LIGAÇÃO GÊNICA

MAPA CROMOSSÔMICO



Tópicos

    Introdução

    Ordem entre três genes

    Distância entre genes

    Coincidência e Interferência

    Aplicação

    Uso do mapa cromossômico


    Retorna ao GBOL


INTRODUÇÃO



Os dados dos cruzamentos para estimação de distâncias, considerando apenas a segregação de dois genes, tendem a subestimar as distâncias verificadas entre os mesmos. Isto se dá devido à permuta dupla que ocorre e não é computada como uma classe distinta, mas é incluída nas classes paternais.

O duplo-heterozigoto em fase de aproximação (AB//ab), por exemplo é capaz de produzir gametas contendo AB quando não existir permuta (classe paternal) ou quando ocorrer uma permuta de ordem par (2, 4, 6 etc permutas entre os dois genes) entre seus locos. Assim, a classe que se considera como paternal inclui também indivíduos recombinantes que deveriam ser incluídos no cálculo da distância entre os genes.

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ORDEM ENTRE TRÊS GENES



A ordem dos genes é determinada comparando-se as classes paternais, reconhecidas pela sua maior freqüência, e as classes originadas de uma permuta dupla, reconhecidas pela sua menor freqüência, obtidas a partir do cruzamento entre o triíbrido e um testador.

Considerando o triíbrido ABC//abc pode-se verificar que, entre os oito tipos de gametas diferentes por ele produzido, os gametas P paternais diferem dos de permuta dupla Rd pelo gene que ocupa a posição intermediária.

Indivíduo: A B C // a b c

Tipos Gametas
P ABC
P abc
Rd AbC
Rd aBc



Para determinar a ordem entre três genes deve-se ressaltar os seguintes aspectos:

- A ordem A/a - B/b - C/c é idêntica à ordem C/c - B/b - A/a.

- Como existem 2 classes paternais e 2 de permuta dupla é possível fazer quatro comparações. Todas as comparações nos levam à mesma conclusão.

- Nas comparações, aquela que tiver comportamento contrário às outras duas corresponderá ao gene que ocupa a posição intermediária.

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DISTÂNCIA ENTRE GENES



Após estabelecida a ordem dos genes identifica-se, em função do genótipo do progenitor, as classes originárias de permutas simples na região 1 (R1) e 2 (R2). Através da avaliação da freqüência de recombinação que ocorre numa e noutra região determina-se a distância referente a cada região. O genótipo do triplo-heterozigoto é identificado pelos gametas do tipo paternal. Assim, tem-se:

Indivíduo: A B C // a b c

Tipos Gametas
P ABC
P abc
Rd AbC
Rd aBc
R1 aBC
R1 Abc
R2 ABc
R2 abC



Uma vez identificadas as classes P, R1, R2 e Rd, calculam-se as distâncias pelas expressões:

d(A/a-B/b) = [100(R1 +R1 + Rd + Rd)]/total

d(B/b-C/c) = [100(R2 +R2 + Rd + Rd)]/total

d(A/a - C/c) = d(A/a - B/b) + d(B/b - C/c)

Para o exemplo tem-se:

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COINCIDÊNCIA E INTERFERÊNCIA



A interferência é o fenômeno pelo qual a ocorrência de permuta em uma região é capaz de reduzir a taxa de permuta na região adjacente. A ocorrência de um crossing-over num dado segmento cromossômico é um evento casual, mas a sua distribuição não é. A chance de ocorrer permuta em duas regiões adjacentes simultaneamente, não pode ser obtida pelo produto da probabilidade de ocorrer permuta na região 1, expresso pela distância nesta região e a probabilidade de ocorrer permuta na região 2, pois são eventos dependentes ou interrelacionados.

Pelas razões expostas, tem sido verificado que a taxa de crossing-over duplo esperada (CODE) é sempre superior à taxa de crossing-over duplo observado (CODO).

Os seguintes parâmetros podem ser definidos:

CODE = (d1)(d2)/100

CODO = [100(Rd+Rd)]/TOTAL

A coincidência é definida por:

co = CODO/CODE

A interferência é dado pelo complemento aritmético:

I = (CODE - CODO)/CODE = 1 - co

Uma situação oposta existe no fago T4 e no fungo Aspergilus. A ocorrência de permuta em uma região tende aumentar a probabilidade de ocorrência de permuta nas regiões vizinhas. Neste caso o coeficiente de coincidência é superior a unidade e a interferência é negativa.

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APLICAÇÃO



Como exemplo é considerado a análise da descendência do cruzamento teste envolvendo uma planta de milho triplo-heterozigoto em relação aos seguintes genes:

A/a : folha sem brilho/brilhante

B/b : folha verde/virescente

C/c : pendão normal/parcialmente estéril

A descendência foi formada por:

ObservadoBrilho da folhaCor da FolhaPendão
235Sem brilho VerdeNormal
62 Brilhante VerdeParc. Estéril
40 Sem brilho VerdeParc. Estéril
4 Sem brilho VirescenteParc. Estéril
270Brilhante VirescenteParc. Estéril
7 BrilhanteVerdeNormal
48 Brilhante VirescenteNormal
60 Sem brilho VirescenteNormal



Assim, são obtidas as seguintes informações:

