Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

Seminário de Tese

                               

 

Prelecionista: Gustavo Augusto Moreira Guimarães (mestrando)

Orientador: Sérgio Hermínio Brommonschenkel

Co-orientadores: Prof. Wagner Campos Otoni e Prof. Eduardo S. Gomide Mizubuti

 

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E ANÁLISE DE EXPRESSÃO DE MEMBROS DA FAMÍLIA GÊNICA PR-1 EM TOMATEIRO

 

As plantas resistem ao ataque de patógenos utilizando defesas constitutivas e induzidas. A defesa induzida é ativada pelo reconhecimento de elicitores gerais, como a flagelina de bactérias, ou específicos, como as proteínas codificadas pelos genes de avirulência (Martin et al., 2003). Este reconhecimento leva a rápida ativação das respostas de defesa da planta que incluem a síntese de proteínas relacionadas à patogênese (proteínas PR, de pathogenesis related proteins). Atualmente, são conhecidas 17 famílias de proteínas PRs (PR-1 a PR-17) que são expressas em resposta a patógenos e/ou indutores químicos. Os genes que codificam proteínas PR-1 são membros de famílias gênicas em arabidopsis e arroz (Van Loon et al., 2006). A expressão dos diferentes genes PR e de membros de cada família PR é dependente do sinal indutor da resposta de defesa (Van Loon et al., 2006). A proteína PR-1 ácida é usada como marcador da resistência sistêmica adquirida (SAR) em tabaco, porém em arabidopsis e tomateiro proteínas PR-1 básicas têm sido associadas com este tipo de resposta de defesa (Tornero et al., 1997).

Nos últimos anos, várias seqüências de proteínas PR-1 de tomateiro foram depositadas no banco de dados de seqüência de solanáceas (www.sgn.cornell.edu) e no NCBI. Análise preliminar dessas seqüências revelou que elas representam diferentes membros da família PR-1. Tendo em vista a ausência de um estudo detalhado dessas seqüências e da análise da expressão desses genes em resposta a diferentes indutores de resistência, realizou-se este trabalho que teve por objetivos: 1) a caracterização da família gênica PR-1 no tomateiro, através de análises de seqüências depositadas nesses bancos de dados, e, 2) a avaliação da cinética de expressão dos diferentes membros desta família em resposta a inoculação com Alternaria solani, ferimentos ou tratamentos com benzotidiazole, acido jasmônico e Ethephon, por meio da técnica de PCR em tempo real.

Por meio da análise de seqüências foi possível a identificação de cinco genes da família PR-1 do tomateiro, denominados: P1p14 e PR-1a P4 que codificam proteínas básicas; PR1A1, PR1A2 e PR1D que codificam proteínas ácidas já descritas e três possíveis novos membros desta família (SGN-U214259 - proteína ácida; SGN-U213451 e SGN-U220473 - proteínas básicas). O alinhamento das seqüências das pressupostas ORFs desses revelou que elas compartilham 75,25% de identidade, e pelo alinhamento da região promotora de P1p14, PR-1a P4, PR1A2 e PR1D foi possível identificar diferenças marcantes nestas regiões, sendo encontrados diferentes sítios de ligação de fatores de transcrição de acordo com a natureza (ácida ou básica) da proteína codificada pelo gene.

Por meio do desenho de oligonucleotídeos que anelam nas regiões que diferenciam os diferentes genes foi possível desenvolver ensaios de expressão específicos para quatro genes (P1p14, PR-1a P4, SGN-U 213451 e PR1A2). Esta análise revelou que os genes que codificam proteínas básicas possuem maior indução nas partes mais novas (terço superior) das plantas inoculadas com A. solani, enquanto que a expressão de PR1A2 é maior nas partes mais velhas (terço inferior) das plantas, onde a severidade da doença é maior. Assim, a expressão diferencial dos membros que codificam proteínas PR-1 ácidas e básicas em resposta a inoculação com A. solani pode ser determinante no fenótipo da interação observado nos tecidos de diferentes idades fisiológicas. O desenvolvimento de ensaios de expressão para os demais membros da família e a análise da cinética de indução em plantas tratadas com benzotidiazole, ácido jasmônico e Ethephon encontra-se em andamento. A meta final desse projeto é identificar genes que possam ser usados como marcadores específicos das respostas mediadas por cada indutor.

 

Referências bibliográficas:

 

MARTIN, G.B.; BODANOVE, A.J.; SESSA, G. Understanding the functions of plant disease resistance proteins. Annual Review in Plant Biology, v.54, p.23-61, 2003.

TORNERO, P.; GADEA, J.; CONEJERO, V.; VERA, P. Two PR-1 genes from tomato are differentially regulated and reveal a novel mode of expression for a pathogenesis-related gene during the hypersensitive response and development. Molecular Plant-Microbe Interactions, v. 10, n. 5, p. 624-634, 1997.

VAN LOON, L.C.; REP, M.; PIETERSE, C.M.J. Significance of inducible defense-related  proteins  in  infected  plants.  Annual Review of Phytopathology, v. 44, p. 135-162, 2006.