Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós Graduação em Genética e
Melhoramento
SEMINÁRIO
DE TESE
FILOGEOGRAFIA
DE Dinoponera lucida Emery, A
FORMIGA GIGANTE DO CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICA PRELECIONISTA: Helder Canto
Resende ORIENTADORA: Profa. DS
Tânia Maria Fernandes Salomão As
formigas destacam-se em muitos ambientes terrestres pela abundância numérica,
tamanho e riqueza de espécies. Estas características, associadas ao fato de
ocuparem altos níveis tróficos e frequentemente nichos especializados, estes
insetos podem ser utilizados como bio-indicadores de vários parâmetros
ambientais (Majer, 1983). As formigas do gênero Dinoponera (Ponerinae) de ocorrência restrita à América do Sul
estão entre as maiores formigas do planeta (Kempf, 1971; Paiva & Brandão,
1995). Neste grupo, onde seis espécies são reconhecidas, não existem castas
morfologicamente diferenciadas e a reprodução é feita por operárias
fertilizadas conhecidas como “gamergates”. As fêmeas são ápteras e a fase de
dispersão é restrita aos machos que são alados e de menor tamanho. O sistema
genético é haplo-diplóide, sendo o macho haplóide e a fêmea diplóide. Durante
o acasalamento, a fêmea de Dinoponera
(pelo menos em D. quadriceps),
volta para sua colônia onde ela fica de frente para o macho e corta o gáster
deste ao nível do pecíolo. A genitália masculina fica presa à fêmea um certo tempo, impedindo-a de se acasalar com um segundo
macho (Monnin & Peeters, 1998). Dinoponera lucida Emery foi incluída na lista
oficial das espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção em 2003 devido
à intensa fragmentação e perda de seu habitat natural. Sua distribuição atual
é considerada restrita ao sul da Bahia e ao Espírito Santo numa área
conhecida como Corredor Central da Mata Atlântica. Aspectos importantes sobre
a bioecologia e o comportamento de D. lucida
foram estudados por Peixoto (2006). Mariano, et al. 2004, verificaram nestas
formigas o maior número conhecido de cromossomos em Hymenoptera, além de uma
expressiva variação cariotípica: 2n=106, 116, 118 e 120 (Mariano, et al.
2005; Barros, et al. 2006; Mariano, et al. 2007-comunicação pessoal). Estes resultados
sugerem a existência de no mínimo dois demes distintos, um representando as
populações do ES e outro as populações da Bahia (Barros, et al. 2006). A
mesma inferência é feita por estudos com PCR-RFLP do mtDNA
de D. lucida, que sugerem a
separação das populações em duas regiões, Bahia-Norte do Espírito Santo (região
1) e do Centro-sul do Espírito Santo (região 2) (Costa et al. 2006). Nosso
objetivo foi estudar a filogeografia de Dinoponera
lucida Emery, com base em seqüências de nucleotídeos do mtDNA, e contribuir para a elucidação do padrão de
distribuição geográfico e estruturação populacional, que constituem dados
importantes para o manejo e conservação desta espécie. Um total de 54
colônias (1 indivíduo por colônia) de 21 localidades foram amostradas, abrangendo
toda a área de ocorrência da espécie. Fragmentos de 576-pb correspondentes a
parte da região do gene para COI, tRNAleu
e parte do gene para COII (COI/COII) foram amplificadas via PCR, purificadas
e seqüenciadas. As seqüências foram alinhadas usando clustal_W
por meio do programa MEGA 3.1. O modelo de substituição usado para a
reconstrução filogenética foi estimado com MODELTEST 3.7. Árvores
filogenéticas foram construídas pelos métodos de neigh-bour-joing (NJ),
máxima parcimônia (MP) e máxima verossimilhança (ML) usando o programa PAUP
4.0b10 com 1000 replicatas para calcular valores de bootstrap. Inferência
filogenética Bayesiana (BI) foi realizada usando MRBAYES 3.0b4 com 1.000.000
de ciclos para a cadeia de Marcov e Monte Carlo (MCMC). A rede de haplótipos
foi construída usando o programa NETWORK 4.1.0.8. O
alinhamento de 516-pb da região COI/COII apresentou 93 sítios variáveis, 31
haplótipos com diversidade haplotípica de 0.971 e nucleotídica de 0.038. Os
diferentes métodos convergiram para árvores similares e permitiram inferir sobre
estruturação das populações em relação à distância geográfica. A rede de
haplótipos permitiu avaliar a dispersão das populações ao longo da
distribuição geográfica da espécie e inferir um possível centro de dispersão
na região do sul da Bahia. Seqüências completas do gene para Cit b estão
sendo obtidas e serão analisadas com o objetivo de esclarecer alguns resultados
com base em análises de seqüências COI/ COII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Barros,
L.A.C. et al. 2006. Variação cariotípica em populações de Dinoponera lucida emery (Formicidae :
Ponerinae). Resumos
do 52º Congresso Brasileiro de Genética, pp.242. Costa, M.A.
et al. 2006. Padrões
de diferenciação geográfica em populações de Dinoponera lucida Emery (formicidae:
ponerinae) estimado por meio análises de PCR-RFLP. Resumos
do 52º Congresso Brasileiro de Genética, pp.327. Kempf, W.W. Majer, J.D. 1983. Ants: bio-indicators of minesite
rehabilitation, land-use, and land conservation. Environ. Managem., 7: 375-383. Mariano C. S. F. et al. 2004. Dinoponera lucida
Emery (Formicidae: Ponerinae): the highest number of chromosomes known in
Hymenoptera. Naturwissenschaften , 91:182–185. Mariano, C. S. F. et al.
2005. Análises comparativas no gênero Dinoponera
Roger (Ponerinae: Ponerini). Resumos do XVII Simpósio de
Mirmecologia. Monnin,
T. & Peeters, C. 1998. Monogyny
and regulation of worker mating in the queenless ant Dinoponera
quadriceps. Anim. Behav. 55: 299–306 Peeters, C. & Ito, F. 2001. Colony dispersal and the evolution of
queen morphology in social hymenoptera. Annu. Rev. Entomol. 46:601–630 Paiva, R.V.S.
& Brandão, C.R.F. 1995. Nests, worker population, and
reproductive status of workers, in the giant queenless ponerine ant Dinoponera Roger Hymenoptera
Formicidae. Ethol. Ecol. Evol. 7: 297-312. Peixoto, A.V. 2006.
Conhecimento sobre a bioecologia e o comportamento de Dinoponera lucida, Emery (Formicidae: Ponerinae). Tese. UESC,
89p. Viçosa, 08 de novembro
de 2007 _______________________________ _______________________________ Helder Canto Resende Tânia Maria Fernandes
Salomão Prelecionista Orientadora |