RETROCRUZAMENTOS

 

·        Produção: Laboratório de Bioinformática

·        Aplicativo suporte: Programa GBOL – Genética Básica on line

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CONCEITO


Refere-se ao cruzamento de um descendente com qualquer um de seus genitores. O termo genitor pode ser entendido no sentido restrito, se referindo àqueles indivíduos que de fato contribuíram, por intermédio de seus gametas, para a formação do descendente ou no sentindo amplo, se referindo a indivíduos representativos da variedade, da raça ou do tipo dos genitores estudados. Neste último caso, retrocruzamento não é, necessariamente, um tipo de cruzamento endogâmico (ou consangüíneo).

Retrocruzamento tem sido reconhecido como um importante método de melhoramento, utilizado para a obtenção de materiais genéticos superiores, obtidos pela transferência de um ou poucos genes, de uma fonte não-recorrente.


ILUSTRAÇÃO


Como ilustração, é considerada uma variedade (C) geneticamente superior, utilizada por agricultores, pelos seus excelentes atributos. Entretanto, essa variedade poderá vir a apresentar limitações de cultivo devido ao genótipo hh, que confere a suscetibilidade a certa doença, que até então não ocorria na região. Será admitido que se dispõe de fonte de resistência em uma variedade não-comercial (S), de genótipo HH. Pretende-se, neste caso, obter o material genético idêntico ao C original, porém com o gene de resistência H. Para isso, realiza-se o cruzamento inicial:

Cruzamento original: C (hh) x S (HH)

F1: Hh


A F1, por ser um híbrido, reúne, em probabilidade, ½ das características desejáveis da variedade C, mas concentra a outra ½ de características da variedade S. Para  eliminar as características indesejáveis de S, realiza-se o retrocruzamento envolvendo o genitor recorrente C, tendo-se:

Retrocruzamento 1: F1 (Hh) x C (hh)



Descendência RC1: Hh e hh. Indivíduos hh são indesejáveis e, portanto, eliminados.



A similaridade da RC1 com o material C é agora, em probabilidade, igual a 75%. Esse valor é obtido considerando-se que cada descendente herda metade dos atributos genéticos de cada genitor. Assim, considera-se:

RC1 = ½ [C] + ½ [F1]

Sendo

[C]: informação genética atribuída ao genitor C;


[F1]: informação genética atribuída ao genitor F1. Sendo um híbrido, tem-se:



F1 = ½[C] + ½ [S]

Logo,

RC1 = ½ [C] + ½{ ½[C] + ½[S]} = ¾ [C] + ¼ [S]


Retrocruzamento 2: RC1 (Hh) x C (hh)



Descendência RC2 : Hh e hh. Indivíduos hh são indesejáveis e, portanto, eliminados.

 

A similaridade da RC2 com o material C é, em probabilidade, igual a 87,5%. Esse valor é obtido de forma análoga:

RC2 = ½ [C] + ½ [RC1]

Logo,

RC2 = ½ [C] + ½{ ¾ [C] + ¼ [S]} = 7/8 [C] + 1/8 [S]

Conclui-se que, a cada geração de retrocruzamento, a contribuição do genitor não-recorrente (S) reduz-se à metade.


CARACTERÍSTICAS GERAIS

De maneira geral, pode-se afirmar:

a) A freqüência de indivíduos resistentes e suscetíveis na n-ésima geração de retrocruzamento é de 50 % (1/2 Aa e ½ aa);


b) A similaridade dos indivíduos da n-ésima geração com o genitor não-recorrente (S, no exemplo) será:

Similaridade com genitor não-recorrente : (1/2)(n+1)

c)       A similaridade dos indivíduos da n-ésima geração com o genitor recorrente (C, no exemplo) será:

Similaridade com genitor recorrente : 1 - [(1/2)(n+1)]


d) Deve ser ressaltado que após cinco a sete gerações de retrocruzamentos, tem-se material genético com praticamente  todas as características da variedade original C. Entretanto, o genótipo é ainda heterozigoto. Torna-se, portanto, necessário o intercruzamento (ou autofecundação) entre os indivíduos Hh, de  forma que se obtenha na descendência indivíduos C HH.

Ilustação:

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