Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

                              

 

 

SEMINÁRIO TEMA LIVRE

 

MELHORAMENTO GENÉTICO PARTICIPATIVO

 

Prelecionista: Juarez Campolina Machado

 

O melhoramento genético de plantas tem contribuído decisivamente para atender a demanda crescente por alimentos (Vencovsky e Ramalho, 2006). A partir dos anos 60, com o desenvolvimento das cultivares modernas, alavancadas pela Revolução Verde tem-se constatado aumento expressivo em produtividade para quase todas as culturas produtoras de alimentos. Entretanto, esse sucesso não tem sido verificado em condições marginais (prevalecentes nos países em desenvolvimento). Como conseqüência, baixas produtividades, desigualdade social, mal-nutrição e eventualmente fome tem sido cada vez mais freqüentes (Ceccarelli et al., 2007).

Uma alternativa para amenizar esses problemas é o Melhoramento Genético Participativo (MGP). O MGP pode ser definido como um processo no qual os agricultores estão rotineiramente envolvidos em um programa de melhoramento com a oportunidade de tomar decisões. O objetivo geral do MGP é desenvolver uma forma alternativa de conduzir o melhoramento genético, a qual pode ser mais efetiva e mais rápida no lançamento de novas cultivares e assegurar que estas sejam adaptadas aos ambientes e às necessidades dos agricultores (Ceccarelli et al., 2007).

A colaboração entre pesquisador e agricultor permite identificar oportunidades. O melhorista, por meio da troca de experiência, identifica novas demandas dos usuários das cultivares. O agricultor, com o convívio com a pesquisa entra em contato com tecnologias avançadas e adquire conhecimentos que poderão ser úteis em sua rotina no campo.

Atualmente, existem vários programas de MGP no Brasil e no mundo. Experiência aparentemente bem sucedida é a de Fukuda e Saad (2001), que desde 1993 desenvolve pesquisa participativa com mandioca no semi-árido nordestino. Pode-se citar também o lançamento da variedade de milho “Sol da Manhã”, que foi formada e selecionada com o objetivo de atender aos agricultores que enfrentam problemas de baixa fertilidade do solo, sobretudo deficiências de nitrogênio (Machado e Fernandes, 2001). Em outras partes do mundo várias iniciativas também tem tido sucesso com o MGP, sendo que diversas cultivares foram lançadas e adotadas pelos agricultores (Ceccarelli et al., 2007; Witcombe et al., 2005).

Conclui-se que o MGP, concebe a existência do conhecimento dos agricultores, combinando com o saber científico dos melhoristas. Dessa forma, os programas de MGP, têm produzido cultivares que são adaptadas às condições e necessidades dos agricultores em áreas marginais, nas quais o melhoramento convencional não tem o mesmo sucesso.

 

 

REFERÊNCIAS:

 

FUKUDA, W.; SAAD, N. Participatory research in cassava breeding with farmers in Northeastern Brazil. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Cruz das Almas, BA, 44 p., 2001.

 

MACHADO, A.T.; FERNANDES, M.S. Participatory maize breeding for low nitrogen tolerance. Euphytica, Dordrcht, v. 122, n. 3, p. 567-573, 2001.

 

VENCOVSKY, R.; RAMALHO, M.A.P. Contribuições do melhoramento genético no Brasil. In: PATERNIANI, E. (Org.). Ciência, agricultura e sociedade. 1ª ed. Brasília, DF: Embrapa, p. 41-74, 2006.

 

CECCARELLI, S.; GRANDO, S. Decentralized-participatory plant breeding: an example of demand-drive research, Euphytica, Dordrcht, v. 155, p. 349-360, 2007.

 

WITCOMBE, J.R.; JOSHI, K.D. GYAWALI, S.; MUSA, A.M.; JOHANSEN, C.; VIRK, D.S.; STHAPIT, B.R. Participatory plant breeding is better described as highly client-oriented plant breeding. I. Four Indicators of client-orientation in plant breeding. Experimental Agriculture, Cambridge, v. 41, p. 299-319, 2005.

 

 

 

 

 

 

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Moacil Alves de Souza

Orientador

 

 

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Juarez Campolina Machado

Doutorando