3 out. 2008.   

LOPES, M.A.; MELLO, S.C.M. Estratégias para melhoria, manutenção e dinamização do uso dos bancos de germoplasma relevantes para a agricultura brasileira. Centro de Referência em Informação Ambiental – CRIA. Disponível em: <http://www.cria.org.br/cgee/documentos/DinamizacaoAgronegocio.doc> Acesso em 07 de out. 2008. 

SILVA, D.J.H. Comunicação pessoal. Viçosa, junho, 2008.

 

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André Pugnal  Mattedi                     Ciro Maia Brito                           Jorge Gonzáles         

       (Prelecionista)                           (Prelecionista)                            (Prelecionista)

 

 

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Derly José Henriques da Silva

             (Moderador)