ALELOS MÚLTIPLOS

 

·        Produção: Laboratório de Bioinformática

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Tópicos

Conceito

Série em Coelhos

Grupo Sangüíneo ABO

Fator Rh

Grupo Sangüíneo MN

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CONCEITO


Alelos são formas alternativas de um mesmo gene e que, conseqüentemente ocupam mesmo loco em cromossomos homólogos. Os efeitos genéticos desses alelos dependem de suas relações de dominância. Eles  têm origem nas mutações, que são capazes de causar alterações estruturais nos genes de  forma que seja possível ocorrer mais de um par de alelos para um determinado gene.

 
Alelos múltiplos referem-se a uma série, constituída de três ou mais alelos, pertencentes a um mesmo gene e que ocorrem dois a dois em um organismo diplóide. Nas células somáticas de um indivíduo diplóide podem existir dois alelos diferentes de  determinada série, enquanto  no gameta existe apenas um.


Assim, numa série constituída de 8 alelos, existiriam na célula somática e gamética de um hexaplóide, 6 e 3 alelos, respectivamente, e na de um tetraplóide, 4 e 2, respectivamente.

 

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SÉRIE EM COELHOS

Um exemplo clássico de alelos múltiplos foi descoberto há muitos anos em coelhos. São conhecidos vários tipos de pelagem, condicionados por uma série constituída por 4 alelos. As classes genotípicas e fenotípicas são descritas a seguir:

Genótipos

Fenotipos

CC Cc1 Cc2 Cc3

Colorido

c1c1 c1c2 c1c3

Cinza (mistura de preto e branco)

c2c2 c2c3

Himalaio (branco com extremidades escuras, como orelha, focinho, pata)

c3c3

Albino

Nesta série é observada a seguinte relação de dominância C > c1 > c2 > c3. Verifica-se também a ocorrência de a(a+1)/2 =10 diferentes genótipos na população.


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GRUPO SANGÜÍNEO ABO

Há muito tempo havia preocupações a respeito do sucesso da transfusão de sangue em certas pessoas. Em 1900-1901, K. Landesteiner observou que, quando o sangue de certas pessoas era misturado, ocorria no sangue do doador a reação de aglutinação. Foi formulada a hipótese de que deveriam existir vários tipos de antígenos, sendo uns compatíveis e outros não.

Posteriormente foi comprovada a hipótese de Landesteiner; ou seja, foram descobertos dois tipos de antígenos e dois tipos de anticorpos. Testes na população humana permitiram classificá-la nos diferentes grupos sangüíneos:

Grupo Sangüíneo

Antígeno A

Antígeno B

Anticorpo A

Anticorpo B

A

P

-

-

P

B

-

P

P

-

AB

P

P

-

-

O

-

-

P

P

P = presente e  - = ausente


Os antígenos são transportados pelos glóbulos vermelhos, e os anticorpos existem no soro ou plasma. Com a descoberta desses vários grupos sangüíneos, pode-se concluir sobre  dois tipos de informações.


Informação médica - transfusões


Refere-se a conhecimentos sobre a compatibilidade em transfusões de sangue. Na transfusão, devem-se considerar os aspectos: a diluição do soro recebido e a circulação ativa do paciente. Assim, nas transfusões deve-se preocupar com a existência de anticorpos no receptor, pois os anticorpos do doador, em geral, têm seu efeito atenuado em razão da diluição e da circulação ativa do sangue do paciente. As seguintes transfusões de sangue são possíveis, além da doação dentro do mesmo grupo:

Doador

Receptor A

Receptor B

Receptor AB

Receptor O

A

Sim

Não

Sim

Não

B

Não

Sim

Sim

Não

AB

Não

Não

Sim

Não

O

Sim

Sim

Sim

Sim

Constata-se que o grupo sangüíneo O, por doar sangue para os demais grupos sem reação de incompatibilidade, é denominado doador universal e o AB, por receber sangue dos demais grupos, é denominado receptor universal.


Informação genética

 
A herança do grupo sangüíneo ABO pode ser explicada através de uma série de três alelos, em que o alelo IA é responsável pela presença do antígeno A e anticorpo B, o alelo IB é responsável pela presença do antígeno B e anticorpo A e o alelo i é responsável pela ausência dos dois antígenos e presença dos dois tipos de anticorpos. Dessa forma, tem-se o seguinte quadro de genótipos e fenótipos.

Grupos Sangüíneos

Genótipos

A

IAIA IAi

B

IBIB IBi

AB

IAIB

O

Ii


Trata-se de uma série de alelos múltiplos, pois estão envolvidos três alelos. Entre esses alelos há relação de dominância completa (entre IA e i e entre IB e i) e de codominância (entre IA e IB).


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FATOR Rh


Descoberta

O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landesteiner e A.S. Wiene, em experimentos realizados com coelhos e macacos. Nos experimentos, foi injetado sangue de um macaco do gênero Rhesus em cobaias, em que  se obteve como resposta a formação de anticorpos capazes de aglutinar as hemácias provenientes do macaco.


Herança do fator Rh na população humana

 
Uma vez extraídos os anticorpos das cobaias, eles foram testados na população humana. Nesses testes, foi verificado que parte da população humana apresentava reação de aglutinação, enquanto que outra parte mostrava-se insensível. Os indivíduos que apresentavam reação de aglutinação com anticorpos foram denominados pertencentes ao grupo Rh+, os demais, que não apresentavam aglutinação, pertenciam ao grupo Rh-.

