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Produção: Laboratório de Bioinformática
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Aplicativo suporte: Programa GBOL – Genética Básica on
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Comunidade (facebook): GbolNews
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Tópicos
Conceito
Origem
Agentes Mutagênicos
Aspectos Gerais
Mutações e o Melhoramento
Taxa de Mutação
CONCEITO
Mutações gênicas são mudanças repentinas que ocorrem nos genes, ou seja, é o
processo pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural. As mutações
distinguem-se das aberrações por serem alterações em nível de ponto, envolvendo
a eliminação ou substituição de um ou poucos nucleotídeos da fita de DNA.
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ORIGEM
Adição ou subtração de bases
A adição
ou subtração de bases altera o código genético, definido pela seqüência de três bases adjacentes no mRNA e, conseqüentemente,
poderá alterar o tipo de aminoácido incluído na cadeia protéica;
em última analise, poderá alterar a expressão fenotípica.
Substituição de bases
A
substituição de uma purina (adenina e guanina) por outra purina, ou de uma
pirimidina (citosina e timina) por outra pirimidina é denominada transição. A
substituição de uma purina por uma pirimidina, ou vice-versa é denominada de transversão.
Exemplo: Fita 1 original e fita 2 mutante:
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AGENTES MUTAGÊNICOS
Os agentes mutagênicos são de natureza química ou física. A seguir são
descritos alguns agentes e suas ações.
Agentes Físicos
a)Temperatura
Em determinados organismos, a variação de 10 ºC pode duplicar a taxa de
mutação.
b)Radiações
b1)Ionizantes
São os raios X, alfa, beta e gama. Atuam alterando a valência química, através
da ejeção (expulsão) de elétrons. A taxa de mutação é geralmente proporcional à
dosagem de irradiação (principalmente no caso de raio X).
Esta regra se aplica à quantidade de danos, mas não à qualidade deles. Uma
única mutação poderá ser de importância vital para o organismo.
No homem, quando a dosagem é inferior à 50 mR (miliroentgens) não se percebe
qualquer lesão imediata, embora alguns efeitos nocivos ocultos possam ocorrer como
a indução de leucemia e redução do tempo de vida.
b2)Excitantes
São os raios que atuam aumentando o nível de energia do átomo, tornando-os
menos estáveis. O exemplo típico é o ultravioleta que provoca dímeros de timina
através de ligações covalentes. Os raios ultravioleta
não penetram tão bem quanto os raios X, mas são prontamente absorvidos por
alguns pontos específicos do indivíduo.
Agentes Químicos
Existem
várias substâncias químicas com efeito mutagênico, dentre elas pode-se citar o
HNO2, o hidroxilamina e a cafeína. O ácido nitroso e a hidroxilamina
(NH4)OH atuam provocando substituição de
bases.
A
cafeína, por exemplo, é um derivado da purina; várias purinas foram indicadas
como substâncias que causam quebras nos cromossomos de plantas e bactérias. Por
esse motivo, sempre houve grande interesse pela cafeína, por causa da grande
quantidade que o homem civilizado ingere por meio do chá ou café.
Em
experimentos com ratos não foi encontrada nenhuma quebra de cromossomos quando
eles foram tratados com doses máximas toleráveis. Quando células humanas, em
cultura de tecido, foram expostas à solução de cafeína, foram encontradas
algumas quebras cromossômicas. Foi relatado que havia evidências de que a
cafeína tem um efeito mutagênico fraco.
Em bactérias descobriu-se que a adenosina, constituinte do ATP anulava a ação
da cafeína e de outros derivados de purinas. Ela também reduz a quantidade de
mutações espontâneas.
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ASPECTOS GERAIS
Origem de novos alelos
A mutação proporciona o aparecimento de novas formas de um gene e, conseqüentemente, é responsável pela variabilidade gênica.
Entretanto, o processo de melhoramento, via mutação, não é muito usado por ser caro, trabalhoso e de resultado incerto. Em caso de
necessidade, é mais fácil fazer uso da variabilidade genotípica obtida pelos
processos meióticos do que tentar gerar variabilidade gênica.