Ordem entre os genes

É obtida comparando as classes P e Rd. Quatro comparações são possíveis:

P = sem brilho verde normal

Rd = sem brilho virescente parc. estéril

comparação : = # #


P = sem brilho verde normal

Rd = brilhante verde normal

comparação : # = =


P = brilhante virescente parc. estéril

Rd = sem brilho virescente parc. estéril

comparação : # = =


P = brilhante virescente parc. estéril

Rd = brilhante verde normal

comparação : = # #

Conclusão : A ordem é B/b - A/a - C/c ou C/c - A/a - B/b

Genótipo do genitor

É reconstituído pelos gametas paternais, identificados na ordem correta, conforme ilustrado a seguir:

GametaTipoObservadoBrilho da folhaCor da FolhaPendão
BACP235Sem brilho VerdeNormal
Bac-62 Brilhante VerdeParc. Estéril
BAc-40 Sem brilho VerdeParc. Estéril
bAcRd4 Sem brilho VirescenteParc. Estéril
bacP270Brilhante VirescenteParc. Estéril
BaCRd7 BrilhanteVerdeNormal
baC-48 Brilhante VirescenteNormal
bAC-60 Sem brilho VirescenteNormal



Conlusão : O genótipo do genitor é : B A C // b a c

Distância entre os genes

Como base no genótipo do genitor identificam-se as classes R1 e R2. Assim, tem-se:

GametaTipoObservadoBrilho da folhaCor da FolhaPendão
BACP235Sem brilho VerdeNormal
BacR162 Brilhante VerdeParc. Estéril
BAcR240 Sem brilho VerdeParc. Estéril
bAcRd4 Sem brilho VirescenteParc. Estéril
bacP270Brilhante VirescenteParc. Estéril
BaCRd7 BrilhanteVerdeNormal
baCR248 Brilhante VirescenteNormal
bACR160 Sem brilho VirescenteNormal



As distâncias são dadas por:

d1 = [100( R1 + R1 + Rd + Rd)]/TOTAL = [100(62 + 60 + 4 + 7)]/726 = 18,319 centimorgans

d2 = [100( R2 + R2 + Rd + Rd)]/TOTAL = [100(40 + 48 + 4 + 7)]/726 = 13,636 centimorgans

Crossig-over duplo observado - CODO

CODO = [100( Rd + Rd)]/TOTAL = [100( 4 + 7)]/726 = 1,515 %



Crossig-over duplo esperado - CODE

CODE = [(d1)(d2)]/100 = [(18,319)(13,636)]/100 = 2,498%



Coincidência e Interferência

CODE = [(d1)(d2)]/100 = [(18,319)(13,636)]/100 = 2,498%

co = CODO/CODE = 1,515/2,498 = 0,6

I = 1 - Co = 1 - 0.6 = 0.4

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USO DO MAPA CROMOSSÔMICO



Com os dados do mapa cromossômico pode-se predizer a descendência do cruzamento considerando os genes ligados. Neste caso, é fundamental que os gametas sejam estabelecidos de forma correta e suas freqüências sejam apropriadamente estimadas.

As freqüências dos gametas podem ser estabelecidas considerando os oito tipos de gametas: 2 paternais, 2 de permuta simples na região 1 (entre o primeiro e segundo genes), 2 de permuta simples na região 2 (entre o segundo e terceiro gene) e 2 de permuta dupla. As freqüências destes gametas são P, R1, R2 e Rd, respectivamente.

Neste caso admite-se serem conhecidas as disâncias (d1 e d2) e a interferência entre as regiões cromossômicas (I), como exemplificado a seguir:

A/a, B/b e C/c.

d(A/a - B/b)=d1 = 10 ud

d(B/b - C/c)=d2 = 20 ud

Ordem: A/a - B/b - C/C

Coincidência = co = 0.8

Assim, inicia-se por estimar Rd, considerando um total de 100 gametas, e as expressões:

Crossing-over duplo esperado na hipótese de interferência nula

CODE = (d1 x d2)/100 = (10 x 20)/100 = 2%

Crossing-over duplo a ser observado

Refere-se à freqüência de permuta dupla que se espera observar na descendência, admitindo a ocorrência de permuta.

CODO =(1-I)CODE = coCODE = 0,8 x 2 = 1,6%

em que:

I : interferência cromossômica

co : coincidência = 1 - I

Valor da freqüência do duplo-recombinante (Rd)

Neste caso, utiliza-se a expressão:

Rd = CODO/2 = 0,8%

Valor da freqüência do recombinante simples R1

Para o cálculo de R1, tem-se:

R1 =(d1 - CODO)/2 =(10 - 1,6)/2 = 4,2%

Valor da freqüência do recombinante simples R2

Para o cálculo de R2, tem-se:

R2 =(d2 - CODO)/2 =(20 - 1,6)/2 = 9,2%

Valor da freqüência do gameta paternal (P)

É obtido por diferença:

P = [100 - 2(R1 + R2 + Rd)]/2 = 35,8



Gametas de um triplo-heterozigoto - EX : AbC//aBc

GametasTipo Freqüência
AbC P35,8%
aBc P35,8%
ABc R14,2%
abC R14,2%
Abc R29,2%
aBC R29,2%
ABC Rd0,8%
abc Rd0,8%



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