Biofortificação (Progressos)
A deficiência em micronutrientes atinge mais de 3 bilhões de
pessoas em todo o mundo. Os índices de subnutridos foram reduzidos na Ásia, no
pacífico, América Latina e nas Ilhas do Caribe.
Em contrapartida, continuam crescentes para a África, mais precisamente
África sub-Saariana e regiões leste e norte deste mesmo continente (FAO, 2006).
Estimativas da WHO (2006) indicam que aproximadamente 27% das crianças até os
cinco anos de idade estão subnutridas, sendo que este índice é comum entre as
gestantes, principalmente na África e Sul da Ásia, aonde algumas estimativas
chegam a 51%.
Desde 1990,
uma série de análises tem confirmado que 50 a 70% de todas as mortes de
crianças nos países em desenvolvimento são causadas direta ou indiretamente
pela fome e a desnutrição, além disso, as deficiências nutricionais de maior
importância epidemiológica, desnutrição energético-protéica, deficiências
minerais e a hipovitaminose A, estão estreitamente associadas ao quadro
estrutural da pobreza (BRYCE et al. 2003).
O baixo
acesso das populações aos alimentos ricos em micronutrientes, a presença, em
proporções inadequadas, de inibidores e antinutrientes nas dietas, além da
baixa biodisponibilidade dos minerais são causas atribuídas às deficiências
destes elementos na população humana (LONG et al., 2004). As principais
estratégias que auxiliam o combate às deficiências nutricionais nos países em
desenvolvimento são a diversificação da dieta alimentar, a suplementação de
vitaminas e minerais para mulheres grávidas e crianças pequenas, além da
fortificação dos alimentos com esses nutrientes através de tecnologias
pós-colheita. Porém, todos estes processos dependem de infra-estruturas de
mercado e sistemas de saúde altamente funcionais, que permitam o acesso das
populações aos produtos gerados.
A introdução de produtos agrícolas
biofortificados - variedades melhoradas que apresentem um conteúdo maior de
minerais e vitaminas - além de complementar as intervenções em
nutrição existentes, proporciona maior sustentabilidade e baixo custo para
produtores e consumidores. A literatura apresenta uma série de revisões e
estudos recentes sobre a biofortificação dos alimentos (GYORGY BIRÓ, 2006;
JOHNS & EYZAGUIRRE, 2006; HARJES et
al., 2008).
O Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o
Instituto de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) coordenam o programa Harvest Plus de biofortificação de
alimentos, uma aliança mundial de
instituições de pesquisa e de entidades executoras que se uniram para melhorar
e disseminar produtos de melhor qualidade nutricional. A fase inicial do
programa contempla seis culturas básicas para a alimentação humana: feijão,
mandioca, milho, arroz, batata doce e trigo. O objetivo é gerar tecnologias e
conhecimentos para o desenvolvimento de cultivares normais e com melhor
qualidade protéica, com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A nos
grãos, que deverão ser plantadas e consumidas em diversos países em
desenvolvimento (GUIMARÃES et al., 2005). Os progressos alcançados são
inestimáveis e contribuirão, juntamente com as demais alternativas, para
amenizar os problemas de deficiências nutricionais no mundo.
Sara Rios |
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Maria Elisa Sena |
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Luciana Rosado |
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Referências
bibliográficas
Bryce, J.; El Arifeen, S.; Parkyo, G.; Lanata,
C.; Gwatikin, D.; Habicht, J.P. Reducing child mortality:
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362, p. 159-64, 2003.
FAO.
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em: http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/006/j0083e/j0083e00.htm.
Acesso em: 02 de maio de 2006.
GUIMARÃES,
P.E.; RIBEIRO, P.E.A.; PAES, M.C.D.; SCHAFFERT, R.E.; ALVES. V.M.C.; COELHO,
A.M.; NUTTI, M.; VIANA, J.L.C.; NOGUEIRA, A.R.A. & SOUZA, G.B. Caracterização
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Embrapa CNPMS, 2005. 4p. (Embrapa-CNPMS, circular técnica, 64).
GYORGY BIRÓ. How does the
bioavailability of ingredients in functional foods influence the human
biological efficiency? Functional Food,
Ano 17, n. 1, 2006.
HARJES, C.E.; ROCHEFORD, T.R., BAI, L.; BRUTNELL, T.
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JOHNS, T. & EYZAGUIRRE, P. B.
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Acesso: 12 de setembro de 2006.
LONG, J.K; BANZIGER, M. & SMITH,
M.E. Diallel analysis of grain iron and zinc density in southern
African-adapted maize inbreeds. Crop
Science, v. 44, p. 2019-2026, 2004.
WHO. The world health
reports. Disponível em:
<http://www.who.int/whr/2002/en/whr02_en.pdf> Acesso em: 02 de maio de
2006.