Podem ser reversíveis
As mutações podem se reverter, mas a mutação nos dois sentidos não ocorre com a
mesma taxa. A reversão requer uma mudança especifica, mas a mudança original
pode ocorrer em qualquer um dos nucleotídeos da estrutura do gene. Em mutações
espontâneas tem sido verificado que u (taxa de mutação) é aproximadamente 10
vezes superior a v (taxa de retromutação).
Mutações espontâneas vs induzidas
As mutações serão ditas espontâneas quando as causas que deram origem à alteração no DNA são desconhecidas. Quando se conhece a causa, diz-se que a mutação foi induzida. Em geral, as mutações espontâneas ocorrem em proporção de 1/106 a 1/105. Por meio da indução pode-se aumentar a freqüência da mutação, mas, de maneira geral, não se pode orientá-la no sentido desejado.
Exemplo de uma
mutação espontânea vantajosa é o cultivar de soja Viçoja
mutante originado de plantações de soja. Nessas plantações surgiu uma planta
mais alta, tardia e que não segregou, dando origem, posteriormente, ao cultivar
UFV - 1.
Podem
ser recorrentes
Como as mutações se repetem tanto no tempo como no espaço, podemos associá-las
a determinadas taxas, e deduzirmos teoricamente o seu efeito como agente de
alterações da freqüência gênica de uma população.
Podem ser hereditárias
A mutação será
hereditária quando atingir uma estrutura gamética ou qualquer órgão que venha
contribuir para a formação da geração descendente. Uma mutação somática poderá
ser transmitida de geração a geração, quando a espécie contar com algum processo que permita
a multiplicação da mutação na área somática. Esse fato é freqüente
quando a espécie conta com qualquer processo de propagação vegetativa.
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MUTAÇÕES E O MELHORAMENTO
O processo evolutivo consiste basicamente em concentrar em uma população
indivíduos com maior freqüência de genes favoráveis.
Um organismo evoluído é resultante de um processo de seleção, no qual as
mutações que lhe eram vantajosas foram preservadas. Portanto, para esses
indivíduos é pouco provável que alterações aleatórias nos genes possam
contribuir para melhorias, uma vez que o organismo já se encontra em estágio
avançado de seleção. Assim, de maneira geral, considera-se que a maioria das
mutações é prejudicial.
A mutação é responsável pela variabilidade gênica e, por extensão, pela
variabilidade genotípica. Ela fornece a matéria prima para o processo evolutivo
e, em algumas situações, é fundamental para o melhoramento, cujo sucesso
depende da existência de variabilidade. Entretanto, os organismos mais evoluídos
apresentam grande diversidade de germoplasma
(conjunto de DNA), que, associado ao processo meiótico, tem fornecido materiais
adequados às exigências dos programas de melhoramento.
O uso de agentes
mutagênicos é caro, trabalhoso e de resultado incerto. Seu uso tem se
justificado quando não mais existe variabilidade no germoplasma.
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TAXA DE MUTAÇÃO
Pode-se calcular a taxa de mutação dos alelos para os diversos caracteres
avaliando cruzamentos específicos. Como ilustração, será considerado o estudo
da taxa de mutação do alelo a para A, que controla a cor da flor em uma espécie
vegetal. Nessa espécie, a condição A_ determina as flores
vermelhas e aa as flores brancas.
Cruzamento entre
plantas de flores brancas, considerando a ocorrência de mutação de a para A
igual a u, produzem descendentes com a seguinte freqüência
genotípica e fenotípica:
Brancas (aa) x Brancas (aa)
Gametas |
A (u) |
a (1-u) |
A (u) |
AA
u² |
Aa u(1-u) |
a (1-u) |
Aa u(1-u) |
aa (1-u)² |
Dessa forma, espera-se
encontrar a seguinte relação fenotípica:
Fenótipos |
Freqüências |
Vermelhas |
u²+2u(1-u)
|
Brancas |
(1-u)² |
Como ilustração, será considerado um experimento em que foi avaliada a
descendência do cruzamento entre plantas de flores brancas. Foram observadas
498 plantas de flores brancas e duas de flores vermelhas. Admitindo-se que as
plantas de flores vermelhas são mutantes, pode-se afirmar que:
f(Observado de plantas de flores brancas) = 498/500
f(Esperado de
plantas de flores brancas) = (1 - u)²
Considera-se que:
(1-u)² = 498/500
Obtém-se:
u = 1/500
ILUSTRAÇÃO (Gbol)