Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

TEMA LIVRE

Biodiesel no Melhoramento de Plantas

Prelecionista: Vinícius Ribeiro Faria

Orientador: Prof. José Marcelo Soriano Viana

O biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais e pode ser considerado ecologicamente correto, uma vez que produz uma quantidade significativamente menor de poluentes do que os combustíveis convencionais.

Atualmente, vem crescendo a produção de biodiesel no mundo todo, com destaque para a União Européia, que lidera a produção mundial, com uma produção de mais de 4,5 bilhões de litros em 2006, seguida pelos Estados Unidos e pelo Brasil.

Porém, é dado um enfoque diferenciado em cada uma dessas regiões. Na União Européia, a principal preocupação é com relação ao meio ambiente. Os Estados Unidos apresentam um enfoque mais estratégico, com o intuito de redução da importação de petróleo do Oriente Médio. Já o Brasil, tem um enfoque que visa a promoção da inclusão social, gerando emprego e renda no campo.

Uma grande vantagem do Brasil consiste no fato de que a indústria brasileira de óleos vegetais poderia facilmente suportar uma demanda adicional para produção de biodiesel, utilizando a sua capacidade que se encontra ociosa. Além disso, o Brasil possui condições edafoclimáticas para a produção de diversas oleaginosas em todo o seu território, sem prejuízo ao plantio de culturas alimentícias.

Para atender à demanda crescente de biodiesel pode-se aumentar a área cultivada (ainda disponível no Brasil) e, também, aumentar a produtividade de óleo (produtividade de grãos x teor de óleo : 100) via melhoramento genético. Em soja, a alta correlação genética (> 0,90) entre as produtividades de grãos e de óleo e a correlação genética positiva (0,10) entre produtividade e teor de óleo favorecem o aumento da produtividade e do teor de óleo em uma mesma planta; o progresso

genético é relativamente lento, pois a seleção envolve dois caracteres quantitativos (heranças aditivas).

Outra questão que tem sido muito abordada pelas pesquisas atuais é o aumento da concentração de ácido oléico (18:1, cetano) e a redução da concentração de ácidos graxos saturados, os quais prejudicam o desempenho do motor. Em soja, a biossíntese de ácidos graxos é controlada por genes mendelianos, portanto, com herança qualitativa, fato que favorece a seleção. Neste caso, a dificuldade maior reside na quantificação dos ácidos graxos, a qual envolve espectrômetro gasoso. As concentrações relativas de ácidos graxos também podem ser alteradas através de transformação genética; este método já obteve uma linhagem de soja transgênica com mais de 80% de ácido oléico (comum = 19 a 25%) e níveis comerciais de produtividade.

Certamente, o crescimento das pesquisas sobre herança e correlações genéticas entre os caracteres (produtividade, teor de óleo, teores de ácidos graxos), bem como biotecnologia, em mamona, dendê e outras oleaginosas, permitirão no futuro progressos genéticos equivalentes àqueles que vêm sendo obtidos em soja.