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Produção: Laboratório de Bioinformática
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Aplicativo suporte: Programa GBOL – Genética Básica on
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Comunidade (facebook): GbolNews
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CONCEITO
Refere-se ao cruzamento de um descendente com qualquer um de seus genitores. O
termo genitor pode ser entendido no sentido restrito, se referindo àqueles
indivíduos que de fato contribuíram, por intermédio de seus gametas, para a
formação do descendente ou no sentindo amplo, se referindo a indivíduos
representativos da variedade, da raça ou do tipo dos genitores estudados. Neste
último caso, retrocruzamento não é, necessariamente, um tipo de cruzamento endogâmico (ou consangüíneo).
Retrocruzamento tem sido reconhecido como um
importante método de melhoramento, utilizado para a obtenção de materiais
genéticos superiores, obtidos pela transferência de um ou poucos genes, de uma
fonte não-recorrente.
ILUSTRAÇÃO
Como ilustração, é considerada uma variedade (C) geneticamente superior,
utilizada por agricultores, pelos seus excelentes atributos. Entretanto, essa
variedade poderá vir a apresentar limitações de cultivo devido ao genótipo hh, que confere a suscetibilidade a certa doença, que até
então não ocorria na região. Será admitido que se dispõe
de fonte de resistência em uma variedade não-comercial (S), de genótipo HH.
Pretende-se, neste caso, obter o material genético idêntico ao C original,
porém com o gene de resistência H. Para isso, realiza-se o cruzamento inicial:
Cruzamento original: C (hh)
x S (HH)
F1: Hh
A F1, por ser um híbrido, reúne, em probabilidade, ½ das características
desejáveis da variedade C, mas concentra a outra ½ de características da
variedade S. Para eliminar
as características indesejáveis de S, realiza-se o retrocruzamento envolvendo o
genitor recorrente C, tendo-se:
Retrocruzamento 1: F1 (Hh) x C (hh)
Descendência RC1: Hh e hh.
Indivíduos hh são indesejáveis e, portanto,
eliminados.
A similaridade da RC1 com o material C é agora, em probabilidade, igual a 75%.
Esse valor é obtido considerando-se que cada descendente herda metade dos
atributos genéticos de cada genitor. Assim, considera-se:
RC1 = ½ [C] + ½ [F1]
Sendo
[C]: informação genética atribuída ao genitor C;
[F1]: informação genética atribuída ao genitor F1. Sendo um híbrido, tem-se:
F1 = ½[C] + ½ [S]
Logo,
RC1 = ½ [C] + ½{ ½[C] + ½[S]} = ¾ [C] + ¼ [S]
Retrocruzamento 2: RC1 (Hh) x C (hh)
Descendência RC2 : Hh e hh. Indivíduos hh são
indesejáveis e, portanto, eliminados.
A similaridade da RC2 com o material C é, em probabilidade, igual a 87,5%. Esse
valor é obtido de forma análoga:
RC2 = ½ [C] + ½ [RC1]
Logo,
RC2 = ½ [C] + ½{ ¾ [C] + ¼ [S]} = 7/8 [C] + 1/8 [S]
Conclui-se que, a cada geração de retrocruzamento, a
contribuição do genitor não-recorrente (S) reduz-se à
metade.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
De maneira geral, pode-se afirmar:
a) A freqüência de
indivíduos resistentes e suscetíveis na n-ésima
geração de retrocruzamento é de 50 % (1/2 Aa e ½ aa);
b) A similaridade dos indivíduos da n-ésima geração
com o genitor não-recorrente (S, no exemplo) será:
Similaridade com genitor não-recorrente
: (1/2)(n+1)
c) A similaridade dos indivíduos da n-ésima
geração com o genitor recorrente (C, no exemplo) será:
Similaridade com genitor recorrente
: 1 - [(1/2)(n+1)]
d) Deve ser ressaltado que após cinco a sete gerações de retrocruzamentos,
tem-se material genético com praticamente todas as características da variedade
original C. Entretanto, o genótipo é ainda heterozigoto. Torna-se, portanto,
necessário o intercruzamento (ou autofecundação) entre os indivíduos Hh, de
forma que se obtenha na descendência indivíduos C HH.
Ilustação: