VARIAÇÕES NUMÉRICAS

 

·        Produção: Laboratório de Bioinformática

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Tópicos

Introdução

Aneuplóides

Uso de aneuplóides em estudos genéticos

Euplóides

Poliplóides em animais

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INTRODUÇÃO


A citogenética parte da genética especializada no  estudo da relação entre os eventos celulares, especialmente aqueles relacionados aos cromossomos, com os eventos genéticos e fenotípicos. Entre os assuntos mais detalhados pela citogenética encontram-se os estudos sobre as variações numéricas e estruturais dos cromossomos.

 
Cada espécie apresenta um número característico de cromossomos. Na grande maioria, os organismos superiores são diplóides e, conseqüentemente, apresentam 2x cromossomos em suas células somáticas e x nas células gaméticas. Entretanto, encontram-se, não raramente, certos indivíduos com número de cromossomos alterados em relação ao estado diplóide. Assim, numa população de milho, cujo genoma é representado por 10 cromossomos, podem-se encontrar plantas com 18, 19, 21, 30, 40 cromossomos, dentre outros.


Os indivíduos, com relação à variação numérica, se classificam em:

a. Aneuplóides

b. Euplóides



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ANEUPLÓIDES


CONCEITO

São os indivíduos que apresentam um conjunto de cromossomos  não correspondente a um múltiplo exato do genoma da espécie.


TIPOS DE ANEUPLÓIDES

 A Tabela a seguir apresenta alguns diferentes tipos de aneuplóides e suas respectivas fórmulas de número de cromossomos. Na Tabela, é considerada uma espécie de referência cujo genoma é representado por três cromossomos, tais como ABC.

Aneuplóide

Fórmula

Exemplo

Exemplo na espécie humana

Nulissômico

2X - 2

(AB) (AB)

22 pares

Monossômico

2X - 1

(ABC)(AB)

45 (22pares + 1)

Trissômico

2X + 1

(ABC)(ABC)(A)

47 (23pares + 1)

Duplo-trisômico

2X +1 + 1

(ABC)(ABC)(A)(B)

48 (23pares + 1 + 1)

Monossômico-trissômico

2X- l + 1

(ABC)(AB)(A)

46 (22pares + 1 + 1)

Tetrassômico

2x + 2

(ABC) (ABC) (A) (A)

48 (24pares)

 

Exemplo (Gbol)



DESCRIÇÃO DE ALGUNS ANEUPLÓIDES


a. Nulissômico

Indivíduo com variação numérica de cromossomos, que se caracteriza por apresentar um par de cromossomos a menos em relação ao diplóide normal.


b. Monossômico

Indivíduo que apresenta um cromossomo a menos em relação ao diplóide normal. Na espécie humana, a síndrome de Turner é um exemplo de monossomia.



c. Trissômico

Indivíduo que apresenta  um cromossomo a mais em relação ao diplóide. Na espécie humana, tem-se como exemplo a síndrome de Klinefelter e a síndrome de Down. A síndrome de Down foi descrita por DOWN em 1866, e se caracteriza pelo excesso do cromossomo 21. O indivíduo com esta síndrome apresenta debilidade mental, feições semelhantes à asiática (mongolismo) e apenas uma linha no quinto dedo.


d. Tetrassômico

Indivíduo que apresenta um par de cromossomos a mais em relação ao diplóide.


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USO DE ANEUPLÓIDES EM ESTUDOS GENÉTICOS

A utilização de aneuplóides em estudos genéticos é  recomendada, principalmente, para localizar ou identificar o cromossomo a que um determinado gene pertence. Para este fim, é necessário ter à disposição uma série de monossômicos (ou nulissômicos).


Série monossômica é o conjunto de populações em que cada uma apresenta monossomia para um determinado cromossomo. Assim, para uma população de milho em que  o genoma é representado por 10 cromossomos, deve-se ter estoque com monossomia para o cromossomo 1, outro estoque para o cromossomo 2, e assim por diante, até o estoque monossômico para o cromossomo 10.



Será considerado, como ilustração, que em uma população, cujo genoma é representado por quatro cromossomos, surgiu uma forma recessiva de um gene (a) e que se deseja saber em qual cromossomo esse gene está localizado. Para isso, deve-se fazer o cruzamento desse indivíduo com os estoques monossômicos. Através da análise de segregação na progênie, pode-se facilmente identificar o cromossomo a que o gene pertence. A seguir, é apresentado exemplo de identificação de cromossomo, por meio  do uso de uma série monossômica:

Indivíduo

Normal

Estoque Monossômico

Genótipo

F1

aa

10 22 33 44

AA

Aa

aa

11 20 33 44

AA

Aa

aa

11 22 30 44

A

Aa:a (pseudodominância)

aa

11 22 33 40

AA

Aa

0:  ausência do cromossomo.


A progênie F1, em que se manifesta o fenótipo recessivo, por pseudodominância, é identificada e utilizada para reconhecer o cromossomo a que pertence o gene estudado. Pseudodominância é a manifestação de fenótipo recessivo em população supostamente portadora de alelo dominante. Ocorre em razão de deficiências e, ou, perda de cromossomos.

 

Deseja-se identificar, agora, o cromossomo a que pertence a forma homozigota B . Nesse caso, devem-se realizar os seguintes cruzamentos:

Indivíduo Normal

Estoque Monossômico

Genótipo

F1

F2

BB

10 22 33 44

bb

Bb

3B_1bb

BB

11 20 33 44

b

Bb:B

(3B_:1bb)(1B_)

BB

11 22 30 44

bb

Bb

3B_:1bb

BB

11 22 33 40

bb

Bb

3B_:1bb



Nesse caso, a progênie F2 em que se manifesta segregação fenotípica diferenciada é que deve ser identificada e utilizada como indicativo do cromossomo a que pertence o gene estudado.




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EUPLÓIDES


CONCEITO

O termo euplóide é aplicado aos organismos que apresentam conjunto de cromossomos igual a um múltiplo exato do número básico da espécie.



TIPOS DE EUPLÓIDES

A seguir são  apresentados exemplos, que tomam como referência uma espécie cujo genoma é representado pelos cromossomos A, B e C. Também são descritas as fórmulas cromossômicas dos vários tipos de euplóides.

Tipos

Fórmula

Exemplo

Monoplóides

x

(ABC)

Poliplóides

Triplóides

3x

(ABC) (ABC) (ABC)

Autotetraplóide

4x

(ABC)(ABC)(ABC)(ABC)

Alotetraplóide

2x + 2x'

(ABC)(ABC)(A'B'C')(A'B'C)



EFEITOS FENOTÍPICOS DE POLIPLÓIDES


As seguintes manifestações fenotípicas estão associadas aos poliplóides:

- Formação de órgãos vegetativos gigantes. Devido a essa particularidade, a poliploidia tem merecido grande atenção por parte dos floricultores e horticultores. Exemplos bem sucedidos de poliploidia na floricultura são cravo-de-defunto, boca-de-leão, dentre outros.



- Formação de órgãos reprodutivos gigantes e de melhor qualidade. As maçãs poliplóides apresentam frutos maiores e de textura de melhor qualidade. Os milhos poliplóides são mais vigorosos e produzem 20% a mais de vitaminas que o milho normal.

- Fator de incorporação de resistência a doenças e outras qualidades desejáveis. A espécie Nicotiana tabaco é sensível ao vírus TMV, mas a espécie N glutinosa é hipersensível; o alotetraplóide resultante do cruzamento dessas espécies apresenta também  hipersensibilidade.

