UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO
MESA REDONDA
Prelecionistas: Éder Cristian Malta de Lanes, Marcelo Oliveira Soares e Roberto Fritsche Neto
Moderadora: Eveline Teixeira Caixeta
RESSURGIMENTO DO USO DE DUPLO-HAPLÓIDES
Uma
planta haplóide caracteriza-se por apresentar apenas um conjunto de cromossomos,
portanto, são plantas esporófiticas com número de
cromossomos gametofíticos, sendo menores e menos vigorosos do que os diplóides,
mais sensíveis à doença e fontes de estresse e, sobretudo apresentam alto grau
de esterilidade. No início da década de vinte do século passado, Bergner (1922) foi o
primeiro a descrever por ocorrência natural as primeiras plantas haplóides em Datura stramonium.
Posteriormente, relatos semelhantes foram descritos para diversas espécies
A duplicação cromossômica em plantas haplóides
ocorre de forma espontânea nas plantas, porém em taxas muito baixas. Para
contornar esses problemas são utilizados agentes duplicadores, principalmente a
colchicina que atua impedindo a formação das fibras
do fuso mitótico, e conseqüentemente, na migração dos cromossomos para os pólos
da célula, formando assim células com o número cromossômico duplicado. A esse
processo no qual ocorre à duplicação cromossômica a partir de plantas haplóides
é chamado de Duplo-Haplóide (DH).
Atualmente, os duplos-haplóides
são citados em mais de 200 espécies de plantas e o ressurgimento do interesse
pela técnica tem aumentado devido às tecnologias inovadoras e maiores
entendimentos dos processos de indução de haplóides. Diferentes métodos de
indução de haploidia são encontrados, entretanto, sua
aplicação varia de acordo com a espécie em estudo, dentre elas: a hibridação inter-específica
com posterior eliminação cromossômica, utilizado em trigo, batata e cevada; a haploidia gimnogenética,
utilizada em cebola, beterraba e algumas espécies arbóreas; a cultura de
anteras, utilizada em cevada, triticale, arroz, canola,
trigo, fumo, pimentão e café; a cultura de micrósporos, empregada em fumo, canola, pimentão, trigo, cevada, arroz e café; e o uso de
linhagens indutoras utilizado em milho. A eficiência das técnicas na obtenção
de plantas haplóides, pode se tornar fator limitante, pois diferentes genótipos
respondem de forma diferenciada às técnicas. Assim, pode
haver desvios da segregação
esperada, especialmente quando os genitores são muito distantes geneticamente. Normalmente
gametas de plantas F1 são usados na
obtenção de duplo-haplóldes, nos quais há apenas um
ciclo meiótico, limitando as oportunidades de recombinação. Para aumentar a probabilidade de quebra de
blocos de ligação, alguns autores recomendam um ciclo de autofecundação
e a utilização de gametas de plantas F2.
No melhoramento, a principal vantagem do uso
dos duplo-haplóldes é a rápida produção de linhagens homozigóticas, permitindo assim uma melhor exploração da
variabilidade genética e aumento da eficiência da seleção, pois com plantas
homozigotas a variância aditiva será máxima e os efeitos de dominância e epistasia serão neutralizados. Em F2 a seleção é mais efetiva para genes maiores com
alelos dominantes. Contudo, genótipos homozigotos para alelos
recessivos terão a proporção desejada de somente (1/4)n, onde n é o
número de genes. Com a duplicação dos cromossomos de um indivíduo F1 haplóide
esta proporção é (1/2)n e, portanto, a possibilidade de obter um
genótipo homozigoto para alelos recessivos é muito maior. Em espécies anuais a
obtenção de plantas homozigotas em uma única geração pode não representar um
ganho real de tempo no processo de melhoramento. Isso porque
são ainda necessários
alguns anos para multiplicação e seleção até que seja possível destinar as
melhores linhagens aos testes de rendimento. Entretanto, para estudos
genéticos, principalmente em genética de associação, o uso de populações
duplo-haplóides pode possibilitar grandes avanços principalmente em espécies de
ciclo longo ou com alguma dificuldade de obtenção de progênies endogâmicas (citrus, maracujá, café...) permitindo assim a
formação de populações para identificação de QTL’s.
Enfim, nota-se que o melhoramento de plantas
pode ser auxiliado pela biotecnologia, sendo que a decisão de utilizar essa
ferramenta deve ser tomada mediante avaliação de profissionais especializados,
por se tratar de uma questão em que deve ser observada a relação entre a
disponibilidade de recursos financeiros e o tempo de adoção da nova variedade.
Estudos sobre o uso de duplo-haploide
(DH) foram feitos por Gomez-Pando et
al. (2009), demonstrando que linhagens DH de cevada possuem potencial produtivo
e qualidade nutricional para serem utilizados pela indústria. Além disso, essa tecnologia mostrou-se viável em termos financeiros e
temporais para obtenção dessas linhagens em relação às metodologias
convencionais. O melhoramento de milho também utiliza DH como demonstrado por Gallais & Bordes (2007), que compararam a variação
genética entre linhagens endogamias obtidas por meio das técnicas de
descendente de uma única semente, seleção recorrente e duplo-haplóide. O uso da técnica DH compensou
financeiramente pela possibilidade de obtenção de linhagens em um tempo menor e
estas linhagens estarem aptas ao uso
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Éder Cristian Malta de Lanes Marcelo Oliveira Soares
(prelecionista) (prelecionista)
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Roberto Fritsche
Neto Eveline Teixeira Caixeta
(prelecionista) (moderadora)