Universidade Federal de Viçosa

Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento

Seminário de Tese

                              

 

Diversidade genética de caruncho do feijão, Zabrotes subsfasciatus, por meio de marcadores moleculares ISSR

 

Mestranda: Giselle Anselmo de Souza

Orientador: Luiz Orlando de Oliveira

 

O caruncho do feijão, Zabrotes subfasciatus, é uma espécie tropical, com origem relatada no Novo Mundo e predomina em regiões mais quentes. Z. subfasciatus infestar as sementes após a deiscência das vagens ou pode infestar as sementes ainda dentro das mesmas, utilizando-se de perfurações realizadas por outros insetos. Provoca danos no feijão, tais como: alteração do peso, baixa viabilidade germinativa, depreciação do valor comercial devido à presença dos insetos mortos, ovos e excrementos nos grãos. Além dos danos diretos causados no feijão o caruncho também provoca danos indiretos, por facilitar a entrada de outros microrganismos como, por exemplo, os ácaros. Atualmente a espécie tem ampliado seu número de hospedeiros, tornando-se uma praga severa de outras leguminosas. Devido às migrações mediadas por ações humanas a espécie passou a ser cosmopolita, ocorrendo dessa forma em todas as regiões de cultivo do feijoeiro no Brasil. Há muitos dados que relatam a interação dessa praga com seu hospedeiro a nível bioquímico e molecular, entretanto pouco se sabe sobre a diversidade genética da espécie e o fluxo gênico entre populações. Estes dados são relevantes uma vez que, restrições no fluxo gênico entre populações apresentam uma importante função na evolução e adaptação local, incluindo o desenvolvimento de resistência a inseticidas e o estabelecimento de raças hospedeiras. O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade genética de populações de Zabrotes subfasciatus por meio de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence Repeat). Foram avaliadas 14 populações, amostradas em 8 estados brasileiros, totalizando 285 indivíduos. Cinco primers ISSR foram utilizados, gerando um total de 51 locos, com 100% de polimorfismo. Os dados foram analisados por meio dos programas ALERQUIM versão 3.1, POPGENE, versão 1,31 e MEGA. A análise de variância molecular (AMOVA) revelou que a maior diversidade genética das populações encontra-se dentro das populações (67% da variação total) do que entre populações (33%). Este resultado pode ser justificado pela forma de reprodução da espécie. A porcentagem de polimorfismo dentro das populações variou de 35,3 a 92,2%, sendo que a população de DOU (Mato Grosso do Sul) apresentou o menor valor de polimorfismo e a população de ALF (Mato Grosso) o maior valor.

A matriz de diversidade genética de Nei (1978) indicou que as maiores distâncias genéticas entre as populações foram entre MOC E PPO (0,3250), e as menores distâncias foram entre PRA e MON (0,0563). O valor de fluxo gênico obtido foi de 1,38, valor 2,4 vezes maior que aquele obtido por Gonzáles-Rodriguez et al (2002), através de dados de aloenzimas. Demonstrando que o fluxo gênico entre populações é restrito, reforçando a maior diversidade dentro das populações. Os dados gerados neste trabalho revelaram um grande polimorfismo na espécie. Sabe-se que a maioria do feijão produzido no Brasil apresenta produção local de sementes, fator que contribui para distribuição da diversidade de genética da espécie. Os dados obtidos ajudam a enfatizar a hipótese de que devido a mobilidade restrita e a ineficiência de dispersão a longas distâncias a espécie tende a se adaptar localmente, apresentando dessa forma vários biótipos.

 

Referências:

Yokoyama M. 1998. Pragas. In: Feijão: aspectos gerais e cultura no estado de Minas Gerais. Vieira C., Paula Jr. T.J., Borém A. (Ed). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, Cap. 12, p. 357-374.

 

González-Rdrigues et al.2002. Inter and intraspecific genetic variation and differentiation in the subling bean weevils Zabrotes subfasciatus and Z. sylvestris (Coleoptera: Bruchidae) from Mexico. Bulletin of Entomological Research. 92,185-189.

 

Gallo D., Nakano O., Silveira Neto, S et al. 1988. Manual de Entomologia Agrícola. 2ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 649p.

 

 

 

 

Giselle Anselmo de Souza

Luiz Orlando de Oliveira