GENÉTICA DO
COMPORTAMENTO
Prelecionista: Maykon Passos Cristiano
Orientadora: Profª. Tânia Maria Fernandes Salomão
A genética do comportamento objetiva
identificar genes que possam influenciar o comportamento, e entender de que
forma suas proteínas interagem na estrutura e função no sistema nervoso
(Robinson & Bem-Shahar, 2002). Deste modo, o simples fato de que os genes
são requeridos e necessários para construção de neurônios, e que a atividade
neuronal produz o comportamento, a genética é de fundamental importância para
compreensão do comportamento.
Muitos estudos sobre genética
do comportamento com organismos modelos já foram realizados, principalmente com
Drosophila melanogaster. Sendo
limitados os estudos visando identificar genes que estejam envolvidos no
comportamento social (Robinson & Bem-Shahar, 2002). Neste sentido, a ordem
Hymenoptera é bastante interessante, pois, por exemplo, em uma única família
existem espécies solitárias, sociais e altamente sociais (eussociais) (Lockhart
& Cameron, 2001).
Estudando duas linhagens da
abelha Apis mellifera, Rothenbuhler
em 1964 associou um comportamento característico com o genótipo de tais
colméias. Ele observou que as abelhas da linhagem “higiênicas” eram mais
resistentes a uma doença causada pela bactéria Paenibacillus larvae. Esta bactéria mata as larvas e as pupas das
abelhas. Rothenbuhler verificou que abelhas “higiênicas” removiam a cria morta,
evitando a contaminação de toda a colônia. E a linhagem “não higiênica”, mais
sucessível a doença, não possuía este comportamento. Ao cruzar a linhagem
“higiênica” com a “não higiênica”, constatou que toda a F1 era “não
higiênica”.
Em colônias de abelhas, as operárias
permanecem no interior da colméia realizando tarefas como o cuidado da cria (nursing). A partir de duas a três
semanas iniciam as atividades de forrageamento (fora da colônia). Estudos
recentes mostram que a transição de comportamento do interior da colônia para o
forrageamento, está ligado ao gene For,
que já havia sido identificado em Drosophila
melanogaster (Ben-Shahar, 2002).
A espécie de formiga
conhecida como formiga do fogo (Solenopsis
invicta) é peculiar, pois exibe um fundamental polimorfismo social: com
colônias monogínicas (uma rainha/colônia) ou poligínicas (mais de uma
rainha/colônia). Foi identificado que o gene Gp-9 está diretamente relacionado com a organização social destas
formigas. Rainha e operárias de colônias monoginicas possuem apenas o genótipo Gp-9BB. Já as colônias poliginicas
tem rainhas com o genótipo Gp-9Bb,
e operárias com os genótipos Gp-9BB
ou Gp-9Bb. Foi demonstrado
que as operárias de colônias poliginicas do genótipo Gp-9Bb, tem o poder de distinguir entre as rainhas com o
genótipo Gp-9BB e
Gp-9Bb. Deste modo elas
matam as rainhas que não possuam o alelo semelhante ao seu (Gp-9b) (Keller & Parker,
2002).
Estudo com padrões de
expressões gênicas no cérebro da vespa Polistes
metricus mostraram diferenças entre os diferentes grupos de castas. Os
padrões de expressão são similares entre as operárias e fundadoras
(iniciam uma nova colônia), e diferentes de rainha e ginas (novas
reprodutoras). Estes indícios podem suportar uma evolução entre o comportamento
maternal e a eussocialidade (Toth, 2007).
Hymenopteros são modelos
interessantes, uma vez que diferentes castas apresentam diferentes
comportamentos devidos à expressão diferenciada dos genes. Estes insetos são,
portanto, considerados modelos mais acessíveis para identificação de genes
candidatos envolvidos para determinado comportamento.
Referências Bibliográficas:
Robinson GE &
Ben-Shahar Y (2002) Social behaviorr and
comparative genomics: new genes or new regulation? Genes, Brain and
Behaviour 1: 197-203.
Lockhart PJ &
Cameron SA (2001) Trees for bees. Trends
Ecol Evol 16: 84-88.
Rothenbuhler WC
(1964) Behavior genetics of nest
cleaning in honey bees. IV. Responses of F1 and backcross
generations to disease-killed brood. Am Zool 4: 111-123.
Ben-Shahar Y,
Robichon A, Sokolowski MB & Robinson GE (2002) Influence of gene action across different time scale on behavior.
Science 296: 741-744.
Keller L &
Parker JD (2002) Behavioral genetics: a
gene for supersociality. Current Biol 12: R180-R181.
Toth AL et al. (2007) Wasp gene expression supports an evolutionary link between maternal
behavior and eusociality. Science 318: 441-444.
____________________________ Maykon Passos Cristiano (Prelecionista) ____________________________ Tânia Mª Fernandes
Salomão (Orientadora)