Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

                              

 

 

MESA REDONDA

SELEÇÃO RECORRENTE EM PLANTAS AUTÓGAMAS

Prelecionistas:

Maria Elisa de Sena, Lelisângela Carvalho da Silva, José Ângelo N. de Menezes Júnior, Vanessa Maria Pereira e Silva

 

A seleção recorrente é um processo cíclico de seleção de progênies e ou indivíduos de uma população, seguida da recombinação destes para formar uma nova população. Esta população pode ser utilizada para início de um novo ciclo de seleção, e assim sucessivamente, sendo, portanto, um processo contínuo e dinâmico de incremento nas freqüências dos alelos favoráveis (Geraldi, 1997). A seleção recorrente foi proposta na década de 40 para plantas alógamas. Seu emprego, especialmente na cultura do milho, tem sido expressivo ao longo do tempo. No caso de plantas autógamas, são encontrados, na literatura, vários argumentos que enfatizam a importância do processo de seleção recorrente na obtenção de genótipos superiores, principalmente quando o caráter de interesse é controlado por vários genes (Fouilloux & Bannerot, 1988; Ramalho et al., 2001 e Geraldi, 1997). As principais vantagens deste método são: a obtenção de maior variabilidade genética pelo intercruzamento de múltiplos genitores; a oportunidade para a ocorrência de recombinações, devido aos intercruzamentos sucessivos; o aumento cumulativo da freqüência de alelos favoráveis e a facilidade para a incorporação de germoplasma exótico na população. O processo de seleção recorrente inicia-se com a formação da população base, nessa etapa deve-se dar ênfase na escolha dos genitores. Esses devem apresentar expressões fenotípicas desejáveis para o maior número de caracteres de interesse, além da necessidade de serem o mais divergente possível, possibilitando associar média alta e alto nível de variabilidade genética, que são condições indispensáveis para se obter sucesso com a seleção (Ramalho et al., 2001). A partir daí, várias estratégias têm sido utilizadas pelos pesquisadores, em cada uma das três etapas básicas do programa de seleção recorrente (obtenção da população base, avaliação de famílias e recombinação das famílias selecionadas para formar o ciclo seguinte). As estratégias utilizadas dependem de vários fatores tais como: caráter avaliado, herdabilidade, presença de macho-esterilidade, mão de obra, etc. Um ponto importante a ser ressaltado é o mito de que a seleção recorrente em plantas autógamas é um método demorado e que a realização de muitos cruzamentos é difícil, sendo inclusive um fator limitante. Entretanto, esta não é uma verdade absoluta, pois, não precisa ser obtido um número muito grande de sementes híbridas. Quanto ao tempo gasto vai depender da alternativa de seleção escolhida. Além disso, é possível obter linhagens ao final de cada ciclo de recombinação e seleção, ou seja, o tempo gasto para obter uma linhagem (número de gerações) é o mesmo em qualquer método de melhoramento utilizado. Na condução de um programa de seleção recorrente, não existe uma etapa que seja mais importante ou mais difícil, o mais importante é ter empenho e organização, para que o processo não corra risco de descontinuidade. Visando confirmar a eficiência da seleção recorrente no melhoramento de plantas autógamas, diversos trabalhos são encontrados na literatura para diferentes caracteres em várias culturas em todo o mundo: Arroz (Rangel et al., 2002), Aveia (Holland et al., 2000), Cevada (Marocco et al., 1992), Ervilha (Lewis & Gritton, 1992), Feijão (Ramalho et al., 2005), Soja (Burton et al., 1990) e Trigo (Wiersma et al., 2001). O que se espera com a seleção recorrente é a contínua melhoria na expressão do caráter sob seleção sem redução na variabilidade genética para se continuar obtendo ganhos futuros.

 

burton, j. w.; koinange, e. m. k.; brim, c. a. Recurrent selfed progeny selection for yield in soybean using genetic male sterility. Crop Science, Madison, v. 30, n. 6, p. 1222-1226, Nov./Dec. 1990.

 

FOUILLOUX, G.; BANNEROT, H. Selection Methods in the common bean (Phaseolus vulgaris L.). In: Gepts, P. (Ed). Genetic Resources of Phaseolus beans: their maintenance, domestication, evolution, and utilization. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1988. p 503-541.

 

Geraldi, I. O. Selección recurrente en el mejoramiento de plantas. In: Guimarães, E. P. (Ed.). Seleccion recurrente en arroz. CIAT: Cali, 1997. p. 3-11.

 

HOLLAND, J. B.; BJØRNSTAD, Å.; FREY, K. J.; GULLORD, M.; WESENBERG, D. M.; BURAAS, T. Recurrent selection in oat for adaptation to diverse environments. Euphytica, Wageningen, v. 113, n. 1, p. 195-205, 2000.

 

LEWIS, M. E.; GRITTON, E. T. Use of one cycle of recurrent selection per year for increasing resistance to Aphanomyces root rot in peas. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria,  v. 117, n. 4, p. 638-642, July 1992.

 

MAROCCO, A.; CATTIVELL, L.; DTLOOU, G.; LORENZONI, C.;  SIANCA, A. M. Performance of S2 winter barley progenies from original and improved populations developed via recurrent selection. Plant Breeding, Berlin, v. 108,  n. 3, p. 250-255, Apr. 1992.

 

RaMALHO, M. A. P.; ABREU, A. de F. B.; Santos, j. b. dos. Melhoramento de espécies autógamas. In: nass, l. l.; valois, a. c. c.; melo, i. s. de; valadares-inglis, m. c. (ed.). recursos genéticos e melhoramento de plantas. rondonópolis: fundação mt, 2001. p. 201-230.

 

RAMALHO, M. A. P.; ABREU, A. F. B.; SANTOS, J. B. Genetic progress after four cycles of recurrent selection for yield and grain traits in common bean. Euphytica, Wageningen, v. 144, n. 1/2, p. 23-29, July 2005.

 

RANGEL, P. H. N.; MORAIS, O. P. de; ZIMMERMANN, F. J. P. Grain yield gains in three recurrent selection cycles in the CNA – IRAT irrigated rice population. Crop Breeding and Applied Biotechnology, Londrina, v. 2, n. 3, p. 369-374, 2002.

 

WIERSMA, J. J.; BUSCH, R. H.; FULCHER, G. G.; HARELAND, G. A. Recurrent selection for kernel weight in spring wheat. Crop Science, Madison, v. 41, n. 4, p. 999-1005, July/Aug. 2001.

 

 

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             Maria Elisa de Sena                                                            Lelisângela Carvalho da Silva

                  Prelecionista                                                                                Prelecionista

 

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José Ângelo N. de Menezes Júnior                                                Vanessa Maria Pereira e Silva

              Prelecionista                                                                                    Prelecionista

 

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José Eustáquio de Souza Carneiro

Moderador