Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

                              

 

Seminário de Tema Livre

 

Título: Estimativas de Diversidade Genética Molecular em Populações Naturais

 

Com a fragmentação dos habitats naturais, populações anteriormente contínuas são subdivididas em conjuntos de populações locais menores que podem estar isoladas em maior ou menor grau, dependendo da distribuição espacial dos fragmentos e do poder de dispersão da espécie. Essas alterações em seus habitats levam a conseqüências danosas para a diversidade genética das populações, mediadas por deriva genética e endocruzamento, que levam a perda de variabilidade genética e depressão por endocruzamento (Frankel e Soulé, 1981).

A diversidade genética das espécies é uma importante forma de manter a capacidade natural de responder às mudanças climáticas e a todos os tipos de variação em seu ambiente. Existem inúmeros conceitos sobre diversidade genética: Segundo Norse e MacManus (1980) diversidade genética é a quantidade de variabilidade genética entre indivíduos de uma única espécie. Segundo Weir (1996) é a soma de quadrados das freqüências alélicas. E o conceito que se aplica a diversidade genética molecular é segundo Harrison et al. (2004), que é qualquer variação nos nucleotídeos, genes, cromossomos, ou no genoma do organismo como um todo.

Os estudos de diversidade genética em populações naturais têm como principais objetivos: estimar a diversidade genética existente e analisar como esta diversidade genética está estruturada entre as populações.

          No âmbito das técnicas de genética molecular, vários métodos diretos têm sido utilizados para obterem-se estimativas da diversidade genética em populações naturais, dentre eles os mais importantes são: marcadores de polimorfismo de tamanho, sendo os dominantes (RAPD, ISSR) e os codominantes (microssatélites, RFLP); e os marcadores de seqüências de nucleotídeos (nucleares, mitocondriais e cloroplastos).

          Para se ter acesso a diversidade genética molecular é necessário a utilização de estimadores de diversidade genética, que são algoritmos que possibilitam estimar a diversidade genética existente. Dentre os estimadores os mais usuais são: os índices de dissimilaridade e distância, que são índices que mensuram a divergência genética entre pares de populações e/ou indivíduos; análise de agrupamento (SAHN), que são métodos algoritmicos gráficos que apresentam os índices de divergência de maneira mais didática e de fácil interpretação; percentual de polimorfismo, que é o numero de locos polimórficos pelo número total de locos analisados; heterozigosidade, sendo a observada e a esperada; índice de diversidade gênica, que é soma dos quadrados das freqüências alélicas; o FST, que mede a diferenciação genética entre as populações; fluxo gênico, estimativa com base no FST que indica o número de migrantes; e a AMOVA que é a Análise de Variância Molecular, que decompõe a variação genética existente em níveis hierárquicos.

Considerando essas metodologias, seus resultados são extremamente úteis para a definição de estratégias que orientem a implementação de áreas prioritárias para a conservação, além de auxiliar a implementação de programas de manejo para conservação de espécies ameaçadas de extinção. Seguindo a estrutura genético-populacional ao longo do tempo, também podem ser estimados os níveis de diversidade genética desejáveis para assegurar a viabilidade ao longo prazo e o potencial evolutivo de uma espécie (MMA, 2003).

 

 

Referências Bibliográficas:

 

FranKel, O. H. e Soulé, M. E. Conservation and Evolution. Crambridge, Crambridge University Press, 1981.

 

Harrison, I; Laverty, M.; Sterling, E. Genetic diversity. Connexions module: m12158, 2004. Disponível em: http://cnx.org/content/m12158/latest/. Acesso em 26/08/2007.

 

Ministério do Meio Ambiente – MMA. Fragmentação de Ecossistemas: Causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas. Denise Marçal Rambaldi & Daniela América Suaréz de Oliveira (orgs.). Brasília: MMA/SBF, 2003. 510 p.

 

Norse, Elliott A. and McManus, Roger E. “Ecological and Living Resources-Biological Diversity.” In: Environmental Quality 1980: The Eleventh Annual Report of the Council on Environmental Quality, 31-80. Washington, D.C.: Council on Environmental Quality. 1980.

 

Weir, B. S. Genetic data analysis II. Massachusetts, Sinauer, 1996. 377 p.

 

 

 

 

 

 

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       Henrique Batalha Filho                                 Tânia Maria Fernandes Salomão

                (Estudante)                                                            (Orientadora)