Em estudos genéticos ficou comprovado que a herança do fator Rh é monogênica, sendo a presença do antígeno Rh condicionada a um alelo dominante (R) e a ausência, pelo alelo recessivo (r). O anti-Rh não ocorre naturalmente na população humana.

Grupo

Genótipo

Antígeno Rh

Anti-Rh

RH+

RR ou Rr

Presente

Ausente

RH-

rr

Ausente

Ausente (*)

(*) Presente após ser sensibilizado em uma transfusão em que o sangue recebido é de RH+.

 

Doações

O anti-Rh não está presente naturalmente no sangue humano, mas pode ser induzido na presença do antígeno Rh (fator Rh). As seguintes doações são possíveis:

RH- pode doar para RH+ e para RH-

RH+ pode doar para RH+ e Rh-.

No último caso, apenas quando o Rh- não conta com anti-Rh.


A transfusão de sangue do doador Rh+ para o receptor Rh- não terá problemas na primeira vez, pois, após a doação, o receptor terá apenas anticorpos, uma vez que as hemáceas serão substituídas. Em transfusões posteriores, os anti-Rh existentes por indução provocarão  reação contrária ao fator Rh estranho, com resultados clínicos bastante sérios.




Doença Hemolítica do Recém-Nascido (Dhr) - Eritroblastose Fetal


O problema genético

Mulheres Rh- (rr) que se casam com homens Rh+ (RR ou Rr) podem dar origem a crianças Rh+. Como existe a possibilidade de o sangue materno ser transferido para o feto, em razão de um defeito na placenta ou hemorragias durante a gestação e o parto, há possibilidades de se formar, no organismo materno, o anti-Rh.


As crianças de partos subseqüentes do grupo Rh+ podem apresentar sérios problemas. Os anticorpos, produzidos na gestação anterior, poderão atingir o sangue do feto e provocar a destruição de suas hemácias.

 

Primeira Gestação

Segunda gestão com a mãe já sensibilizada

Destruição das hemácias do feto

Eritroblastose fetal

 

 

Problemas apresentados pelas crianças com DHR

Os seguintes problemas podem ocorrer: morte intrauterina, morte logo após parto, anemia grave, deficiência auditiva  ou deficientes mentais, icterícia (coloração amarela anormal causada pelo  derrame da bílis no corpo e no sangue, devido às bilirrubinas) e insuficiência hepática.




Controle e amenização de risco da DHR


Há algumas alternativas para contornar ou amenizar o problema decorrente do risco da eritroblastose fetal. Algumas delas encontram-se listadas a seguir:


a) O médico pode conhecer a gravidade da situação antes de a criança nascer. Os testes de amostras do líquido amniótico, extraídos com agulhas, podem indicar se o feto vai bem ou mal. Se o perigo for grande recomenda-se a cesariana, o aborto ou a transfusão de sangue logo após o parto. No último caso, a criança deve receber sangue Rh-, que posteriormente seria  substituído pelo Rh+ original.


b) Utilizar anticorpos incompletos. Esse tipo de anticorpo não aglutina os glóbulos vermelhos do sangue Rh+. Em vez disso, os anticorpos anexam-se aos antígenos receptores, nas suas superfícies, e os revestem. Estes anticorpos incompletos podem ser injetados numa mãe Rh- imediatamente após o parto. Tais anticorpos  são destruídos dentro de poucos meses e não apresentam qualquer perigo para a mãe ou suas gerações posteriores.

 

c) O risco será menor se o homem apresentar genótipo heterozigoto. No Brasil, uma mulher Rh- corre muito risco, pois a freqüência de indivíduos Rh+ é de 87%.

d) Outro fator que diminui o risco do DHR é o fato de que certas mulheres não produzem anticorpos, mesmo sendo induzidas. Além disso, a penetração do sangue através da placenta até a circulação materna não ocorre com freqüência, sendo  a indução, em geral,  por acidente.

e) Há de se considerar ainda o efeito protetor do sistema ABO. A mãe Rh- do grupo O, tendo um filho Rh+ do grupo A, não será induzida a produzir anti-Rh, pois seu anti-A destruirá as hemácias do doador (feto) antes da indução. Nos casos em que a mãe é do grupo Rh+ e o filho é Rh-, não há problemas para a mãe, pois a produção de anticorpos pela criança só se inicia cerca de 6 meses após seu nascimento.


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GRUPO SANGÜÍNEO MN


Em 1927, Landesteiner e Levine descobriram outro grupo de antígeno nos glóbulos vermelhos no sangue. Esses antígenos foram denominados  M e N. Grupos da população humana são classificados em M, N ou MN, de acordo com o antígeno que têm M, N ou ambos, respectivamente.

A razão da pouca importância desses tipos de antígenos M e N na transfusão de sangue é pelo fato destes antígenos serem fracos e incapazes de induzir a formação de anticorpos no organismo humano. Os anticorpos utilizados nos testes são obtidos em cobaias.

Genótipos

Antígeno M

Antígeno N

Fenótipos

LM LM

Presente

Ausente

M

LM LN

Presente

Presente

MN

LN LN

Ausente

Ausente

N



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