 

DESCRIÇÃO DE ALGUNS EUPLÓIDES


a. Monoplóides

A monoploidia é mais freqüentemente encontrada em certos organismos inferiores, como fungos. Em organismos superiores, a monoploidia é rara;  quando ocorre está associada a indivíduos de baixo vigor. Exemplos de monoploidia  são  encontrados em abelhas e vespas. O termo monoplóide distingue-se do termo haplóide, pois este é aplicável ao estado gamético do indivíduo.



b. Poliplóides

Metade dos gêneros das plantas contém poliplóides, sendo que, nas gramíneas, cerca de 2/3 são poliplóides. Entretanto, a poliploidia é rara nos animais.

 
b.1. Triplóides

Os triplóides se caracterizam pela esterilidade (ou subfertilidade), devido ao processo de gametogênese ser irregular, resultando gametas desbalanceados. Os seguintes exemplos podem ser citados: certos tipos de maçãs cujas  características são perpetuadas por enxerto e brotamento; flores de tulipa, que são perpetuadas por propagação vegetativa; melancias 3x, produzidas a partir do cruzamento entre plantas 2x e 4x,  que não apresentam sementes e são mais doces; e peixes triplóides, que, devido à esterilidade, apresentam maior conversão alimentar.



b.2. Autopoliplóide

O prefixo auto é utilizado quando o poliplóide reúne genomas idênticos, apresenta apenas associações multivalentes na meiose e seu ancestral é o  diplóide fértil da espécie. Alguns exemplos são:

a)       Trigo: Triticum monococcum é diplóide (2x = 14) e de baixa produtividade, mas o T. dicoccum é tetraplóide e apresenta grãos grandes e duros, os quais são usados na produção de macarrão.

b) Tomateiros com número de cromossomos acima de 2x são maiores e produzem frutos mais saborosos que os diplóides.



b.3. Alopoliplóides

O prefixo alo é usado quando o poliplóide apresenta as seguintes características: contém genomas duplicados de um híbrido mais ou menos estéril; apresenta associações bivalentes durante a meiose, comportando-se, em termos de segregação, como um diplóide normal, e reúne em suas células genomas de diferentes espécies. Exemplos:

Raphanus sativus (rabanete, 2x = 18)          x             Brassica oleracea (brócoli, 2x' = 18)

F1 : Híbrido (± estéril) (x + x')

F2 : Raphanobrassica (2x + 2x')


Infelizmente, o alotetraplóide raphanobrassica apresenta folhagens de rabanete e raiz de brócolis, não tendo valor de importância comercial.


Spartinna alterniflora (origem EUA)(2x = 60) x Spartina anglica (origem França e Inglaterra)(2x' = 62)

F1 : Híbrido (± estéril) (x + x')

F2: Spartina marítima (2x + 2x') = 122



Primula floribunda (2x = 18) x Primula verticilata
(2x' = 18)

F1 : Híbrido (± estéril) (x + x')


F2: Primula kewensis (2x + 2x' = 36)



Algodão-velho-mundo (2x = 26 Cr. grandes) x Algodão americano (2x' =26 Cr. Pequenos)


F1 : Híbrido (± estéril) (x + x')


F2: Algodão-novo-mundo (2x + 2x' = 26G + 26P)




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POLIPLÓIDES EM ANIMAIS




Apesar de  ser freqüente a poliploidia em vegetais, ela é relativamente rara em animais. As razões para esse fato são apontadas a seguir. Os animais, em geral, contam com mecanismos de cromossomos sexuais na determinação do sexo; entretanto, a adição de cromossomos sexuais (X e Y) leva a perda de vigor, debilidades físicas e mentais e esterilidade (ou subfertilidade).

 

Em geral os animais não apresentam mecanismos de propagação assexual para estabilização do híbrido interespecífico. Exceção é constatada no camarão de água salgada (Artemia salina), que mostra evidências de poliploidia e apresenta como meio de estabilidade a propagação por partenogênese.


A hibridação interespecífica é muito difícil, devido à anatomia, à estrutura de grupo e aos cios apresentados pelos animais. Têm sido citados como exemplo de híbridos interespecíficos a mula (jumento com égua), o pintagol (canário comum com belga), entre outros.




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